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sábado, abril 16, 2005

A Razão do SIM

Os franceses estão muito divididos quanto à constituição europeia. Se o referendo fosse amanhã, 53% responderia Não, segundo a sondagem do L’Express.
As dúvidas da França quando à abertura da Europa não são de agora. Segundo a mesma fonte, o referendo sobre o tratado de Maastricht foi ganho apenas por dois pontos – 51% contra 49%.

Creio que se está a instalar nos povos dos países ricos a convicção de que pouco têm a ganhar com uma União Europeia influenciada pelos países pobres que são em maior número.

Para Portugal, o saldo resultante da adesão à União Europeia é positivo em diversos domínios, com destaque para a economia, a educação e a cultura. Mas o efeito mais importante passa, despercebido: A estabilidade política.

A Europa ficou aliviada com o fim do Muro de Berlim. Porém, se não existisse ali ao lado a Comunidade Europeia, os povos de leste não se sentiriam tão encorajados a desmantelar o comunismo.

Os tanques alemães já não ameaçam os Campos Elísios, mas o fim da União Europeia seria um retrocesso civilizacional de consequências imprevisíveis. Que a maioria dos Franceses acorde para essa realidade.

2 comentários:

  1. Por muito importante que seja, o "Não" à Constituição Europeia não é, com certeza, o "Não" à União Europeia e, consequentemente, o seu fim.

    Misturar as duas coisas tem sido um jogo perigoso, praticado sobretudo pelos apoiantes deste projecto constitucional.

    Pedro

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  2. É verdade que o projecto de Constituição é apenas isso: um projecto para uma Constituição para a União.
    No entanto, ao ponto a que as coisas chegaram, é um golpe muito profundo na própria União, caso um país como a França diga "Não". Sobretudo, pelo significado último que tem esse "não": a definitiva negação da necessária solidariedade que um projecto desta envergadura tem de ter. E também pela "lição" que esse resultado trará para os países mais pobres: não contem com os mais ricos senão para vos explorar ainda mais...
    Se esta for a opinião dominante dos mais ricos, então mais vale acabar já com mais esta "utopia".
    (jcm)

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