Os olhos da história
As reacções ao texto de Eduardo Lourenço (O tempo de Mário Soares) que também aqui reproduzimos, fizeram ribombar os tambores da nova direita que se auto-considera intelectual e liberal.
A vertente intelectual não se alcança no carreirismo das sebentas, como se viu, e, quanto ao liberalismo, a direita portuguesa nunca enjeitou a teta do orçamento, quer antes quer depois do 25 de Abril .
Nesta nova direita há gente que já nasceu depois do 25 de Abril e, por isso, era de esperar que fosse arejada e dispensasse o obscurantismo como arma política. Mas, como bem analisou recentemente Vasco Pulido Valente, a referência ideológica da direita portuguesa continua a ser Salazar, o que lhe confere um inequívoco certificado de origem. É por isso que o obscurantismo continua a fazer escola nas elites da direita, mesmo que a censura tenha acabado na manhã do 25 de Abril. (Terá isto alguma coisa a ver com escutas telefónicas?)
Mas o que distingue esta nova direita dos velhos sobreviventes do marcelismo é a desfaçatez com que contesta a história. Para eles Mário Soares nunca foi um homem de coragem e muito menos um grande político. O que o move é a vaidade e a soberba.
É claro que ninguém vai preso por dizer disparates, mas não é menos verdade que nenhum destes rapazes enfrentou a prisão política, ou lutou por causas mais arriscadas do que a do não pagamento de propinas.
Porém mesmo não tendo respeito por Mário Soares, era de esperar que respeitassem a verdade histórica, pois independentemente das conjunturas e resultados eleitorais, a sua dimensão há muito que ultrapassou fronteiras e fugiu ao controlo dos manipuladores da história.
1 Comentários:
Pois é, meu caro Amigo!
É mesmo por isso, que esses avatares dos antigos tempos odeiam Mário Soares e outros lutadores antifascistas. É mesmo pelo facto de serem, ainda hoje, fascistas. Assim, sem tirar nem pôr. É preciso não ter vergonha ou receio de chamar os bois pelos nomes. Eles existem e aí estão, armados em democratas, com a ousadia de tratarem sem respeito aqueles que lhes deram o direito de vomitarem as mais abjectas asneiras.
É preciso, no mínimo, tratá-los como merecem. Isto é, denunciá-los como bandalhos que são.
Levantar-se-ão, clamando que lhes nego o direito de exprimirem a sua opinião. Não lhes nego a legitimidade de opinarem. Nego-lhes a possibilidade de tentarem reescrever a História e a desfaçatez com que o fazem.
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