terça-feira, novembro 01, 2005

O pântano

O panorama da comunicação social passou de um estado desinteressante a um estado preocupante e começam a aparecer os primeiros sintomas de rejeição

Basta ver um telejornal de qualquer televisão para concluir que não é a notícia que move as redacções. O que se procura é a sensação e vale tudo para a conseguir. A duração de um telejornal é, em si mesma, um atentado à transparência, pois, para esticar por mais de uma hora o que cabia em quinze minutos, as notícias são retocadas de demagogia e sensacionalismo.

Logo na abertura, o pivot anuncia a bomba do dia. Ao longa da hora e meia vai avisando que “já a seguir, logo depois dum pequeno intervalo” que nunca é inferior a dez minutos de publicidade, o espectador ficará a saber tudo sobre o casamento do Cristiano Ronaldo, a gaivota encontrada na Caparica ou abóbora falante de Cambalhotas de Baixo.
Por fim, quando o espectador já se cansou das confusões entre a Alfandega do Porto e Alfandega da Fé, e não tem mais pachorra para os directos de “Abrançalhada da Junça”, fica finalmente a saber que Cristiano Ronaldo não vai casar tão cedo.

É por isso que, exceptuando os simples, sempre prontos a pronunciar-se sobre assuntos que não conhecem, noutros meios a comunicação social perdeu credibilidade e começa a ser vista como persona non grata.

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