O meu campeonato do mundo de 1966
Passei os meses de Junho e Julho em operações na mata dos Dembos, principal maquis do MPLA no norte de Angola.
Durante esse período, em Inglaterra, realizou-se o campeonato do mundo de futebol, cujos relatos ouvíamos nos rádios de campanha. Tenho especial memória do jogo de Portugal com o Brasil. Numa pequena elevação sobranceira ao nosso acampamento, assentara arraiais um pelotão de artilharia que festejou os golos de Portugal com salvas de obus 14, uma peça igual à que a Escola Prática de Artilharia montou no Cristo Rei para pôr em sentido uma fragata da marinha, que ainda "não sabia" que era 25 de Abril...
Regressando ao campeonato do mundo, agora fala-se muito do jogo com a Coreia do Norte, esse portento do futebol que na fase de grupos perdera 3-0 com a União Soviética, empatou com o Chile (1- 1) e, não se sabe como, ganhou (1-0) à Itália.
Acho que ainda ouvi os primeira golos coreanos, mas não quis ouvir o terceiro: Para sofrimento, bastavam-me as três horas que, na véspera, tive de aguentar sob fogo cerrado numa emboscada.
Claro que gostava que Portugal tivesse ganho o campeonato. Porém, se pudesse escolher, preferia que a guerra acabasse.
Nota: Já ouvi muitas "explicações" sobre o veto de Salazar à transferência de Eusébio para o estrangeiro, mas ainda ninguém disse o óbvio.
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