Cavaco, o inconstitucional

A protecção descarada do presidente da república a este governo leva-o a homologar de olhos fechados normas notoriamente inconstitucionais que a maioria PSD/CDS cozinha a seu bel-prazer.

A parcialidade do presidente na defesa da coligação que nos governa já não é surpresa para ninguém e o chumbo doTribunal Constitucional a uma norma onde o presidente não enxergou indícios de inconstitucionalidade, é mais uma prova disso.

Foi ele que desencadeou a crise que havia de levar esta coligação ao poder e, desde então, sempre a tratou com paninhos quentes, afrontando a constituição que jurou defender e culminando na triste figura que fez ao dar posse a uma ministra das finanças enquanto Paulo Portas se demitia irrevogavelmente, dizendo cobras e lagartos da empossada e do próprio primeiro-ministro.

Em vez de demitir o governo, como devia, Cavaco quis dar mais força aos partidos da coligação e mandou-os falar com o PS, enquanto ia anilhar umas cagarras para as Selvagens. Dias depois, com a mesma cara de pau, estava a dar posse ao "novo" governo, formado pela mesmíssima coligação...

Não foi apenas Passos Coelho que pactuou com a farsa encenada por Paulo Porta. A farsa de Cavaco Silva não lhe ficou atrás e é ainda mais perturbadora, porque se humilhou, envergonhando o cargo que ocupa para proteger uma coligação que se atraiçoa interiormente e não hesita em pôr em risco a estabilidade política para satisfazer projectos de poder pessoal.