Um Provedor que vai a votos
Jorge Miranda, o discreto professor de Direito Constitucional que fez da Faculdade de Direito de Lisboa a sua casa, não é apenas um “cidadão respeitável”: Ele é um dos raros portugueses a quem se pode chamar com justiça “Fundador da Democracia”.
Poucos estarão tão bem preparados para o exercício do cargo de Provedor de Justiça. Escolhê-lo é (também) reconhecer a dívida que a nossa Democracia Constitucional tem para com ele.
Poucos estarão tão bem preparados para o exercício do cargo de Provedor de Justiça. Escolhê-lo é (também) reconhecer a dívida que a nossa Democracia Constitucional tem para com ele.
3 Comentários:
Completamente de acordo.JP
Precisávamos de alguém mais enérgico e com outra combatividade para ocupar este cargo.
Miranda é com certeza sério, tecnicamente capaz e alguém acima de qualquer suspeita mas , no entanto , falta-lhe o "golpe de asa" necessário para estas andanças.
Faço votos de que nunca tenham que almoçar a menos de 5 metros do candidato e muito menos se ele estiver a comer cabeça de pescada cozida.
Eu sei do que estou a falar!
PMC
Caro PMC,
Eu (o meu mais estimado professor de Português sempre ensinou que não era nada elegante começar um texto por “eu”) detesto cabeça de pescada cozida, acho-a verdadeiramente desenxabida e prefiro-lhe, de longe, uma boa cabeçorra de corvina ou de garoupa, com muito tempo e com muitos amigos, factos que talvez pareçam bastantes para estar de acordo consigo nesta coisa da nomeação dos Provedores, mas o certo é que não estou e isto pelas seguintes ordens de razão:
Primeira: PMC não explicou o que acontece no interior de uma hipotética hemiesfera com cinco metros de raio, apoiada no chão de um restaurante e em cujo centro se encontre o emérito Prof. Doutor Jorge Miranda a comer cabeça de pescada cozida.
Segunda: Com Miranda ser sério, tecnicamente capaz e alguém acima de qualquer suspeita, concordo plenamente, sendo que tenho alguma dificuldade em entender o resto, ou seja,
A) Necessitar de mais energia (Jorge Miranda é, de facto, um “trinca-espinhas” mas…) do que aquela que demonstra, quando é certo que o homem se desdobra em pareceres, escrita de livros e artigos científicos, deslocações ao estrangeiro para participação em congressos e actividades afins e ainda tem tempo para dar umas aulas.
B) Precisarmos de alguém mais combativo do que Miranda para Provedor de Justiça quando é certo que para se ser pacificamente reconhecido como “o Pai” de várias constituições políticas, incluindo a CRP de 1976, é necessário, para além de elevada competência técnica, uma boa dose de combatividade, sendo consabido que nestas questões das leis fundamentais há sempre muita gente a discordar e é preciso ser-se combativo para, impondo uma intransigente linha de coerência, impedir que o texto constitucional se converta numa manta de retalhos.
C) Faltar a Jorge Miranda “golpe de asa” para ser Provedor é opinião que também não consigo partilhar. Se por “golpe de asa” se entender uma certa capacidade para se transcender, para ir mais além, creio que são qualidades que aquele professor vem revelando há décadas. Se por aquela expressão se quiser acolher uma certa habilidade de contorcionista para levar os políticos profissionais a algumas mudanças, não creio que tal característica seja necessária ao exercício do cargo. Necessário será, isso sim, poder impor-se pela elevada estatura moral e pela indiscutível competência jurídica, características que estão bem presentes na figura daquele constitucionalista. Não creio que o Provedor deva ser uma pessoa com “jeitinho” para tratar com os políticos, alguém que conheça e faça uso de todas as fórmulas do “politicamente correcto” mas, ao invés, alguém que não precise e dê mostras de não precisar dos políticos para coisa nenhuma e que lhes saiba mandar umas “ripadas” quando entender necessário. Creio que o Prof. Doutor Jorge Miranda é menino para isso e para muito mais.
Cumprimentos.
JAKIM
P. S. – PMC, desvende lá o caso da cabeça de pescada e dos cinco metros, não se feche em copas!
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