quarta-feira, outubro 18, 2017

As ameaças de Marcelo

Já se sabia: afastado Passos Coelho da liderança do PSD, Marcelo Rebelo de Sousa não resistiu a interferir na sua substituição e convidou Santana Lopes para almoçar, uma iniciativa que beneficiou este candidato a presidente do PSD, esquecendo outros. Atendendo ao cargo que ocupa, a interferência do presidente nas eleições do seu partido não lhe fica nada bem, mas a invasão das competências de outros órgãos de soberania é muito pior.

Até ontem tinha evitado comprometer-se com a estratégia da direita para atacar o governo usando os incêndios como argumento, mas finalmente deixou cair a máscara que tão bons frutos lhe tem granjeado e veio  incentivar a apresentação de moções de censura no parlamento, brandindo a ameaça da dissolução da Assembleia da República. 
E, no entanto,   entre as ameaças não se lembrou de referir que foram ateados 522 (quinhentos e vinte e dois) fogos florestais numa única noite... Faça as contas, presidente, pois não há bombeiros que cheguem para tanto fogo.

A um presidente da República não compete mandar recados ao parlamento nem remodelar o governo. Compete-lhe nomear o primeiro-ministro designado pela Assembleia da República. 
Um presidente da república que questiona o apoio do parlamento ao governo, põe em causa a constituição, o que num professor de Direito Constitucional é crime agravado.    

Os fogos florestais foram uma tragédia para o país. Usá-los para criar uma crise política em favor dos partidos de direita não ajuda as vítimas e vai atrasar a necessária recuperação das áreas afectadas, das empresas e dos postos de trabalho perdidos. 
Infelizmente no próximo  ano vai haver mais incêndios. Basta olhar para a nossa floresta a norte do Tejo para concluir que, fatalmente, "aquilo só pode arder".  Enxergue-se, presidente, o país que tem é este: desorganizado, sem recursos e sem disciplina. 
Solidarizar-se com as vítimas não pressupõe romarias semanais às regiões afectadas para aparecer na televisão. Já não é comentador semanal,  é presidente. Comporte-se!

3 Comentários:

Às 18/10/17, 10:37 , Blogger Luis disse...

Ele ( Marcelo ) sempre foi e será uma pessoa gelatinosa, dúbia ,que nao me engana como nunca me enganou Cavaco , sao da mesma família e com falta de carácter ,cheios de saber e arrogancia
sentem-se uns predestinados |

 
Às 18/10/17, 13:47 , Blogger J. Cosme disse...

Eis o presidente dos afetos em todo o seu esplendor!
Para quem tinha dúvidas, eis o novo chefe da direita reaccionária e trauliteira. Até parece um dos escrevinhadores do pasquim fascistóide que parece que por aí anda a observar o que ninguém mais observa.
Sr. presidente, nós não precisamos de afetos. O que nos faz falta, muita falta é um presidente que dê força a um governo que quer cuidar dos portugueses mais pobres, que são a enorme maioria.

 
Às 19/10/17, 09:57 , Anonymous Anónimo disse...

«Infelizmente no próximo ano vai haver mais incêndios. Basta olhar para a nossa floresta a norte do Tejo para concluir que, fatalmente, "aquilo só pode arder"»

Exactamente! E não se esqueça da Serra Algarvia.

O antigo mundo rural chegou a uma situação de irrelevância económica absoluta. É esse factor que está na origem do abandono e da má gestão . Por isso, e no que aos fogos respeita, transformou-se numa roleta russa: só não arde se não calhar. Ao não reconhecer explicitamente que não há nada que se possa fazer no curto-médio prazo para alterar essa situação, Marcelo revelou mais uma vez o cinismo hipócrita que sempre entendi ser a sua imagem de marca.



MRocha

 

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