sábado, outubro 29, 2005

"Quem com lobos anda, a uivar se ensina"

José Pacheco Pereira (orçamento e oposição) acha que o PSD não devia votar contra o orçamento, pelo menos pelas razões que invoca (o PSD). “…duvido que, se o PSD estivesse no governo, fosse capaz de ir mais longe do que o PS nos cortes da despesa pública”, justifica.

Duvida JPP e duvida muito boa gente. Quando esteve nas finanças, Ferreira Leite, cuja imagem o PSD vende como a “dama do rigor das contas públicas”, restringiu a admissão de funcionários e congelou os salários, mas nem ela nem Durão Barroso se atreveram a enfrentar os lobis, ou a outras medidas de fundo. (Lembram-se da cruzada populista contra os bancos?)

Mas há outras razões que, segundo JPP, justificariam o voto negativo do PSD. “O orçamento devia ser recusado porque precisamos vitalmente de outra coisa, precisamos de mais liberalismo, de mais liberdade económica, de mais espírito empresarial.”

Eu só não concordo totalmente com JPP porque ele parece fazer depender tudo isto do orçamento. Ora no orçamento não há nada que obrigue os nossos empresários a serem menos liberais, lhes retire liberdade económica ou lhes iniba o espírito empresarial. Nem podia haver.

JPP já devia saber que os nossos empresários são liberais “ma non troppo” e a sua liberdade é tal que a precariedade de emprego já tem reflexos sociais preocupantes. Quanto ao espírito empresarial, tudo depende do que conseguem ver lá fora, pois dão por mal empregue o investimento em inovação.

O que lhes faltava era alguém que culpasse o orçamento pelas suas insuficiências. O JPP fez-lhes o favor.

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