O raposo e o coelho
Tinha que
ser um raposo a descobrir que durante o Estado
Novo os portugueses eram mais ricos, e Salazar era afinal um grande defensor da
integração de Portugal na União Europeia.
Claro que tinha
de ser um raposo novinho, que só conheceu o Estado Novo nas sebentas e de ouvir
dizer. Se tivesse lá vivido, saberia que durante o Estado Novo mais de metade
da população era analfabeta, não tinha casa de banho, nem água canalizada nem
electricidade, o telefone e o rádio eram luxos burgueses, e a televisão era um
serviço que alguns cafés ofereciam por uma bica.
Quanto à
visão europeia e democrática do ainda-mais-manhoso-que-um-raposo de Santa Comba
Dão, se não bastassem as centenas de presos políticos que passaram pela Pide, a
forma vergonhosa como castigou o seu quase conterrâneo, Aristides Sousa Mendes,
o cônsul de Bordéus que salvou dezenas de judeus da carnificina nazi, seria
suficiente para se aquilatar da democraticidade da personagem que serve de
modelo a este raposito.
Talvez seja
por solidariedade geracional que o raposo ocupa hoje a sua coluna do Expresso
a dar conselhos a Passos Coelho na forma de tratar os reformados, ou melhor, os elefantes, usando a linguagem técnica do
raposo. Segundo ele, o Passos tem coragem, e “ quer muito
subir em cima deles (dos elefantes), mas não tem jeiteira.” Perceberam? O raposo até
acha que se deve subir em cima deles, o
Passos é que é um ganda nabo e não os sabe montar, yeah!.
Decididamente,
os jovens turcos da direita portuguesa ainda não advogam a solução final para os velhos, mas são casos tão perdidos com perdido já
estava Salazar quando quis continuar a governar orgulhosamente só, contra todo o mundo. Na Alemanha também há quem continue
a venerar Hitler, mas não sei se escreve em jornais de referência.
2 Comentários:
Ó Raposo, agarra juízo!
Olha que eu, no tempo de Salazar/Caetano,até aos 20 anos, vivi numa casa sem água e luz, sem casa de banho, com chão térreo...
A comida era uma grande panela de sopa que dava para toda a semana... etc etc etc!
Graças ao 25 de Abril, arranjei um emprego razoável sem ser preciso cunha, dei um curso superior aos meus dois filhos e tenho uma habitação aceitável.
Agora, temo pelo futuro dos meus netos, pois os herdeiros de Salazar/Caetano aí estão outra vez!
É mais um revisionista, na senda de outros (vide, o Ramos da história de Portugal...) que o dito jornal tem dado a conhecer ao mundo!
Já não tenho grande paciência para discutir com tais figurantes. Prefiro mandá-los para o caixote do lixo.
PS.
Porém, não os perco de vista...
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