segunda-feira, abril 28, 2008

Democracia, teoria e prática

Cavaco Silva só acordou para a política depois 25 de Abril e mantém com esta data uma relação difícil de que o silenciamento dos cravos vermelhos é apenas um sintoma.

Isso não o inibiu de aproveitar o discurso protocolar das comemorações da Revolução dos Cravos para teorizar, de cátedra, sobre o que ainda falta cumprir à nossa democracia.

Certamente que nenhum dos seus conselheiros o avisou de que pouco valeria teorizar sobre democracia quando se pactua com práticas antidemocráticas como as do cacique da Madeira a quem o Presidente da República prestou a vergonhosa vassalagem que a todos indignou.

Também se esqueceram de lhe lembrar que alguém que só se interessou pela política depois dos trinta teria pouca legitimidade para criticar o afastamento da causa pública manifestado pela juventude dos nossos dias.

Por último, last but not the least, não houve uma alma caridosa que avisasse Cavaco Silva, que enquanto primeiro-ministro e de braço dado com Santana Lopes e António Sousa Lara cometeu o acto censório sobre essa obra-prima da literatura portuguesa e mundial que é O Evangelho Segundo Jesus Cristo, de que não lhe ficava bem subir ao púlpito para dar lições de democracia...

2 Comentários:

Às 28/04/08, 23:14 , Blogger j disse...

Este comentário foi removido pelo autor.

 
Às 28/04/08, 23:17 , Blogger j disse...

Nem o "princípio de Peter" se lhe pode aplicar, infelizmente. Porque, já antes de ter sido chutado para cima, o senhor era um "avisado democrata de Boliqueime"...
PS.
Mal eu sabia que o epíteto que, na juventude, déramos a um (este sim!) verdadeiro democrata daquela terra, se aplicaria com tanta falta de rigor a esta lástima de "mais alto magistrado".
Razão tinha Mário Soares quando dele disse que era um "bom contabilista social"... Embora eu pense que o apodo sem o "social" talvez fosse mais adequado.

 

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