quarta-feira, maio 24, 2006

Um problema cultural

As imagens mostram-nos insectos a passear pelas travessas, detritos inidentificáveis espalhados pelo chão imundo, louça amontoada em prateleiras ensebadas, alimentos armazenados em condições impróprias, enfim, um cenário de filme de horrores.

Numa operação de fiscalização das Actividades Económicas que decorreu nas cidades de Braga, Porto, Aveiro, Viseu, Leiria, Lisboa e Setúbal, foram fechados 14 restaurantes, instaurados 82 processos de contra-ordenação e dois processos crime, e foi apreendida uma tonelada de produtos alimentares que não estavam nas devidas condições para consumo. A taxa de incumprimento foi de 77%, e nem foi preciso ir ao Algarve para atingir este número. Isto é, apenas 23% dos restaurantes inspeccionados naquelas cidades funcionam dentro das normas.

A falta de higiene anda de mãos dadas com a ignorância e não é preciso fazer uma sondagem para aquilatar do baixo nível de escolaridade da generalidade dos intervenientes da industria de restauração. Alguns nem têm consciência dos crimes que cometem e são um autêntico perigo social, como aquele dono de um restaurante de Setúbal que “enquanto os inspectores selavam as arcas frigoríficas que continham alimentos mal acondicionados e conservados” teve a desfaçatez de se vitimizar com este desabafo: “É uma desilusão. Dedicamo-nos tanto a uma coisa e depois somos obrigados a abandonar os sonhos".

As estatísticas do nosso ensino deviam ser levadas mais a sério, pois a insuficiência de escolaridade é a causa principal do nosso atraso. Pode-se emagrecer o estado, cortar na despesa, privatizar, que enquanto os níveis da nossas escolaridade não se aproximarem das médias europeias os indicadores económicos também não se aproximam.

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