sábado, dezembro 04, 2010

Camarate e o mito de Sá Carneiro

Quem pretender empunhar de novo o mito Sá Carneiro deve questionar-se sobre a sua adaptação aos tempos actuais. Um líder impetuoso como ele já não passaria no crivo da opinião pública como acontecia naquele tempo de imaturidade e credulidade política dos portugueses. A devassa dos seus ziguezagues de percurso fá-lo-iam cair rapidamente por irresponsabilidade em vez de serem entendidos como liderança forte. O oportunismo político de Sá Carneiro cairia por terra face a uma imprensa que já não se fascina com fogos-fátuos como os dele. O eleitor não lhe daria o voto face a renúncias constantes aos cargos para que fora eleito. Não aceitaria que andasse a brincar ao tiro ao alvo, com os sobrinhos, com uma pistola reservada para a segurança pessoal. Nem que tivesse acidentes de carro por se achar piloto de corridas ou que autorizasse aterragens de avioneta perigosas. Na melhor das hipóteses, perdoar-lhe--iam que tivesse perdido a fé católica e a paixoneta por Snu, porque tinham motivo de conversa ao fim-de-semana.”
(DN - Sá Carneiro: O cadáver político mais exumado)

1 Comentários:

Às 06/12/10, 18:05 , Anonymous fpduarte disse...

Em 4/12/1980 fui para o Porto no avião que Sá Carneiro acabou por não apanhar. Já em casa via o telejornal quando surgiu Freitas do Amaral com a triste notícia. Minha mulher e eu chorámos com o choque. Embora tivéssemos vaticinado na altura que, com o previsível fiasco de Soares Carneiro nas eleições, Sá Carneiro iria no mínimo atravessar o deserto.
Lembro-me de não ter entendido (ou aceitado) o projeto Soares Carneiro. Este, quando os jornalistas em direto lhe perguntaram que iria fazer após o trágico acidente, respondeu apenas algo como que a vida continua.

 

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