domingo, setembro 04, 2005

Um furacão ideológico

As consequências do tsunami do sudeste asiático, em Dezembro último, foram encaradas como uma tragédia natural e a solidariedade com as vítimas e os governos dos países atingidos foi geral.

Porém, a avaliação que se faz das consequências do furacão Katrina vão muito para além disso. Parece que o mundo se surpreendeu por os Estados Unidos serem vulneráveis a fenómenos da natureza, como qualquer país irrelevante. Para muitos ocidentais, mesmo para os que por diletantismo cultivam o anti-americanismo, esta realidade é inaceitável pois põe a nu a fragilidade do escudo americano que julgavam protegê-los.

Como os povos da Idade Média, donde em rigor nunca saíram, os fundamentalistas consideram o Katrina um castigo de Deus, mas, na verdade, não foi ele que decidiu construir uma cidade abaixo do nível do mar, protegida por diques pouco fiáveis que há muito careciam de reforço.

Também não é responsável pela especulação imobiliária que tomou conta dos pântanos que rodeavam New Orleans, encerrando-a num caixão de betão.

As críticas vão ao ponto de responsabilizar pelas consequências do furacão os que, desde Regan, até ao seu herdeiro ideológico actualmente na Casa Branca, têm sido defensores do “Estado Mínimo”, desinvestindo, ao longo dos anos, em infra-estruturas e em serviços públicos.

Não chegaremos tão longe, mas, pelo meio, andará a virtude.

2 Comentários:

Às 06/09/05, 10:07 , Blogger j disse...

A este respeito, gostaria de fazer alguns comentários aos almocreves, que arrastam a "inovação" do "estado mínimo" no burrico, velho e cansado, das ideias já podres que eles julgam inovadoras.
Porém, não é hoje o dia indicado, para não ter que ofender nenhum desses inúteis recoveiros...
(jcm)

 
Às 07/09/05, 11:23 , Blogger j disse...

Hoje mesmo, um certo blog, onde não me atrevo a fazer qualquer comentário, traz uma fotografia, com pessoas (???) miseráveis, encimada com o título "Socialismo"...
E o curioso é que ele tem razão!!!
Desde que permita a sugestão de publicar, aí também, os milhões de fotografias que, nestes dias, têm trazido tanta angústia e algum desespero a tantos analfabetos...
Quero acreditar que ainda não chegámos à cegueira total que nos impeça de ver que o mundo, tal como se encontra, precisa de uma total e completa varridela.

 

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