segunda-feira, maio 02, 2005

Fado Novo

Interessante. É o mínimo que se pode dizer do artigo do "Le Monde", sobre a nova geração do fado.

1 Comentários:

Às 08/05/05, 18:57 , Anonymous Anónimo disse...

Não é por acaso que o jornal “Le Monde” dedicou uma página inteira aos “neo-fadistas”, como lhes chama Véronique Mortaigne. É que o fado adquiriu foros de nobreza em França. Graças a voz de Amália – a Diva, como é corrente ler-se na imprensa francesa – mas também à riqueza do seu repertório, o fado impôs-se neste país, e por esse mundo fora, como uma forma de expressão musical única.
Recordo-me que, em Portugal, nem toda a gente viu com bons olhos a guitarra – até então associada às lamúrias dos “fadistas de prisca pendente ou de faca na liga”, como os caricaturava Vilhena– passar a acompanhar a lírica de Camões, a mística de Pessoa ou a sátira de Ary dos Santos. Sacrilégio! Gritavam os bem-pensantes. Como se Piaf e, mais tarde, Montand, não cantassem Prévert, Ferrat não cantasse Aragon e mais que não sei.
O facto é que, uma vez libertado da tacanhez lamuriante que o agrilhoava, o fado não cessou mais de se enriquecer e de se elevar, graças ao contributo das sucessivas vagas de artistas pós-Amália.
Quanto à guitarra portuguesa, esse instrumento magnífico tanto tempo confinado às fronteiras do país, não será demais dizer que provocou verdadeiros delírios, em algumas salas parisienses, ao acompanhar Becaud (La Rose) pela voz de Amália, Jacques Brel (Ne Me Quite Pas) pela voz de Carlos do Carmo, Leo Ferré, anarquista convicto com um coração deste tamanho, (Avec le Temps) pela voz de Cristina Branco e quantos mais. “Un vrai bonheur’’!

 

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