quinta-feira, setembro 30, 2010

Lapso de conveniência

Paulo Portas está a anunciar na SIC que vai fazer 40 (quarenta) perguntas ao primeiro-ministro sobre as medidas de austeridade.
Nenhuma sobre os submarinos…

quarta-feira, setembro 29, 2010

Reduzir a despesa do estado – Ideias do PSD

Pelo João Galamba (Jugular) tomo conhecimento de que o grupo parlamentar do PSD, contrariando a direcção do seu partido que diz querer acabar com os institutos públicos, apresentou recentemente uma proposta de criação de um organismo de direito público para a “PROMOÇÃO E VALORIZAÇÃO DOS BORDADOS DE TIBALDINHO”.

Talvez se duvide da oportunidade desta proposta, mas é difícil resistir à sua fundamentação: “Nestes panos é bordada uma panóplia de motivos decorativos: os ilhós simples, espirais de ilhós (enleios), arcos de ilhós (cadeia), arcos ogivais, quadrados de nove ilhós, espirais de cordão, espirais de borbotos, círculos simples e concêntricos, rodízios, estrelas, óculos em cruz, corações simples, floridos ou com chave, com hastes, pétalas, malmequeres, girassóis, cravos, botõezinhos, folhas abertas e fechadas, folhas redondas, alongadas, pontiagudas e serrilhadas, folhas de feto, carvalho, trevo de quatro folhas, composições florais, laços, silvas, bolotas, tranças, pevides, pássaros, borboletas, Cruz de Cristo, dois oitos em cruz, crivos simples e de duas pernas, recorte ondeante, bainha aberta, machocos redondo, alongados (de pevide) e bicudos (serrilha ou dentes de rato), curvas espiraladas, cordão ondeante, canutilhos, pompons, letras maiúsculos, monogramas.
Com os alvos fios de lã são feitos os seguintes pontos: lançado, entrançado, espinhado, de recorte (vulgo caseado), de cordão, de nós, pé-de-flor, de cadeia, de formiga e de canutilho
”.

Eu sei que é difícil conter as lágrimas, mas se os bordados feitos na simpática aldeia da freguesia de Alcafache (Mangualde) “por meia centena de bordadeiras que mantêm viva a tradição, sendo para a maioria delas o bordar uma actividade supletiva e irregular”, conseguiram chegar até aos nossos dias sem precisar da tutela do estado, que falta lhes faz um organismo público?

Para quem enche a boca com a redução da despesa pública e o emagrecimento do estado, estamos conversados.

terça-feira, setembro 28, 2010

Falta de nível

Há dias, Nogueira Leite arrogou-se a qualidade de professor de economia para subvalorizar as declarações do ministro Silva Pereira na entrevista a Judite de Sousa.
Agora, porque o secretário da OCDE veio corroborar as teses do governo, Nogueira Leite ainda poupa menos nas palavras: “o secretário-geral da OCDE «não tem nível».
Porém, uma breve consulta à internet contradiz mais este destempero: José Ángel Gurría Treviño, o secretário-geral da OCDE, é economista pela universidade do Mexico, fez pós-graduações nas universidades de Leeds e Harvard e foi ministro dos Negócios Estrangeiros e das Finanças do México, tendo sido o arquitecto da estabilização económica daquele país.
Já seria difícil viver com tanta falta de nível, mas Ángel Gurría não se fica por aqui: Fala Espanhol, Português, Francês, Inglês, Italiano e Alemão.
Que falta de nível, senhor professor de economia!...

domingo, setembro 26, 2010

Cortar relações

Incapazes de apresentar alternativas que convençam os portugueses, os últimos líderes do PSD desde Santana Lopes, mais tarde ou mais cedo, acabaram por reduzir a estratégia de oposição ao ataque pessoal ao primeiro-ministro. Mentiroso (lembram-se da política da verdade?) e corrupto (o processo Freeport, engendrado por militantes do PSD e do CDS, durou cinco anos), são os temas mais comuns do leitmotiv.
Pelo meio ficou o golpe de estado falhado das escutas de Belém
Os ataques de Passos Coelho ao carácter do primeiro-ministro não trazem por isso nada de novo, mas servem para aquilatar o carácter do próprio: Ao recusar encontrar-se com José Sócrates, Passos Coelho perde a oportunidade de lhe dizer cara a cara o que anda a insinuar por aí…

sábado, setembro 25, 2010

Bluff

"PSD não negoceia... mas vai deixar passar o Orçamento" (Expresso)

sexta-feira, setembro 24, 2010

Uma questão de responsabilidade

No PSD, ninguém ignorava que Passos Coelho não chegava aos calcanhares de Santana Lopes, Marques Mendes, Luís Filipe Menezes ou Manuela Ferreira Leite.
Aliás, para que não houvesse dúvidas, Cavaco e Alberto João tinham-no marcado.

quarta-feira, setembro 22, 2010

Estimam-se as melhoras

terça-feira, setembro 21, 2010

Problemas de surdez?

Como se chega a seleccionador?

Com tranquilidade...

domingo, setembro 19, 2010

Sarkozy na feira de Alcains

Não vale a pena disfarçar as dificuldades de integração da etnia cigana nas sociedades estruturadas.
A sua cultura e tradições são a razão da sua sobrevivência enquanto comunidade. Ironicamente, são também o principal obstáculo ao seu desenvolvimento civilizacional.
Embora se questione a sua origem europeia, há quem considere os ciganos os índios da Europa.
Como todas as comunidades que se fecham sobre si próprias, não progridem e são presa fácil da marginalidade.

sexta-feira, setembro 17, 2010

Rent a coach

Se Madaíl não existisse, teria de se inventar.
Já que não o pode comprar (Mourinho), aluga-o.
Obviamente, não quer sair da FPF. Pelo contrário...

quinta-feira, setembro 16, 2010

Sofisma

Despedir com “razão legalmente atendível” ou com “razão atendível” é exactamente o mesmo: Se não é legal, não é atendível.
Marcelo Rebelo de Sousa não está só. No PSD há um viveiro de sofistas...

quarta-feira, setembro 15, 2010

Um problema de travões

Segundo as suas próprias palavras, Passos Coelho está preocupado com os travões constitucionais e propõe-se eliminar alguns.
Pela biografia da Wikipédia, Passos Coelho licenciou-se em Economia na Universidade Lusíada de Lisboa, em 2001. Não é de direito. Mas isso não o iliba da responsabilidade de querer destravar a constituição.
O Ângelo não dá para tudo. Mas alguém devia ter a caridade de lhe dizer que uma constituição sem travões é um regabofe jurídico.

segunda-feira, setembro 13, 2010

Todos para a escola

Por respeito pelo futuro das nossas crianças, a abertura do ano lectivo devia ser uma festa. Mas há muito que o começo das aulas é aproveitado por sindicatos, “associações de pais” e outras organizações menores para fazerem a sua política, avocando legitimidades duvidosas.

Aqueles a quem o povo nunca deu um voto e se escudam nos nossos filhos para pôr em causa as orientações preconizadas pelas entidades responsáveis, não têm legitimidade para se pronunciar sobre a educação das nossas crianças nem responsabilidade para merecer a nossa confiança.
O seu único objectivo é impedir que governe quem o povo elegeu. Quem lhe dá tempo de antena é cúmplice do mesmo crime (lesa-democracia).

sexta-feira, setembro 10, 2010

Para memória futura

"Face ao que se passou nos dois últimos jogos, a selecção portuguesa corre o sério risco de não estar presente no Euro 2012 tal como aconteceu, no Campeonato do Mundo de 1998, com Artur Jorge, como seleccionador.
As razões, num caso e noutro, são semelhantes. As escolhas dos respectivos seleccionadores não foram ditadas pela capacidade e competência de cada um, encaradas nas suas múltiplas valências, mas porque ambos beneficiavam do apoio ostensivo de “quem manda no futebol”. Este simples facto, mesmo que tivesse sido ditado pelas melhores e mais nobres razões – e a gente sabe que não foi – seria suficiente, à partida, para se criar à volta da selecção um clima de indiferença ou até de hostilidade da quase totalidade das pessoas que noutras circunstâncias a apoiariam com entusiasmo, mesmo não esquecendo que o público que se interessa pela selecção é um público muito mais vasto do que aquele que acompanha a vida dos clubes.
Carlos Queiroz, além de ter contra si este indesmentível facto, concita também, pela sua personalidade e capacidade técnica – arrogância, ausência de auctoritas, incapacidade de “ler” o jogo, arbitrariedade nas escolhas, incapacidade de comunicar com o público, etc. -, uma generalizada antipatia que apenas poderia ser relativamente atenuada com um percurso quase cem por cento vitorioso.
Como não foi, nem se antevia que pudesse vir a ser, dadas as suas conhecidas limitações, Carlos Queiroz era, à partida, um seleccionador condenado.
Logo que a ocasião chegou – e a ocasião chegou com a prestação da selecção na África do Sul –, o povo do futebol em geral não teve qualquer dúvida em pedir a sua substituição. Não estava tanto em questão a classificação da selecção na África do Sul, como o modo pouco ambicioso e timorato como a alcançou.
Madail, que não sendo nenhum génio está longe de ser estúpido, terá percebido imediatamente que Queiroz não tinha futuro. Todavia, como é um dependente e tendo certamente em jogo interesses pessoais que quem está de fora tem dificuldade em quantificar, optou por manter Queiroz, certo de que o grupo de apuramento para o Euro 2012, sendo fácil, permitiria à selecção um percurso quase totalmente vitorioso, o que ajudaria a acalmar as coisas por mais dois anos.
Como no futebol as previsões ainda falham mais do que na economia, Madail enganou-se redondamente e, mesmo antes de os resultados terem acontecido, deparou-se com uma acusação grave feita ao seleccionador pela Autoridade Anti-Dopagem, que o obrigou a instaurar um processo disciplinar no quadro da conhecida autonomia de que gozam, no desporto, os movimentos associativos (como as federações) relativamente ao Estado.
Acontece que o órgão encarregado de instruir e decidir sobre o processo disciplinar, viciado em décadas de traficância desportiva, historicamente sujeito às mais diversas pressões e tendo atrás de si um cadastro de parcialidade e de dependência relativamente a quem o escolheu, não percebeu, estupidamente, que a matéria sobre que estava a tratar era uma daquelas – poucas – que o Estado não tinha entregado totalmente à auto-regulação das entidades desportivas.
Como o doping é uma questão de interesse público, relativamente à qual o Estado não abdica das suas competências preventivas, fiscalizadoras e punitivas, breve se percebeu que a “sanção” aplicada a Queiroz não passava de uma farsa porventura destinada a ser atenuada ou até revogada no subsequente órgão de recurso, que tem historicamente um cadastro porventura ainda mais lamentável do que aquele que decidiu em “primeira instância”.
Perante este facto, o Secretário de Estado do Desporto agiu: avocou a competência prevista na lei para os casos de doping e entregou o assunto à Autoridade Antidopagem, do Instituto do Desporto de Portugal. Não é lícito nesta matéria fazer juízos de intenção sobre a actuação do Secretário de Estado do Desporto. Quaisquer que tenham sido as suas motivações emocionais, elas são totalmente irrelevantes para o caso, já que com a sua conduta apenas se limitou a cumprir a lei
."

..."Alias, é caso para perguntar, tendo em conta a importância, em diversos planos, da selecção para o país e para os portugueses em geral, se o Estado deve abdicar pura e simplesmente de ter uma palavra que aponte no sentido de escolhas e de comportamentos exclusivamente ditados pelo interesse da selecção, evitando ou impedindo que interesses espúrios da mais variada ordem – dos clubes, da rivalidade entre eles, dos empresários, das negociatas típicas do futebol, etc., etc., - prevaleçam contra o tratamento sério e competente de assunto que é cada vez mais de interesse nacional."

(JM Correia Pinto - ... A quem interessa o caos?)


quinta-feira, setembro 09, 2010

No pasa nada

A triste figura da selecção de futebol no Campeonato do Mundo da Coreia (2002) levou ao despedimento do seleccionador António Oliveira. Tal como agora, também então se ouviram vozes a pedir a cabeça de Madail.
A ninguém passava pela cabeça, mas ele lembrou-se de Scolari, que tinha acabado de conquistar o campeonato do Mundo à frente da selecção do Brasil, e calou toda a gente.
O Del Bosque está livre?

segunda-feira, setembro 06, 2010

Salazar, Casa Pia e o Piloto Automático

Ontem na TVI, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou para quem quis ouvir, que até meados do século passado, isto é, nos tempos áureos da ditadura de Salazar, a pedofilia era tolerada e considerada normal na sociedade portuguesa. Isto é, ser pedófilo era algo normal.
Também por estes dias ouvi dizer que há referências a abusos sexuais na Casa Pia, pelo menos desde os anos sessenta do mesmo século.
Ouvi ainda na SIC, após a leitura da sentença do processo Casa Pia, os advogados Pedro Namora e Adelino Granja, afirmar que, em 1983, enquanto alunos da Casa Pia, alertaram o então Presidente da República, General Ramalho Eanes, para os abusos sexuais cometidos sobre as crianças ali internadas, quando da visita presidencial àquele colégio.
Nos anos sessenta do século passado eu tinha entre vinte e trinta anos e não me lembro que, ser pedófilo, fosse uma coisa normal. Do que me lembro desses tempos é que a certas classes protegidas pelo regime Salazarista tudo era permitido. Daí a dizer-se que a sociedade portuguesa considerava isso normal vai uma grande distância.
O que era e infelizmente continua ser normal na sociedade portuguesa é a conivência com os poderosos a quem tudo se tolera, mas isso é o preço que continuamos a pagar pela “ditadura desse provinciano mesquinho” que “conseguiu criar uma cultura política que hoje ainda pesa — e pesa muito — na democracia que temos”.

Nota: excertos retirados dum artigo de Vasco Pulido Valente sobre uma biografia de Salazar recentemente publicada

quinta-feira, setembro 02, 2010

Exaltações

Nem Carlos Queirós nem o Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol ficam bem na fotografia do Acórdão da Autoridade Antidopagem de Portugal.
Desorientado e com fracas possibilidades de defesa, o Seleccionador Nacional tenta politizar o assunto, chamando a terreiro o responsável governamental da área do desporto.
Como é preciso aprovar o orçamento, não custa nada atirar o barro à parede…