sexta-feira, julho 25, 2014

Tozé da Fonte



Os caciques da província, sempre temeram as ideias da capital.
Salazar foi o expoente da exaltação idílica do “país das aldeias”, mas foi com o 25 de Abril que a água, a luz e o saneamento básico chegaram à maioria delas.
A mobilização da província contra a capital inspira-se na revolta da Maria da Fonte (1846), iniciada por “gentes do Minho” que pretendiam enterrar um cadáver dentro de uma igreja, violando as normas já então em vigor. Segundo essas iluminadas gentes, o morto ficaria “mais protegido” no chão da igreja do que no chão de cemitério…
Quando se fala na Maria da Fonte releva-se o cariz romanesco do movimento, omitindo o seu móbil retrógrado e obscurantista que empurrou o país para uma nova guerra civil - a Patuleia - só pacificada após a intervenção de tropas estrangeiras…
Outro movimento iniciado no Minho (Braga) foi o golpe de 1926, que nos impôs a ditadura até 1974…
Em contrapartida, às gentes de Lisboa deve-se a revolta de 1383-1385, que pôs no trono Dom João I em vez do rei espanhol, a revolta de 1640, que acabou com o domínio dos Filipes de Espanha e recuperámos a independência, e, last but not the least, a revolta de 25 de Abril de 1974 que nos trouxe a democracia.
Em vez de deitar foguetes em arraiais minhotos, se António José Seguro visitasse as varinas do mercado do Rato, talvez lhe tirassem da cabeça as teias de aranha a que chama “corte de iluminados de Lisboa”…


P.S. Nasci na raia de Espanha, a 450 quilómetros de Lisboa.

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