Que, à esquerda, os partidos não se entendem para fazer coligações de governo, tornou-se um lugar-comum. Porém, se para se conseguir uma coligação, o país tem de passar pelo calvário que a "coligação natural" PSD/CDS lhe está a impor, seria melhor não haver coligação...
Ainda a propósito de lugares-comuns, ouvi há dias esta pérola no programa "Opinião Publica" da SIC Notícias, que abordava a crise da "coligação natural" Portas/Passos. Cito de memória:
-"Sou fulana de tal, tenho 42 anos, tenho uma filha na universidade e sempre votei no CDS. Viva o doutor António Oliveira Salazar!"
O raciocínio da espectadora intrigou-me. Fiz umas contas e confirmei facilmente que quando a "fulana de tal" nasceu, Salazar já tinha falecido (27.07.1970).
Como já era um morto-vivo desde que caiu da cadeira no Estoril (Agosto, 1968), digamos que a memória política que a "fulana de tal" tem do doutor Salazar, só pode ser fruto duma imaginação mal fecundada....
Aqueles que sonham com Salazar, tendo nascido quando o pesadelo já tinha acabado, são parasitas da democracia.
Sintomático e muito preocupante. Alguém, certamente da classe média, que sempre votou CDS por se convencer que votava por quem a poderia ajudar a subir na vida. Alguém que ainda não percebeu que o "seu" partido está a fazer exatamente o contrário do que ela desejaria, isto é, tudo fazer para proletarizar o grupo social a que pertence. Alguém que, para além de não saber nada da história de Portugal, não consegue entender que ao seu lado há já muitos compatriotas que passam fome.
ResponderEliminarO que fazer com essa gente senão esperar que a verdade lhe entre pela porta dentro?
No entanto... No entanto, não deixa de ser interessante "analisar" a associação que a senhora faz entre o CDS e o ditador fascista.