Televisão pimba
Se as telenovelas portuguesas são um sucedâneo imaturo da xaropada que há anos nos chega do Brasil, programas do tipo “Big Brother” e “Quinta das Celebridades”, para lá da sua intrínseca inutilidade, vieram acentuar a alienação cívica que caracteriza a programação das nossas televisões.
Prosseguindo numa linha concorrencial que obedece ao princípio do “quanto mais rasca melhor”, as três televisões generalistas (RTP1, SIC, TVI) enchem as tardes e as manhãs com programas populistas que oscilam entre o folclore pimba e a ordinarice brejeira de um jet set alternativo que vem acabar a “naite” nos sofás dos programas da manhã.
Os figurinos são todos iguais. Um pivot mais ou menos popular, uma menina decotada q.b. e um bobo que se disfarça de palhaço, ou arranha uma lastimável imitação de alentejano.
Uma orquestra de cabaret, sem ofensa para estas, e um público amestrado atrás das câmaras garantem o arraial final.
O prato forte dos programas são os telefonemas que elogiam os pivots e saúdam toda a freguesia, enquanto em rodapé passam anúncios de gente que se desencontrou e declarações de amor das Katias Vanessas deste país adolescente. Alguns programas buscam o insólito, como o homem que cospe mais longe, ou a mulher que se esqueceu do filho na maternidade.
Mas os que têm mais saída são os que apostam em convidados que se enfeitam de enchidos e doces regionais trazidos directamente das fábricas e falam de aldeias miseráveis - onde já ninguém vive - como se fossem paraísos.
Num país que não lê jornais e só ouve rádio no carro, só a televisão chega a todos os lares. Porém, exceptuando alguns programas informativos (v.g. “Prós e contras”), a generalidade da programação das televisões nacionais é de uma esterilidade confrangedora e não contribui para o desenvolvimento sociológico do país.
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