sexta-feira, agosto 18, 2017

Um verão para esquecer... ou talvez não

Incêndios como nunca se viram, seca que obriga a tirar os peixes das albufeiras para garantir a qualidade da água, declaração de calamidade pública por causa do calor, terrorismo em Barcelona, ameaças de conflito nuclear, violência na Venezuela, conflitos raciais nos Estados Unidos...
Que mais nos reservará este verão que ainda não acabou?

Por cá, parece que ninguém tem dúvidas quanto à necessidade de ordenar a floresta e protegê-la. Porém, quando se trata de avançar com as soluções para atingir aqueles objectivos, a clubite partidária impede os consensos para aprovar as respectivas leis. Os políticos que ocupam as cadeiras do parlamento gostam de atirar para o governo toda a responsabilidade do que se passa no país, mas isso é uma grandecissima trapaça.

A responsabilidade pelas leis é em primeiro lugar do parlamento. Por outro lado, as câmaras municipais não podem olhar para os incêndios do seu município como uma fatalidade. Permitir a construção de residências no meio de pinhais em que o mato cresce até a porta das casas, é um convite a tragédia.

A melhor homenagem que o país pode prestar às vítimas dos incêndios é exigir medidas que evitem a sua repetição. A oportunidade está aí. Se for aproveitada, talvez a esperança ainda não morra neste verão...

6 Comentários:

Às 18/08/17, 08:40 , Anonymous Anónimo disse...

« Permitir a construção de residências no meio de pinhais em que o mato cresce até a porta das casas, é um convite a tragédia.»

Porque não ensaia reflectir ao contrário ? É que, na maioria dos casos, as casas estavam lá antes dos pinhais. Mais : os donos dos pinhais e das casas não são os mesmos. Porquê colocar o ónus sobre os donos das casas ( ou das estradas....) e dispensar dele os donos dos povoamentos que ocupam tudo até às extremas ?
Mais : não fosse a existência de algumas residências e possivelmente os incêndios seriam ainda piores, pois quem as tem sempre faz alguma coisa ao nível da manutenção dos espaços circundantes, o que não é manifestamente o caso dos terra-tenentes florestais.

MRocha

 
Às 18/08/17, 11:27 , Blogger José Ferreira Marques disse...

Ninguém desculpou os donos dos pinhais. Se deduziu isso não era essa a intenção. Obviamente que a principal responsabilidade pela limpeza dos terrenos é dos respectivos proprietários.
Não sei se algumas casas lá estavam antes dos pinhais nem se os donos das casas não o são dos pinhais circundantes. Haverá exemplos para tudo. Obrigado pelo seu comentário.

 
Às 18/08/17, 13:08 , Anonymous Anónimo disse...

Caro F Marques,

Obrigado pela sua resposta. Não "deduzi" nada. Apenas tentei ilustrar que estas questões são muito mais complexas do que podem parecer. Em Espanha, O franquismo resolveu esta questão cortando a direito, instituindo o "cooperativismo obrigatório". Em Valência, p.e., há décadas que os proprietários não administram as suas propriedades. Isso é tarefa da "cooperativa", onde foram "persuadidos " a entrar. Cá pela terra, qualquer mera tentativa de emparcelamento é uma impossibilidade pratica. Trabalhei nos idos de 90 no projecto piloto de emparcelamento de Benaciate ( Silves). Apesar de deterem parcelas sem acessos ou onde não se podia virar um tractor, a maioria dos proprietários recusava-se perentóriamente a trocar entre si as laranjeiras plantadas pelos seus avós, mesmo quando em abstracto reconheciam a bondade do proposito.

MRocha

 
Às 18/08/17, 15:52 , Blogger José Ferreira Marques disse...

Tem razão. Por cá é tudo muito senhor do seu nariz...
Cumprimentos

 
Às 18/08/17, 19:57 , Anonymous Abrahan Chevrolett disse...

Por mim não deixaria passar senão um limitado número de imagens de incêndioS. Apesar da área ardida ser sempre uma parcela ínfima da floresta total,porquê espicaçar os tresloucados pirómanos? Aqueles a quem,de alguma maneira os incêndios aproveitam,enchem a boca com a "grande tragédia",com a estrada da morte,com os 63 mortos...é preciso topete,quando lembramos os 700 mortos anuais no trânsito,a morgue N 125 e quejandas,etc.,etc.,.

 
Às 19/08/17, 05:06 , Blogger José Ferreira Marques disse...

De acordo. A exploração da tragédia dos incêndios até à exaustão pela comunicação social, sobretudo pelas televisões, satisfaz os objectivos dos incendiários que assim veem o seu "trabalho" recompensado.
Por outro lado, o aproveitamento político-partidário dos fogos florestais é uma manifestação do populismo que afecta alguns partidos e não contribui para a formação dos consensos indispensáveis para avançar com as medidas necessárias para roteger a floresta.

 

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