sexta-feira, setembro 30, 2005

Mala pata

El día más aciago, triste y negro de la historia de la comunidad“.
Foi assim que o Presidente da Comunidade de Múrcia (Sul de Espanha) classificou o dia de hoje ao ter conhecimento da decisão do governo espanhol que autorizou o transvase de apenas 39 hectómetros cúbicos de água da bacia do Tejo para a do rio Segura, contra os 113 esperados por Múrcia para fazer face à seca que afecta os extensos campos de regadio daquela região.

Em causa estava a posição de Castilla La Mancha que só concordou em ceder água para consumo humano.
Enquanto estas duas regiões se digladiam pela água que não deixam chegar a Portugal, em Madrid foi instituída uma multa que pode ir até aos 46.000 – exactamente 9.200 contos – para quem for apanhado a regar os jardins com água potável.

Em Espanha, não se brinca com a água.
Em Portugal, já ouvi autarcas algarvios a exigir água do Alqueva para mais trinta novos campos de golfe…

"Anda meio mundo a enganar outro meio"

Esta frase, ouvida há muito tempo da boca de um ancião que pastoreava um rebanho, ocorreu-me ao ler a notícia da proibição de criar de novas empresas por parte de sócios administradores ou gerentes de sociedades com dívidas ao fisco.

Os governos apertam a malha da fraude e da evasão fiscal mas a sociedade não penaliza quem as pratica.
Há mesmo quem cultive admiração pelos prevaricadores que conseguem ludibriar o Estado e não hesite em pôr-se do seu lado. Para eles “o Estado merece ser enganado” e “se existem buracos na lei há que aproveitá-los”. O inimigo é o Estado e não os que fogem às suas obrigações.

Às claras não o dizem, mas em rigor entendem que não há obrigações para com o Estado e só as cumpre quem não pode eximir-se a elas.
Contraditoriamente, o seu sonho é ter uma fatia do poder para ter acesso ao cofre que é de todos, mas ninguém pode reivindicar para si. É do Estado e merece ser roubado. Se não forem eles, serão outros, sossega-os a consciência dominical.

Os seus heróis, já com provas dadas, são Fátima Felgueiras, Ferreira Torres, Valentim Loureiro ou Isaltino Morais, e é por isso que vão ser eleitos.

quinta-feira, setembro 29, 2005

Foca tornado




















By Patrícia

Sem surpresas

Segundo o relatório anual do Conselho Superior de Magistratura, 94 tribunais foram considerados "deficientes" ou "muito maus" em termos de produtividade e apreciação global. Entre eles “o 2.º Juízo de Felgueiras, onde ocorre o processo da ex-autarca da cidade, Fátima Felgueiras, foi considerado "notoriamente deficiente", enquanto a apreciação feita ao 2.º Juízo de Gondomar, onde decorre a investigação do processo "Apito Dourado", foi de "global deficiência".”

O cenário é de desastre, mas a baixa produtividade dos tribunais não surpreende o ministro Alberto Costa nem o Sindicato dos Magistrados do Ministério Público.

O mais grave é que o país já não estranha estas reacções.

Frases (II)

"Então os espanhóis eram traficantes? Veja lá o senhor, uma pessoa vai lá imaginar uma coisa destas".

Ana, habitante de Ribeira da Azenha - Odemira, onde a PJ apreendeu 3 toneladas de cocaina.

Frases

"A província é um ninho de víboras."
"A burguesia é a única classe identificável que nos resta."

Claude Chabrol

quarta-feira, setembro 28, 2005

Para depois

«Se o actual Presidente da República entender convocar o referendo para depois das eleições presidenciais, tal decisão não terá qualquer oposição nem reparo por parte do PSD»


Para algumas pessoas, a despenalização do aborto é assunto para depois dos outros todos.

terça-feira, setembro 27, 2005

Lido e registado

"É por isso inconcebível, chega a ser um insulto demagógico, ver Marques Mendes, dia após dia, todos os dias, acusar o Governo do eng. Sócrates de "esconder o Orçamento de 2006 aos portugueses". E de "esconder os sacrifícios" que serão colocados em cima da mesa logo após as autárquicas."

""Isto não é sério", voltou ontem a acusar Mendes. Pois não. Há que dizê-lo com frontalidade. Não é sério fazer comícios em torno das finanças públicas."

"O presidente do PSD não é caloiro e muito menos ingénuo. Está, portanto, perfeitamente consciente do mau serviço que presta à pátria com esta via-sacra do "Orçamento escondido".

"O Governo está a fazer coisas difíceis na função pública e o PSD fala em "políticas anti-sociais". O Governo vai adoptar medidas ainda mais difíceis e Mendes assume-se o profeta da desgraça. Dá votos. Mas não é sério."

Está tudo aqui, no Jornal de Negócios.

Mais contra do que pró

Quem ontem viu o “Prós e Contras” (RTP1) terá constatado:

1 – Para uma discussão sobre medicamentos, em que os principais intervenientes eram o Ministro da Saúde, um professor de economia que dá aulas a farmacêuticos, o Bastonário da Ordem dos Médicos e o Presidente da Associação Nacional de Farmácias (ANF), Fátima Campos encheu a plateia de farmacêuticos.

2 – No debate, ficou patente a recusa do Dr. João Cordeiro (ANF) em negociar com o Ministro da Saúde os protocolos que permitem à Associação Nacional de Farmácias controlar a distribuição de medicamentos em monopólio.

3 – Óbvia também foi a sobranceria do Dr. João Cordeiro (ANF) perante o Ministério da Saúde, tratando o respectivo ministro com arrogância e desrespeito impróprios do relacionamento com um membro do governo.


4 – As pateadas da plateia de farmacêuticos, sublinhando as tiradas demagógicas e corporativas do Dr. João Cordeiro (ANF) contra o Ministro da Saúde, não abonaram a seu favor o respeito que o interesse público, ali representado pelo ministro, lhes devia merecer.

5 – Porém, apesar da reconhecida habilidade do Dr. João Cordeiro (ANF), o debate desmascarou a reserva mental que tem usado na relação com os sucessivos Ministros da Saúde, tirando partido das fragilidades governativas e das dificuldades orçamentais da área da saúde.

Usar esta posição de privilégio contra o interesse geral, como parece ser a intenção Dr. João Cordeiro (ANF), seria intolerável, mas foi esta a sensação que ficou do debate.

segunda-feira, setembro 26, 2005

A vitória da tolerância

O desarmamento do IRA, reconhecido e acompanhado por uma comissão independente, põe fim a trinta anos de violência que causaram a desgraça de muitas famílias na Irlanda do Norte.

Para além do estandarte nacionalista, na base deste conflito sempre esteve o radicalismo de base religiosa e étnica. Sendo o Reino Unido formado por um conjunto de nações cujos níveis de vida e de educação são dos mais elevados do planeta, não deixa de ser preocupante que ali se tenha desenvolvido um conflito desta natureza.

No dealbar deste século continuamos a ter sinais contraditórios neste domínio. Se na Europa, a aposta no diálogo para resolver os conflitos passou a ser a prática – a ETA será a seguir – noutras partes do mundo, as armas continuam a ser o argumento do fundamentalismo tribal e religioso, com milhares de vítimas anuais.

A guerra dos seis dias foi à 38 anos mas os aviões israelitas ainda hoje sobrevoam Gaza, um dos territórios conquistados então. Não haverá paz, enquanto de ambos os lados a voz dos movimentos extremistas falar mais alto.

Quantas vidas terão de ser sacrificadas para se chegar à tolerância?

domingo, setembro 25, 2005

Uma raposa com sede
















Area protegida Douro Internacional (Escarigo - Figueira de Castelo Rodrigo)

Foto: A Forma e o Conteudo

sábado, setembro 24, 2005

Rita chega à costa


Acompanhe aqui as imagens por satélite.

sexta-feira, setembro 23, 2005

Em defesa do Direito

Ninguém sabe se Fátima Felgueiras é culpada dos crimes de que a acusam. Ainda não foi julgada. Então qual foi a razão do alarido que se seguiu à substituiu da prisão preventiva por outras medidas de coação?

É simples. Os nossos tribunais banalizaram a prisão preventiva e o país já estranha se não for aplicada. Na prática, tal medida tem servido para punir antes de julgar, numa clara violação das regras do direito por quem tem a obrigação de as respeitar.

Esta prática disfarça a dificuldade da nossa estrutura judiciária em conseguir juntar provas para condenar os suspeitos. Pelo menos da prisão preventiva ninguém os livra, justificarão os que fazem da prova uma questão de fé, não se dando conta das punhaladas que infligem à justiça.

Esta situação só tem paralelo em países com que não gostamos de ser comparados, mas muita gente acha bem. Doutro modo não se surpreenderiam alguns políticos de primeira linha que engrossaram o coro dos protestos por um suspeito – mesmo que se chame Fátima Felgueiras – aguardar julgamento em liberdade, como devia ser a prática generalizada.

Ainda bem que os juízes se começam a aperceber de que esta prática distorcia as regras do estado de direito e do próprio processo penal.

Alguém que ainda não foi condenado não pode ser privado da sua liberdade a não ser em último recurso e nos casos em que a lei prevê. Usar a prisão preventiva como expediente para facilitar o desenvolvimento processual da acusação é um atentado aos direitos humanos e tem a agravante de ser praticado por quem tem por ofício zelar por eles.

Talvez por ter participado durante séculos nas orgias dos autos de fé, uma parte significativa da nossa sociedade considera normais estas práticas, não se apercebendo de que vai perdendo o respeito por si própria.

quinta-feira, setembro 22, 2005

A evolução de Rita


Caciquismo e cidadania

A educação é um grave problema do país. Ninguém se arrisca a discordar, como ficou claro ontem, no debate parlamentar sobre a qualificação dos portugueses.

Na minha opinião há um problema ainda mais grave na nossa sociedade.
É típico, como a sardinha assada e o caldo verde;
Popular, como a música pimba;
Enraizado, como a fé de Fátima;
E arrisco-me a dizer que já faz parte da nossa idiossincrasia.

Falo da falta de cidadania. Sem ela, o povo é um joguete na mão dos caciques.

Basta ver o que se passa à volta de Fátima Felgueiras, Isaltino Morais, Valentim Loureiro ou Ferreira Torres, para aferir do nível de cidadania dos eleitores deste país.
Os cidadãos que se preparam para os eleger não querem saber se os seus candidatos fogem à justiça e às obrigações fiscais, usam em seu proveito os dinheiros públicos, ou beneficiam da promiscuidade do futebol com a política.
É para o lado que dormem melhor.

Aqueles que afiam os dentes para extrapolar as consequências das eleições autárquicas deveriam começar por explicar os resultados de Oeiras, Gondomar, Amarante e Felgueiras.
Isso é que devia preocupá-los.

quarta-feira, setembro 21, 2005

Subitamente, numa manhã de nevoeiro...



foto Portugaldiario

terça-feira, setembro 20, 2005

Quem mais lhe terá pago?

Um bobo do reino de sua majestade, diz cobras e lagartos de Portugal e dos portugueses, no Sunday Times . Os que se escandalizam com manifestações xenófobas e chauvinistas têm aqui um case study.

AA Gill começa por reconhecer que nunca esteve em Portugal mas isso não o impede de afirmar que o nosso país é assim uma espécie de Bélgica para os golfistas, um lugar tão “esquecível” - para os não-golfistas, claro – que os britânicos nunca conseguiram arranjar-lhe uma alcunha. Pelo teor do artigo, a piada só pode ser indecente.

Depois de nos atribuir o papel de sucedâneo de Espanha, país que teve Franco enquanto ninguém deu pela existência de Salazar (nobody notice) – o esotérico articulista faz um desafio aos seus leitores:
- Digam lá o nome de três portugueses famosos que não tenham sido marinheiros?

Para quem escreve em Inglaterra, podia ao menos lembrar-se de Mourinho e Cristiano Ronaldo…

Mas não. Nem Camões, nem Amália, merecem constar do rol deste ignorante presumido que nos atira à cara as celebridades do país vizinho: “bullfights, flamenco, Penélope Cruz and Real Madrid”, vejam só.

Tudo isto a propósito da crítica culinária a um restaurante português chamado Tugga.

The food of Greece is as wonderful as Italy’s”, faz questão de dizer o pervertido que põe a cozinha portuguesa pelas ruas da amargura.

Carne para canhão

Fui obrigado a andar por lá, quarenta e três (43) longos meses! Uma vida, dirão alguns.
Acho que quando chegar aos 65 anos vou ter direito a uma pensão de 30 contos anuais por ter andado na guerra. Exactamente, 150 euros por ano!
Apesar da ameaça de lhes subirem a idade da reforma, os militares de carreira continuarão a reformar-se muito mais cedo.

Mas nada me move contra a tropa. Embora o pânico das emboscadas me perturbe a memória, os amigos que fiz são muitos mais do que os inimigos que esqueci.

Eram outros tempos, por vezes muito maus, mas aquela tropa não se acobardava atrás das mulheres nem tolerava reality shows.

segunda-feira, setembro 19, 2005

Escândalos de fariseu

A reacção da oposição (esta ou outra) pela indicação de elementos da simpatia do governo (este ou outro) para cargos de nomeação governamental é pura hipocrisia.

Se os governos nomeassem pessoas de outros quadrantes é que seria de estranhar. É para isso que se disputam eleições e só assim se pode responsabilizar quem as ganha. As nomeações de elementos não conotados com os governos aliviam a responsabilidade destes e são peias para a oposição.

Só num país onde os aparelhos partidários se viciaram na repartição do bolo orçamental é que isso tem foros de escândalo.
Distribuir benesses por clientelas da oposição, além de ter o efeito de as amansar, são facadas na democracia.

Até José Pacheco Pereira, defensor da ética política e habitualmente com ideias claras sobre o que convém à democracia, engrossou o coro farisaico que acompanhou as últimas de nomeações do governo (Tribunal de Contas e Galp).

Se os cargos a preencher são de confiança política, que se nomeie quem simpatiza com o governo. O contrário é promiscuidade corporativa.

Porém, se os cargos não preenchem os requisitos da confiança politica, que se retire a competência da nomeação aos governos, a bem da transparência.

domingo, setembro 18, 2005

Criaturas da maré baixa (IV)















By Patrícia

Amigos da balda

Oitenta e seis por cento dos 38.976 candidatos ao ensino superior público foram colocados na primeira fase do concurso de acesso”.

Apesar disso, um comentador na SIC Notícias insurgiu-se esta manhã contra a exigência de 9,5 valores como pré-requisito de entrada no ensino superior.
Segundo ele, a malta ainda é imatura aos dezoito anos.

Abra os olhos, meu caro senhor!
Por os padrões de exigência terem baixado a níveis terceiro-mundistas é que o país não consegue aproximar-se do nível médio europeu. Por outro lado, quem anda na noite desde os treze não pode reivindicar imaturidade aos dezoito.
Há professores que defendem esta tese. Eles bem sabem que a subida do nível de exigência dos alunos também aumenta o deles...
Dar-lhes tempo de antena é um crime de lesa-pátria.

sábado, setembro 17, 2005

Ratos no convés

Na arruaça de professores que ontem acolheu José Sócrates à porta de uma escola, um dirigente sindical tentou ofuscar o sucesso da abertura do ano lectivo contrapondo o desemprego dos professores que, segundo ele, teria aumentado.

Isto passou em todos os noticiários, mas ninguém se lembrou de esclarecer o sindicalista-professor de que as responsabilidades do estado na educação devem estar orientadas para o ensino dos alunos e não para resolver o problema de desemprego dos candidatos a professores.

Que os sindicatos da função pública tentem defender o indefensável e se entrincheirem em posições irracionais, revela a sua ideologia corporativa e a impunidade com que têm actuado.

Menos aceitável ainda é a camuflagem dos partidos da oposição que não se atrevem a questionar a justiça da generalidade das medidas do governo, mas acusam-no de falta de diálogo e chamam arrogante ao Primeiro-Ministro.

Mas é um disfarce. Com paninhos quentes não há reformas e quem diz o contrário está contra elas e não tem a coragem de o assumir.

Fazer o pino

Ao longo dos anos, o PCP tem feito da luta contra a penalização do aborto uma bandeira. É assim pelo menos nas acções de rua, porque quando o assunto se discute no Parlamento, revela uma incapacidade confrangedora e recusa-se a alinhar com os partidos que pugnam pelo mesmo objectivo.
Para não ser visto como aliado do PS, o PCP chega a fazer o pino, cedendo ao complexo de infantilidade democrática de que nunca se livrou.

Ao votar contra a proposta do referendo do aborto, o PCP alinhou com o CDS e o PSD, prejudicando a causa de despenalização.
Doravante, as aparições de Odete Santos à porta dos tribunais serão encenações de mau gosto.

quinta-feira, setembro 15, 2005

A saga dos carmonas









Últimas representações da revista à moda antiga em cena nos escombros do Parque Mayer, com gente que dá a cara por dá cá aquela palha.
Oferta de um capacete das obras do Túnel do Marquês para os espectadores que se apresentem de mota e provem que passaram por lá, estando o Metro em funcionamento.

A revista estará em cena até 9 de Outubro, data em que se prevê a passagem do furacão Carrilho que ameaça empurrar o Jardim Botânico para o Parque Mayer e arrasará o túnel.

"Partido Corporativista Português - PCP"

Perdidos os operários e os camponeses que quase desapareceram, o Partido Comunista Português refugia-se nos interesses corporativos.

A mudança é pequena, nem precisa de mudar de sigla.

quarta-feira, setembro 14, 2005

A queda do verniz

Mesmo quando esteve no governo, Marques Mendes sempre foi uma figura subalterna no PSD. Numa conjuntura de crise em que o seu partido caiu e arrastou o país para a degradação politica, a imagem de rapaz bem comportado, trabalhosamente cultivada ao longo dos anos, levou-o à chefia do PSD. Mas nunca se impôs. A sua liderança tem decorrido entre a contestação e o conformismo de um partido sem alternativas.

Ao contrário do que prometeu, tem feito uma oposição obstrutiva, oposta aos interesses do país.
A sanha obstrutora chega a ir contra interesses que pressupostamente o PSD deveria defender, como ficou patente nas palavras proferidas no fim da reunião com a Associação de Empresários de Portugal: enquanto Marques Mendes se punha o lado das greves irresponsáveis da função pública, acusando o Primeiro Ministro de arrogância pela sua determinação em não ceder a chantagens, Ludgero Marques afirmava que os funcionários públicos estavam a brincar com o dinheiro que não era deles.

A sua desorientação é tal, que a pose de rapazinho ajuizado com que se camuflou para derrotar o doidivanas de Santana Lopes está a desvanecer-se, mostrando a sua verdadeira face de politiqueiro sempre-em-pé.

Afirmar que Mário Soares não tem perfil para Presidente da Republica é uma asneira de compêndio só compreensível pela obsessão de Marques Mendes em se agarrar a Cavaco Silva para disfarçar as fragilidades próprias e do partido.

terça-feira, setembro 13, 2005

Ilegalidades

Até agora o crime tem compensado.
Terá sido a impunidade do sindicalismo delirante da Função Pública que incentivou algumas associações de militares a entrarem no carrossel grevista que reivindica a manutenção de privilégios, em claro prejuízo do interesse geral.
Ao verem a sua manifestação proibida por ilegalidade, recorreram ao tribunal que, naturalmente, indeferiu o recurso.

Não é preciso ser juiz para ver a injustiça, quiçá mesmo a ilegalidade, das últimas greves do sector público. Desde que o governo, como lhe compete, ganhou coragem para pôr em prática as medidas de rigor e contenção que há muito o país reclamava, ainda não pararam, demonstrando um enorme desprezo pelos cidadãos.

O que se estranha é que o país assista, impávido e sereno, à delapidação do erário público pelos próprios servidores do estado.

De estranhar também é a colagem de alguns partidos aos interesses corporativos desmascarados por estas movimentações.

Esta gente não vê que o corporativismo está a matar a democracia?

Evasões














“E a vida pareceu-lhe adorável, de uma poesia fina e triste, assim envolta naquela névoa macia onde nada resplandecia e nada cantava…”
(Os Maias – Eça de Queirós)

segunda-feira, setembro 12, 2005

A verdade dos títulos

Autarquias cheias de dúvidas no 1.º ciclo – Chumbem-nas!

Menezes pede maioria para poder falar mais altoQuem perde com baixinhos ganha complexos de altura…

“'Katrina' sairá mais caro do que as guerras dos EUA”Afinal, a guerra não é tão má como a pintam…

A co-incineração fará parte da limpeza da costa?Dava jeito…

Quem tem medo do Tribunal de ContasA julgar pela (in) eficácia das suas recomendações, ninguém!

Últimas chuvas dão qualidade Houve quem pensasse que era água…

«Não incendeiem o futebol»Só as florestas…

domingo, setembro 11, 2005

Criaturas da maré baixa (III)















By Patrícia

Aviso à navegação

Que me perdoem os simpáticos visitantes deste blogue, sobretudo os que se dão ao trabalho de fazer comentários.
Para acabar com algumas intromissões do tipo SPAM, na caixa de comentários, foi activado um procedimento que convida o comentador a digitar uma palavra que lhe é mostrada. Se o procedimento não for obedecido, ou for incorrectamente, o comentário não é aceite pelo sistema.

Em caso de dificuldade sempre poderão comentar por e-mail, agora disponível "clicando" em
View my complete profile, no canto superior esquerdo da página de entrada.

As minhas desculpas.

sábado, setembro 10, 2005

Que tropa!

“Andam a brincar com o dinheiro que não é deles”, disse Ludgero Marques para quem quis ouvir.
Depois dos professores, dos enfermeiros, dos médicos, dos polícias, dos juizes e do Ministério Publico, dos quadros, dos indiferenciados, enfim, de toda a função pública, chegou a vez da tropa chantagear o país.
Os trabalhadores do sector privado que têm contratos precários, trabalham fora de horas, não têm reformas completas, não têm o Presidente da Republica a mexer-se por eles, e mesmo assim aguentam, são uns heróis.

sexta-feira, setembro 09, 2005

Economistas, ou velhos do Restelo?

Nos últimos tempos, nomeadamente desde a demissão de Campos e Cunha, os economistas mais mediáticos deste país têm sido os maiores arautos da desgraça, como é exemplo o invertebrado documento dos “13” sobre os investimentos anunciados pelo governo.

De tanto propagandearem os cenários da tragédia, ficam encalacrados quando o crescimento da economia os desilude.

quinta-feira, setembro 08, 2005

País profundo

A EN 120 entra na vila por uma ponte que, não sendo romana, deve ser do tempo em que os automóveis eram raros e os camiões não passavam de furgonetas.

Embora com muitas décadas de atraso, parece que o Instituto de Estradas de Portugal (IEP) projecta tirar a estrada do meio da vila.

Os comerciantes protestam. Têm razão. Acaba-se a adrenalina e o prazer de atravessar aquela ponte em simultâneo com um camião TIR...

Os cavalos de Tróia

Por vezes fugia da auto estrada e atravessava o Sado para o outro lado. Por ali, ia sempre à beira mar até ao Algarve: Comporta, Pinheiro da Cruz, Melides, Santo André, Sines, Porto Covo, Mil Fontes, Odeceixe, Aljezur.

À saída do barco, aqueles monstros cinzentos e inacabados lembravam-lhe falências e salários em atraso.
Já não os volta a ver.
Os cavalos também se abatem e a implosão acabou com eles.

terça-feira, setembro 06, 2005

Deixar o rebanho à guarda dos lobos

Os lares das santas casas da misericórdia existem por esse país fora, desde a capital às vilas e aldeias da província. Os nomes variam conforme a terra onde se instalam, mas têm quase sempre a cobertura da igreja e os fumos de corrupção acompanham-nos por todo o lado.

Há menos de dois anos, um octogenário e familiar meu, residente na zona de Braga, teve de dar 10.000 euros para conseguir vaga num desses lares. A morte levou-o em menos de um mês…

Constou-me agora, que numa idílica vila da costa vicentina, as vagas no lar da respectiva santa casa também aparecem e desaparecem, de acordo com o montante que os interessados se dispõem a pagar.

Será a lei do mercado, mas é um mercado pouco transparente e dizem-me que, se for solicitado um recibo comprovativo destas verbas, as vagas desaparecem misteriosamente…

Recentemente, a Polícia Judiciária descobriu que no Hospital de Portimão se comunicava aos agentes funerários a morte dos doentes, antes de se avisar as respectivas famílias.

Estas situações só acontecem porque à frente destas instituições há hierarquias irresponsáveis e cúmplices que ninguém controla, nomeadas por compadrio. As auditorias, quando existem, não passam de formalidades burocráticas sem credibilidade.

Um país que permite este tipo de negócios com os seus cidadãos mais fracos, por quem tem a obrigação de cuidar deles, não é um estado social, é um estado em decomposição.

segunda-feira, setembro 05, 2005

Mais uns dias a mariscar...


By Patrícia

Um bem que faz mal

Marques Mendes afirmou que a TVI é um bem público.
Desculpando o exagero comicieiro, a julgar pela programação da TVI, somos tentados a dizer que bens destes fazem muito mal ao público...

domingo, setembro 04, 2005

Um furacão ideológico

As consequências do tsunami do sudeste asiático, em Dezembro último, foram encaradas como uma tragédia natural e a solidariedade com as vítimas e os governos dos países atingidos foi geral.

Porém, a avaliação que se faz das consequências do furacão Katrina vão muito para além disso. Parece que o mundo se surpreendeu por os Estados Unidos serem vulneráveis a fenómenos da natureza, como qualquer país irrelevante. Para muitos ocidentais, mesmo para os que por diletantismo cultivam o anti-americanismo, esta realidade é inaceitável pois põe a nu a fragilidade do escudo americano que julgavam protegê-los.

Como os povos da Idade Média, donde em rigor nunca saíram, os fundamentalistas consideram o Katrina um castigo de Deus, mas, na verdade, não foi ele que decidiu construir uma cidade abaixo do nível do mar, protegida por diques pouco fiáveis que há muito careciam de reforço.

Também não é responsável pela especulação imobiliária que tomou conta dos pântanos que rodeavam New Orleans, encerrando-a num caixão de betão.

As críticas vão ao ponto de responsabilizar pelas consequências do furacão os que, desde Regan, até ao seu herdeiro ideológico actualmente na Casa Branca, têm sido defensores do “Estado Mínimo”, desinvestindo, ao longo dos anos, em infra-estruturas e em serviços públicos.

Não chegaremos tão longe, mas, pelo meio, andará a virtude.

sábado, setembro 03, 2005

O primeiro cartão vermelho

Valentim Loureiro expulso do PSD(Portugaldiário, citando o Expresso).

O exército já o tinha feito, há muitos anos, por práticas pouco recomendáveis num teatro de guerra. O facilitismo, o oportunismo, o compadrio e a corrupção de que enferma a nossa democracia, reintegraram-no. O caciquismo e o manobrismo, o futebol e o PSD, fizeram o resto.

Não desperdiçou uma oportunidade e chegou ao tecto do mundo. Presidente do Boavista, da distrital do PSD, do Metro do Porto, da Liga de Clubes, da Câmara de Gondomar, foram os cargos mais visíveis.

Se o Porto fosse uma ilha, seria um Alberto João. Como ele, fez jogo sujo durante muito tempo, com a complacência de todos.
Foi preciso bater no árbitro para ver um cartão vermelho.

sexta-feira, setembro 02, 2005

Ver para crer

"Isto não é um campo de refugiados no Terceiro Mundo. Isto é Nova Orleães hoje."

"A figueira tem o diabo à beira"


Numa estrada para a praia

quinta-feira, setembro 01, 2005

A figura


Paulo Morais (foto JN)

As suas declarações abalaram o complexo de interesses, mormente imobiliários, que domina as autarquias de norte a sul, sem distinção de partidos ou ideologias.
Além do já esperado ataque da Associação de Municípios, duma forma ou de outra, todos os partidos se distanciaram das posições de Paulo Morais, o que dá uma ideia da dimensão e da normalidade com que a cedência a interesses privados, nome que agora se dá à corrupção, é encarada neste país.

A convocação de Paulo Morais pelo DIAP não passa de uma rábula para disfarçar a indiferença com que o Ministério Público acompanha o dia a dia do país, recusando-se a investigar as negociatas urbanísticas que estão à vista de toda a gente, como seria sua obrigação.

Lá fora já se sabe que Portugal tem um caso sério de corrupção. Estudos há que a consideram o principal entrave ao desenvolvimento do país. Porém, cá dentro, a cumplicidade dos nossos políticos ou a nega, ou espera apanhar os corruptos em flagrante…

É por isso que nos solidarizamos com Paulo Morais e com todos os que venham seguir-lhe o exemplo.

Cavaco, Soares ou Sebastião

Esperámos a chuva, mas ela não veio.
Esperámos o governo, mas veio o imposto
Esperámos pelas férias, mas temos incêndios.
Esperámos o crescimento, mas temos défice.
Esperámos menos desemprego, mas temos mais.
Esperámos a baixa do petróleo, mas subiu.
Esperámos contenção, mas temos greves.
Esperámos, esperámos, esperámos…

Agora a esperança é Cavaco, ou Soares.
Ou será Sebastião?