quarta-feira, abril 06, 2016

Cinco anos depois...

"Cinco anos depois, o que se pode dizer é que Sócrates conduziu o país ao abismo, embora fizesse tudo para evitar o pedido de ajuda internacional; que afinal os problemas do país eram de muito mais difícil resolução do que os defensores da intervenção proclamavam na altura; que alguns bancos e banqueiros faziam parte do problema e não da solução e estavam tão mal ou pior que a República; que o governador do Banco de Portugal que garantiu sempre a solidez do sistema financeiro teve de ordenar a resolução do terceiro e do sétimo maiores bancos portugueses e que enfrenta ainda hoje uma enorme crise no setor; que Passos Coelho aproveitou o programa de ajuda internacional para ir além da troika e reconfigurar as relações na economia portuguesa; e que infelizmente o desafogo que o país hoje conhece no acesso aos mercados financeiros decorre essencialmente da política de estímulos à economia europeia conduzida pelo presidente do BCE, Mario Draghi.

3 Comentários:

Às 06/04/16, 17:07 , Blogger Jaime Santos disse...

Quando falamos de Brutus, esquecemos que César era um ditador militar que queria coroar-se Rei de Roma. Poderíamos dizer que Brutus prestou um serviço à República, não fora ela ter colapsado a seguir às mãos de Marco António e de César Augusto. Salvaguardadas as devidas diferenças, porque nem Sócrates é César, nem Teixeira dos Santos é Brutus, Sócrates não tinha, naquele momento, razão. Deveria ter-se rendido à evidência, aceitado a derrota e pedido ajuda mais cedo. Em vez disso, tentou subordinar o País à tentativa desesperada de não fazer o que era naquele momento o correto, porque sabia que um pedido de ajuda e a subsequente assinatura de um memorando de entendimento significariam uma derrota certa nas eleições que se iriam seguir. Teixeira dos Santos prestou um serviço à República porque, mau grado os pífios Marco António e César Augusto que se seguiram, de seus nomes Paulo Portas e Passos Coelho, a República ainda está de pé. Quanto ao nosso César, encontra-se a braços com um processo na Justiça, fruto da sua teimosia e arrogância. Admitindo que ele está inocente, como eu admito, porque respeito essa presunção e não acredito em fugas, sobretudo seletivas, ao Segredo de Justiça, não entendo como pôde um político experimentado, que sabia ser alvo de investigações recorrentes, ir pedir um empréstimo a um amigo seu que trabalhou com empresas que beneficiaram, ainda que de maneira legítima, da ação do Governo de Sócrates. Não entendo ainda que fosse logo a esse amigo, que deixou atrás de si uma lista de empresas falidas, quando Sócrates criticou a ganância dos mercados. De Sócrates, esperava-se que fosse menos como César e mais como a Mulher de César. E também como o seu homónimo. Se há coisa que um Político não pode ser é néscio. Finalmente, também não entendo como há ainda aqueles que, para além de defenderem o Direito Legítimo do Cidadão Pinto de Sousa à Justiça, ainda defendem o suposto legado e a suposta genialidade do Político José Sócrates.

 
Às 07/04/16, 14:32 , Blogger josé neves disse...


"Deveria ter-se rendido à evidência, aceitado a derrota e pedido ajuda mais cedo."

Aceitar à partida a derota sem luta é um acto ignóbil de fuga e cobardia (à durão barroso), inteiramente fora da massa de que é feito o carácter inquebrantável de Sócrates.
E foi lutando duramente com argumentos fortes que obteve a "ajuda" que Portugal precisava de Merkel mesmo contra o Schauble. Porque cencura no seu comentário este pormenor de vitória de Sócrates na Europa que faz toda a diferença entre lutar ou render-se, entre um homem e um servil.
Só foi tarde porque houveram muitos mesquinhos imitadores de Brutus a começar por um tal cavaco passando por passos e muitos outros (o "Entroikados" cita-os quase todos)que queriam o pote para si e os seus e Portugal que se lixasse.

"não entendo como pôde um político experimentado, que sabia ser alvo de investigações recorrentes, ir pedir um empréstimo a um amigo seu que trabalhou com empresas que beneficiaram, ainda que de maneira legítima"

Ó caro, então quando se tem de pedir dinheiro pede-se a quém? A quem não é amigo, a quem não se conhece, a qualquer desconhecido, ao inimigo?
Esse é o argumento do "corno";"ainda por cima com o meu melhor amigo, isso é que eu não lhe posso perdoar". Afinal com queria que fosse, com um desconhecido qualquer que batesse à porta?
Só quem é feito da massa e caracter de que é feito uma pessoa como Sócrates não se pôe a fazer jogos de calculismo prévios para tratar de um assunto estritamente pessoal com um amigo de infância que sabe ter todas as condições para o ajudar sem preocupações. Desde Sá de Miranda que se sabe de homens de antes quebrar que torcer e um tal homem não vive de pensar, quanto mais fazer, jogos de calculismos prévios sobre cada passo que dá na sua vida privada. Calculismos e teorias de jogos é para os fanfarrões exibicionistas sem convicções fortes e fundamentadas. Para o caro os não néscios são os xico-espertos que chegam à política de mãos a abanar e passados anos saem da política como empresários, banqueiros e facilitadores gozando com os portugueses dizendo depois "eu não preciso da política para nada"; esses os calculistas por excelência são os seus não néscios.


Diz acreditar na inocência do cidadão Sócrates mas todo o arrazoado dos seus argumentos são para o culpar e condenar o que desmascara seus argumentos de calculismo. Argumento esse que é o mesmo dos cínicos sem argumentos válidos que dizem acreditar no princípio da inocência mas lá que " ele se pôs a jeito, isso é verdade". O que vale isso de "pôr-se a jeito" para além de um preconceito de moral rectórica e de baixa qualidade.

Se não deu ainda pelo legado deixado pelo governo Sócrates então é caso para perguntar onde andou o caro durante estes anos todos. Há vários resumos da fartura de factos concretos legados ao país nesse tempo ou o senhor também é daqueles que pensa que foi a Cristas que mandou refazer os projectos e concluiu o Alqueva.
Se acha eu digo-lhe que a Cristas e o Portas até no momento em que a barragem estava enchendo ainda faziam chacota e ridicularizam a obra como "elefante branco" e despesismo. Depois, como ministros iam ao emprendimento fantástico do Alqueva e falavam dela como se fora obra sua.
São asiim, deste calibra, os seus não-néscios.

concluida

 
Às 16/04/16, 23:46 , Blogger Jaime Santos disse...

Meu caro josé neves, Se bem o entendo, o seu argumento resume-se a que só um Homem da coragem de Sócrates pode ser impulsivo como ele foi. No meu léxico, agir assim tem um nome e chama-se ser-se estúpido. Há quem defenda tal linha de ação. Eu não.

 

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