Uma doença incurável
Passados 572 anos sobre a aventura de Gil Eanes além do Bojador (1434), chegou a vez do meu amigo Patrick Blese, vizinho dos Anjos e Demónios, partir à descoberta de África.
Não sei se vai encontrar “a velha África, com seus usos e costumes em estado natural”, mas é possível que o safari atravesse uma “chana húmida polvilhada de moxitos, onde os veados e as cabras de leque se escondem dos mabecos”.
Aí sentirá “ as fragrâncias bravias libertadas pelas brumas das manhãs africanas” e à tarde poderá admirar “o sempre presente sol africano, avermelhando-se a poente”.
Talvez ouça até a “toada morna de um merengue trazida na brisa da tarde”, no andar das raparigas Masai, mas é menos provável que encontre “a alegria contida dos olhos negros das mulheres luenas”.
Mesmo que fuja das formigas quissonde e se livre de apanhar matacanhas, quando regressar virá afectado pela doença de muitos portugueses: África é uma doença incurável.
(Citações extraídas de “Bichos do Mato”)
Não sei se vai encontrar “a velha África, com seus usos e costumes em estado natural”, mas é possível que o safari atravesse uma “chana húmida polvilhada de moxitos, onde os veados e as cabras de leque se escondem dos mabecos”.
Aí sentirá “ as fragrâncias bravias libertadas pelas brumas das manhãs africanas” e à tarde poderá admirar “o sempre presente sol africano, avermelhando-se a poente”.
Talvez ouça até a “toada morna de um merengue trazida na brisa da tarde”, no andar das raparigas Masai, mas é menos provável que encontre “a alegria contida dos olhos negros das mulheres luenas”.
Mesmo que fuja das formigas quissonde e se livre de apanhar matacanhas, quando regressar virá afectado pela doença de muitos portugueses: África é uma doença incurável.
(Citações extraídas de “Bichos do Mato”)
2 Comentários:
Estive em Maputo, durante perto de um mês, na pior altura da recente história de Moçambique. Foi há 21 anos. A cidade era um deserto, não porque o fosse no sentido físico da palavra, mas porque me pareceu que não seria possível aquele país algum dia sair da crise gravíssima em que então vivia.
Devido à guerra, que naquele tempo era de grande violência, vivi confinado na cidade. Ou melhor, vivi entre dois ou três lugares da cidade.
África, que sempre imaginei como tu a descreveste no teu livro (sem a guerra, claro...), não a senti sequer, naqueles tempos de chumbo.
Só anos mais tarde, quando visitei o Quénia, pude viver verdadeiramente o que já sentia sem nunca o ter vivido. Não conheci os "encantos" da "tua" Angola, mas extasiei-me com a agreste e bravia paisagem da savana do interior do país. Essa experiencia marcou-me de tal modo que ainda hoje a revivo, em momentos de alguma indisfarçável nostalgia.
Gostava de voltar um dia...
Se houver publicação do 8º volume desde já me prontifico a redigir a entrada do autor dos Bichos do Mato, que deveria ter constado do 6º volume, não fora dar-se o caso dos Bichos ainda , nessa altura, não terem conhecido a luz do sol.
Abraço,
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