Condenações antecipadas
Tal como no processo Casa Pia, a pressão mediática sobre o
processo Face Oculta antecipou a condenação dos réus.
O
contentamento pela condenação de todos os acusados manifestado pela
procuradora-geral da República, por coincidência, irmã do procurador
responsável pelo processo, só é compreensível se vier a manifestar-se também sobre
o resultado de outros processos, como o do BPN, submarinos, BES, e por aí fora…
Mas a onda justicialista-populista que percorre o país não se fica
pelo palácio da Procuradoria. À margem da festa do Avante, Jerónimo de Sousa
não hesitou em afirmar que “a justiça funcionou
neste caso” embora confessasse não ter lido o acórdão…
Paulo Morais, vice-presidente da associação
cívica Transparência e Integridade, personagem supostamente íntegra e
transparente, não se impressionou com a dimensão das penas aplicadas. O seu sentido de justiça só ficaria satisfeito se os condenados saíssem do tribunal diretamente para a prisão, sem atender a recursos...
É este o resultado da mediatizacao de processos sob investigação,
com fugas para os meios de comunicação do costume que condenam
antecipadamente os suspeitos. Nada têm de inocente nem de justo. A divulgação na
praça pública de escutas e outras peças processuais em segredo de justiça é um
crime que se pratica impunemente, sobretudo quando são suspeitos figuras públicas
ligadas a determinado partido político.
Tais práticas, além de minarem a confiança na investigação, violam
os direitos dos arguidos, e põem em causa o próprio estado de direito.
Enquanto isto suceder, ninguém pode ficar contente.
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