Um Papa à janela da história
Quando, há dois dias, o Papa acenou aos que se concentravam na Praça de S. Pedro e lhe chegaram o microfone, houve quem esperasse um milagre. Afinal tinha recuperado, pensaram os mais crentes.
Porém, depressa se percebeu que a fala não acompanhava o gesto e retiraram-lhe atabalhoadamente o microfone.
À hora em que escrevo este texto, a televisão diz que o Papa perdeu a consciência. Um Papa sem consciência já não é Papa.
É cedo para se saber se o pontificado de João Paulo II encerra o ciclo de transição iniciado por João XXIII, cujo mérito maior foi fazer esquecer o cinzentismo de Pio XII, ou é o começo de um novo ciclo. De qualquer modo iremos ouvir muitas vezes a expressão de que “depois do João Paulo II nada será como dantes”. Veremos.
Se já ninguém espera que o futuro Papa se feche nos claustros do Vaticano, por todo o lado se exige que a intervenção da Igreja Católica e do Papa se faça sentir mais eficazmente no desenvolvimento civilizacional dos povos, não se podendo confinar ao mediatismo das viagens pontifícias e das cerimónias de Roma, onde os bem vestidos se acotovelam.
Por cá, salvo raríssimas e incomodativas excepções, a Igreja continua adormecida à sombra da azinheira de Fátima. Segundo as suas estatísticas, a assistência aos actos litúrgicos diminui, e mais de quarenta por cento dos que frequentam as igrejas tem mais de 55 anos. Se falarmos da crise das vocações sacerdotais, os números são de alarme e aqui também se nota a imigração. Quem ainda duvida do crescente desfasamento da Igreja Portuguesa relativamente aos reais problemas da sociedade que explique estes dados.
Porém, depressa se percebeu que a fala não acompanhava o gesto e retiraram-lhe atabalhoadamente o microfone.
À hora em que escrevo este texto, a televisão diz que o Papa perdeu a consciência. Um Papa sem consciência já não é Papa.
É cedo para se saber se o pontificado de João Paulo II encerra o ciclo de transição iniciado por João XXIII, cujo mérito maior foi fazer esquecer o cinzentismo de Pio XII, ou é o começo de um novo ciclo. De qualquer modo iremos ouvir muitas vezes a expressão de que “depois do João Paulo II nada será como dantes”. Veremos.
Se já ninguém espera que o futuro Papa se feche nos claustros do Vaticano, por todo o lado se exige que a intervenção da Igreja Católica e do Papa se faça sentir mais eficazmente no desenvolvimento civilizacional dos povos, não se podendo confinar ao mediatismo das viagens pontifícias e das cerimónias de Roma, onde os bem vestidos se acotovelam.
Por cá, salvo raríssimas e incomodativas excepções, a Igreja continua adormecida à sombra da azinheira de Fátima. Segundo as suas estatísticas, a assistência aos actos litúrgicos diminui, e mais de quarenta por cento dos que frequentam as igrejas tem mais de 55 anos. Se falarmos da crise das vocações sacerdotais, os números são de alarme e aqui também se nota a imigração. Quem ainda duvida do crescente desfasamento da Igreja Portuguesa relativamente aos reais problemas da sociedade que explique estes dados.
2 Comentários:
Tão longe vão os tempos de Pio XII! Lembras-te? Após a sua morte, alguns agoirentos, retrógrados e assustados "ministros" diziam que o sucessor João XXIII seria um papa velhinho, de transição para um mundo novo, acabado de sair da guerra, enfrentando novas ameaças.
Papa de transição??? E foi... Para uma mudança tão radical que, ainda hoje, muitos não conseguiram digerir.
Hoje, o mundo está a caminhar, de forma ainda mais acelerada, para uma situação totalmente nova e ainda muito dificil de prever. As alterações sociais, políticas, económicas, de relações de trabalho, de divisão do trabalho são tão profundas que se torna necessário, também na Igreja, um estado de espírito de enorme abertura e de profunda inteligência.
Mais um papa de transição?
Tavez... Mas do que o mundo precisa é de um novo João XXIII e não de alguém que faça a Igreja marcar passo.
Veremos...
O que não há dúvida é que a herança deste papa, vindo de um obscuro país tão massacrado e sacrificado, é enorme e de importãncia capital. No que teve de altamente positivo (abertura ao mundo), ou de menos positivo(inadequação entre o verbo e a realidade...).
O ecumenismo, a posição frontal contra a guerra e o unilateralismo, o reconhecimento de muitos erros do passado não vão deixar margem de manobra ao sucessor.
Infelizmente, por cá alguma frontalidade é precisa. E seria bom que as poucas vozes que incomodam fossem, no futuro, as muitas vozes que contribuissem decisivamente para o necessário despertar.
Enfim, que fossem mais uma voz que, como a tua, pudessem ter, como inimigo de estimação, o obscurantismo...
(Estarei eu a sonhar?!...)
(jcm)
Ámen.
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial