terça-feira, fevereiro 28, 2006

Ameaças de uma guerra anunciada

Já nos tínhamos referido ao regresso da guerra-fria a propósito da aproximação do Irão à Rússia. No tempo do Xá o Irão foi um sólido aliado dos Estados Unidos, mas afastou-se, sob o comando dos Ayatollah, e passou por um período de isolamento donde agora parece querer sair. Por isso não enjeita a oportunidade de estreitar os laços com a Rússia, seu inimigo tradicional, ao mesmo tempo que o seu ministro dos negócios estrangeiros afirma no Japão que ninguém pára o nuclear.

Do outro lado do cenário que se vai montando, Israel avisa que “não ficará de braços cruzados indefinidamente”.
Esta guerra não vai ficar fria por muito tempo.

segunda-feira, fevereiro 27, 2006

Um blogue na Arábia

Na última noite fui a um debate sobre diversidade cultural e apreciei uma muito boa discussão. O painel desenvolveu-se ao estilo saudita, com a única mulher conferencista, Dra. Khairia Al-Saggaf, falando de uma outra sala, onde nós não a podíamos ver, mas apenas ouvir a sua voz.
Isto fez com que o Dr. Warner Dawn, um orador alemão, dissesse que gostaria que a Dra. Al-Saggaf estivesse sentada junto dele, no mesmo pódio. Ela não comentou isso, mas mais tarde um elemento da audiência disse ao orador alemão que respeitasse a nossa cultura e tradições.
A mim não me pareceu que ele tivesse sido desrespeitador, e fiquei satisfeito por ele não ter pedido desculpa
.”

Para saber como acabou o painel, ler aqui o texto original (sem tradução), onde ainda se fala da Feira Internacional (!) do Livro de Riad, da luta das mulheres sauditas pelo direito a ter carta de condução - (“Do you want to face God on judgment day with women's driving next to your name?”) - e de sheiks sauditas (sunitas) que recusam reconhecer os shiitas como muçulmanos.

domingo, fevereiro 26, 2006

Marcas Registadas

Na véspera do Benfica Porto, o líder do CDS/PP (descubram quem é) andou pela Invicta, acirrando bairrismos. Tudo lhe serviu:
- As birras de Rui Rio, um homem “perseguido” pelo governo;
- O Metro do Porto, um projecto atacado pelo governo;
- O Vinho do Porto, uma marca que o governo não protege.

Na sua desbragada demagogia, o Deputado Europeu – a quem a Comissão Europeia não se dignou responder quando a interpelou sobre as autorizações para o uso de designações exclusivas do Vinho do Porto dadas a países terceiros – aconselhou José Sócrates a fazer os Conselhos de Ministros no Porto, seguindo o bom exemplo de Santana Lopes.

Que um benfiquista, filho de um Presidente da Câmara Municipal de Lisboa da era marcelista, queira parecer mais tripeiro que os portistas, poderá satisfazer Rui Rio, mas não alvoroça o Mercado do Bulhão, onde o próprio Presidente da Câmara Municipal do Porto não é benquisto.

O oportunismo do seu líder e as intervenções arrapazadas do grupo parlamentar são duas marcas registadas deste CDS/PP.

sábado, fevereiro 25, 2006

Zeca

A música de José Afonso, na passagem de mais um aniversário da sua morte. (Cantigas do maio)


sexta-feira, fevereiro 24, 2006

Crítica e seriedade

Poucos governos terão sido tão contestados em manifestações de rua como o actual.
Na generalidade foram manifestações de organismos profissionais da função pública, ou da sua órbita, que reagiram a medidas que o país há muito reclamava, mas só neste governo foram aplicadas, como em vários momentos aqui sublinhámos.

Porém, apesar da contestação e da má-língua disfarçada de crítica, que a morbidez da comunicação social patrocina (lembram-se da "secreta de Sócrates"?), passado um ano, o juízo dos portugueses sobre a actuação do governo é positivo.

Segundo as sondagens do DN, a popularidade do Primeiro-Ministro e do governo continua elevada, enquanto a dos seus opositores continua a baixar.

Pretender que tal popularidade se deve a questões de estilo, ou à sorte, não abona a favor da seriedade das críticas.

quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Escolas do crime

O país ainda não se recompôs do abalo provocado pelo que se passou durante anos nos colégios da Casa Pia, sem que os respectivos responsáveis denunciassem os crimes praticados sobre as crianças à sua guarda.

Recentemente vieram a lume relatos dos excessos exercidos sobre as crianças da Casa do Gaiato.

Agora chega-nos do Porto a notícia de que doze jovens entre os 10 e os 16, “internos das Oficinas de São José – instituição que acolhe crianças e jovens em risco –“ mataram e abusaram de um travesti cujo corpo lançaram num fosso de 10 metros de profundidade.

Não basta dotar a segurança social de orçamentos adequados. A gestão das suas instituições não pode andar ao Deus dará e já é tempo de pedir responsabilidades pelo que lá se passa a quem as dirige. O orçamento do país não pode servir para subsidiar escolas do crime.

quarta-feira, fevereiro 22, 2006

Títulos de um país inventado

Saiba distinguir a GNR dos assaltantes!

Deputado com 18 multas perdoadas!

terça-feira, fevereiro 21, 2006

Sem protocolo


A influência do povo português na independência de Timor-Leste provou que a realpolitik pode ser contrariada pela intervenção dos povos. (Foto - Lusa)

Paisagem Dinamarquesa


By Patrícia

segunda-feira, fevereiro 20, 2006

Um país em ponto-morto.

Durante anos, o país habituou-se a ouvir os políticos apregoar a necessidade de reformas em diversos sectores da Administração Pública, na Saúde e na Educação, nas Finanças, Justiça ou Administração Local. Enfim, todos os diagnósticos apontavam para a degradação do serviço público, cujos custos aumentavam de ano para ano, empurrando o país para a banca rota.

Tinha de se pôr cobro a isto, diziam os partidos que, ao chegar ao governo, esqueciam as reformas e deitavam a mão às privatizações para cobrir o défice. É isto que tem caracterizado a nossa governação desde o início dos anos noventa.

Timidamente, dizem alguns, arrogantemente, afirmam outros, este governo tem tentado quebrar este ciclo degradante. Mas não passa uma semana sem que esta ou aquela corporação venha questionar as medidas que ameaçam afectá-la.
Todos se lembram da enquistada reacção farmacêutica, das cenas patéticas de militares e forças de segurança e da delirante greve dos juízes. Recentemente até os presidentes das juntas de freguesia, que as migrações demográficas transformaram em bairros abandonados ou povoados desertos, se puseram em bicos de pés.

Quando se afirma que as reformas não podem ser feitas contra os profissionais directamente afectados, todos concordamos, mas o que o país constata é que as suas organizações nada fazem para as viabilizar e, a prová-lo, aí está mais uma greve de professores que recusam a cumprir o horário das escolas, indiferentes à degradação do ensino.

domingo, fevereiro 19, 2006

Sons da blogosfera

Há blogues que dão música, outros são caixas de ressonância.

sábado, fevereiro 18, 2006

Profilaxia

Começa a notar-se na blogosfera alguma impaciência com a impunidade de que beneficia o anonimato.

Pela nossa parte, há algum tempo que aplicamos medidas profiláticas, evitando referências e não acolhendo na nossa selecção os blogues cujos autores se refugiam no anonimato para atacar opiniões alheias, mas a quem mingua a coragem para emitir as próprias de cara destapada.
Se o contributo é modesto, não é culpa nossa.

sexta-feira, fevereiro 17, 2006

A rusga

Como outros, também eu estranhei o silêncio da blogosfera sobre a rusga ao 24 Horas e, timidamente, abordei o assunto aqui. Hoje, à esquerda e à direita, vejo mais gente preocupada, mas ainda estamos longe da multidão que se assanhou pela liberdade na Dinamarca.

De palmatória!

Manter a funcionar escolas sem a quantidade de alunos que proporcione condições de escolaridade não é de todo aconselhável e devia ser proibido. Em tese, ninguém discorda, mas na prática só este governo, e esta ministra de educação, tiveram a coragem de enfrentar esta situação, apesar de o diagnóstico ser conhecido há muitos anos.

Razões eleitoralistas, populismo, cedências de todo o tipo a lóbies e interesses corporativos, com destaque para autarcas e professores, e, sobretudo, a manifesta falta de coragem da generalidade dos políticos, tiveram como efeito o descalabro do ensino e o agravamento do insucesso e escolar.
A degradação a que chegou a qualidade do ensino público obrigatório não se afere apenas pela ignorância dos jovens que abandonam a escola antes de o completar. O nível terceiro-mundista a que desceu o nosso ensino é ainda mais visível na pobreza escolar demonstrada pelos que o conseguem terminar.

Por isso os que invocam a desertificação do interior, tentando impedir o fecho de escolas inviáveis, são os piores inimigos desse mesmo interior, porque a ignorância é o seu maior flagelo e uma das causas da sua desertificação.
Em Riba-Côa não há Invernos amenos e, nessas terras, muito boa gente, dos sete aos onze anos, andava dez quilómetros por dia, para ir à escola. Era vê-los, pobremente vestidos, aos grupos ou isolados, fintando o frio, por veredas e estradas de macadame.
Certamente que essas crianças gostariam de ter cantinas e transportes escolares, como as de agora, mas, nesse tempo, era um luxo andar de carro e enganava-se a fome com a merenda que as mães ensanduichavam na gramática.

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

Disciplina e sucesso escolar

A notícia não diz quantos eram. Diz apenas que foi "um grupo de alunos” que resolveu "fechar os portões da escola durante 45 minutos em protesto contra a «opressão e o autoritarismo» de funcionários e professores", fazendo da primeira aula da manhã um furo.
O porta-voz dos alunos explicou aos jornalistas que se trata de um protesto simbólico que culminará com a destruição de bonecos que simbolizam o «autoritarismo, a opressão e o conservadorismo»”.
No mesmo estabelecimento de ensino ocorreu há tempos o episódio protogonizado por duas meninas que julgavam que a escola era um local apropriado para exteriorizar o afecto que tinham uma pela outra.
Fica por esclarecer se os professores e funcionários desta escola são diferentes dos outros, mas há questões sobre as quais nem os alunos deviam ter dúvidas:
– A indisciplina é um dos graves problemas do ensino secundário público.
– Sem disciplina não há sucesso escolar.

quarta-feira, fevereiro 15, 2006

Uma caricatura de oposição

À míngua de argumentos, e manifesta incapacidade para gerar ideias novas, a oposição tem aproveitado o filão das caricaturas dinamarquesas para se fazer ouvir e atacar o governo.
Não se iludam: A oposição que reclama a liberdade de expressão na Dinamarca, é a mesma que namora um Procurador-Geral da Republica que patrocina buscas a jornais, e defende o Governo Regional da Madeira que usa métodos sicilianos para aterrorizar os oposicionistas.

Apesar das declarações do governo a condenar a violência das manifestações contra as embaixadas e a repudiar as declarações iranianas sobre o Holocausto, a oposição continua a atacar a moderação governamental e até Nuno Melo – aquele rapaz com jeito para vender automóveis – vem exigir que se obrigue o embaixador do Irão a retratar-se.

Os nossos soldados deslocados no Afeganistão devem rejubilar com estas atitudes dos partidos da oposição...

"Curtíssimo prazo" (II)

Segundo o Público, “autoridades judiciais efectuaram hoje buscas no jornal “24 Horas”, diligência aparentemente relacionada com notícias sobre os registos telefónicos de várias figuras de Estado apensas ao processo Casa Pia”, tendo dedicado “particular atenção ao computador de um dos jornalistas autores das referidas notícias”.

A investigação aos jornalistas pode ser legítima, mas não pode servir para deixar impunes os responsáveis pelos crimes divulgados.

terça-feira, fevereiro 14, 2006

"Curtíssimo prazo"

Alertado por outros mais atentos, venho juntar-me a todos os portugueses que aguardam pacientemente que termine o “prazo curtíssimo", fixado pelo Presidente da Republica ao Procurador-geral da Republica para esclarecer o mistério das escutas telefónicas abusivas.

Fez ontem um mês, garante-se aqui.

Laranjas podres

Muitas das vozes que se ouvem na defesa da liberdade de expressão a propósito dos cartoons vêm da área do PSD, com destaque para José Pacheco Pereira.
Ainda bem que assim é, mas deviam também atender ao que se passa na sua própria casa, na Madeira, onde o PSD governa com maioria absoluta.

Lá já não é apenas a liberdade de expressão que está em causa. Um regime (embora regional) que não olha a meios para aterrorizar os que lhe fazem oposição está muito mais próximo do fascismo do que da democracia.
Concordo por isso com este senhor, que nesta matéria tem mais informação. Passo a transcrever:

O deputado socialista João Gouveia, que o PSD-Madeira quer submeter a um exame psiquiátrico, foi candidato à Câmara Municipal de Vicente. Quando as sondagens lhe começaram a ser favoráveis, Jardim anunciou que, eleito ou não, nunca falaria com ele.
Parece que isto não bastou, porque a seguir lhe incendiaram o carro. Mas nem com este aviso do Altíssimo, o homem desistiu.
Para cortar o mal pela raiz, por assim dizer, alguém (certamente animado pelo melhor espírito democrático) cortou as vinhas de um militante do PS e deixou à porta de outro uma vaca morta.
A justiça tomou agora conta de João Gouveia por ele ter inexplicadamente declarado que Jardim fez da Madeira "um paraíso criminal".
A maioria parlamentar do PSD levantou a imunidade parlamentar ao facínora e o queixoso é, como se calculará, o próprio Jardim.
Já vi um filme assim, que se passava na América em 1930 com um bandido gordo. Não me lembro do nome.” (VPV – O Espectro.)

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Cartoonite

Constança Cunha e Sá, que apoiou o candidato presidencial mais calado do planeta, prossegue na senda do seu companheiro de blogue (VPV) e crítica hoje José Sócrates por este não se pronunciar sobre os cartoons dinamarqueses, “deixando o país entregue aos disparates de Freitas do Amaral” (sic).

Ao insistirem no disparate de escarafunchar até à medula o cadáver das caricaturas, as nossas eminências mediáticas arriscam-se a ficar infectadas de cartoonite.
Fazem-no por politiquice interna, pois sabem tão bem como nós que lá fora ninguém os lê.
Lá terão as suas razões, mas boas não são.

Cafés de Lisboa

Não sou de Lisboa, mas não há terra mais minha do que esta, vai para 44 anos.
Nesse tempo, os cafés eram a sala de estar dos que se acolhiam na anónima protecção duma cidade que não enjeita ninguém. Lisboa não estranha línguas nem sotaques. Dá-se, mas não se entrega. Ninguém a pode reclamar, mas nela todos se sentem bem.
Até o sol, que amanhece no Castelo e anoitece no fado, se revê no remanso do Tejo, antes de se perder no voyeurismo das esquinas.

O que lhe faz falta são os cafés, que já não há, para repouso das pernas cansadas de tantas avenidas novas, e as tertúlias para guardar as memórias que ainda não esqueci, na pressa de comer ao balcão.

domingo, fevereiro 12, 2006

Audaces fortuna iuvat

Vasco Pulido Valente acha que o Primeiro-Ministro José Sócrates é um homem de sorte: Ninguém protesta contra a sua política financeira e nem sequer o culpam pela vitória de Cavaco Silva.
Na opinião de VPV, o Primeiro-Ministro ( e o seu governo) limitam-se a “gestos” que não tocam na substância nem afectam imediatamente nenhum interesse. Como exemplos dá a Ota e o TGV, o plano tecnológico, o MIT e Bill Gates. Nada de palpável, segundo o cronista, que acrescenta ainda a “frivolidade em que se afunda Marques Mendes” para sublinhar a sorte que acompanha José Sócrates.

Sintomaticamente, VPV não atende aos “gestos” que puseram a Associação Nacional de Farmácias em pé de guerra, os professores a recusar cumprir os horários das escolas, ou os juízes a adiar julgamentos para daqui a dois anos.
Tão pouco se apercebeu da "sorte" que bafejou o primeiro-ministro, quando a Visão lhe “arranjou” uma polícia secreta.

Na sua obsessão pessimista, Vasco Pulido Valente não hesita em usar a mesma argumentação dos críticos de José Mourinho, que atribuem à sorte os êxitos do treinador.
É pouco para um cronista tão prestigiado que, neste caso, não compensa o delírio da substância com a qualidade formal .

A César o que é de César

A notícia do Expresso, sobre avocação da administração do Santuário de Fátima pelo Vaticano, trouxe para a opinião pública a discussão sobre o destino, no futuro, dos vinte milhões de euros de receita anual do Santuário.

Mesmo os crentes poderão questionar se esta medida não contraria as intenções da Virgem, que escolheu as faldas da Serra de Aire – e não as margens do Lázio – para entregar a sua mensagem.

A comparação desta exorbitância do Vaticano, com o controlo exercido pelas multinacionais sobre as suas representações no estrangeiro, é inevitável.

Deus não se confunde com César, mas a tentação é antiga.

sábado, fevereiro 11, 2006

Taras endémicas

"As cenas absurdas geradas no parlamento regional da Madeira, com a aprovação de um pedido do PSD local de verificação da sanidade mental de um deputado do PS, deveriam ser criticadas sem tibiezas pelo PSD nacional. Não é uma questão menor, é uma questão institucional que tem a ver com o abuso de poderes de uma maioria parlamentar. Como se pode exigir mais autonomia, quando se arrasta a instituição parlamentar regional para o máximo ridículo, tornando-a alvo da merecida chacota nacional?" (JPP - Abrupto)

sexta-feira, fevereiro 10, 2006

Liberdade vigiada


By Patrícia

Saudades da Guerra-fria

As recentes declarações de Vladimir Putin, dizendo que a Rússia nunca considerou o Hamas como uma organização terrorista e convidando os seus dirigentes a visitar Moscovo, puseram em sobressalto Israel, cujo direito a existir o Hamas não reconhece.
Aparentemente apanhados de surpresa, os Estados Unidos pediram à Rússia que continue a apoiar as exigências internacionais sobre o Hamas (desistir do terrorismo e reconhecimento de Israel), e esclareça “as exactas intenções dos seus projectos”.

A posição da Rússia, cujo convite foi prontamente aceite pelos dirigentes do Hamas, não é inocente nem pode ser desligada da “crise das caricaturas” que agravou a tensão entre o Ocidente e os países árabes.

Perante a atitude da velha Rússia, que fez soar os alarmes na Casa Branca, o silêncio da Europa confunde-se com a nostalgia da Guerra-fria.

quinta-feira, fevereiro 09, 2006

Serviço Público

São notícias destas ("Manuela Ferreira Leite na administração do Santander") que contrariam o propalado sacrifício financeiro dos que exercem (ou exerceram) funções governativas.

Inversão de marcha

Estou em contra-ciclo.
Da globosfera que eu leio, mais de metade continua engalfinhada nas caricaturas, mas disso não falo mais. O que não falta são voluntários para atiçar as fogueiras onde ardem as bandeiras nórdicas e chamuscam o nosso MNE.

Outra lambe as feridas da guerra que assolou o nosso pequeno mundo literário pela disputa dos favores crítica. A minha nau é tão pequena que não compensa aventurar-me num mar tão encapelado.

O resto são OPAs, ou questões menores. Nem o futebol fraquinho da Taça trouxe surpresas.
Resta-nos a esperança duma visita de Jorge Sampaio a Canas de Senhorim.
Para quem se aventurou na Cova da Moura, não seria demais…

quarta-feira, fevereiro 08, 2006

"Autarquias representam 42% da corrupção investigada pela PJ"

Os poderes autárquico e regional deveriam ser os pilares da democracia. Mas há números que fazem pensar.

terça-feira, fevereiro 07, 2006

Regresso

Acabo de regressar. (Se quiserem ver as amendoeiras com flor, não se atrasem).

Não há novidades no estabelecimento, pois até a reacção às caricaturas de Maomé é uma reprise da história: Não é de agora que os homens invocam Deus para agredir os outros.
O problema é que de cada vez que o fazem voltam à idade das trevas.

Novidade mesmo é a OPA da PT, mas essa procissão ainda vai no adro.

segunda-feira, fevereiro 06, 2006

Paz podre

Se uma caricatura pode desencadear uma guerra, o mundo vive uma paz podre.

sábado, fevereiro 04, 2006

Batata...doce


Neste fim-de-semana, vou ao Algarve buscar duas arrobas de batata-doce.
Enquanto esperam pelo meu regresso, vejam mais sacos aqui.

"A secreta de Sócrates"

Num país onde a comunicação social é desbragada, por quanto tempo se conseguiria manter em segredo a existência duma polícia secreta?
Não muito, certamente.

Sócrates desconhecia isto, ou o “exclusivo” da Visão é um tiro no escuro?
Nos próximas edições da revista ver-se-á se os responsáveis pela inventona se vão vangloriar de ter impedido uma ameaça que só existiu na cabeça deles.

sexta-feira, fevereiro 03, 2006

O "Partido do Volfrâmio"

Não sou militante partidário nem me tenho por menos ingénuo do que José Pacheco Pereira. Isso não implica que tenha de aceitar, como ele acaba por insinuar, que todos os partidos são tão sinistros como o “Partido do Reino Volfrâmio”, onde até os militantes mais corajosos têm de usar metáforas para dizer o que lhes vai na alma.

A causa e os efeitos

No casamento entre pessoas do mesmo sexo, a questão jurídica não me parece a mais relevante. Não discuto o direito de os homossexuais viverem com quem quiserem e de terem os mesmos direitos e deveres dos heterossexuais.

Diferente é saber se a procriação é a causa remota do casamento. Na minha opinião, é, e nem o apelo demagógico ao facto de haver casamentos que não geram filhos lhe retira essa característica. É a procriação que confere dignidade ao casamento e justifica a protecção social e jurídica de que beneficia.
A natureza dos contratos afere-se pelos seus efeitos e do casamento esperam-se filhos, não apenas efeitos jurídicos. Na união entre "cônjuges" do mesmo sexo tal efeito é uma impossibilidade material.
Até lhe podem chamar casamento, mas não é, independentemente da fórmula ou da designação jurídica que lhe der cobertura.
É o obscurantismo travestido de vanguardismo.
(Nota: Não queria voltar ao tema, mas os comentários obrigaram-me).

Caricaturas



Hoje apetece-me chatear os dinamarqueses. Espero não criar um incidente diplomático.

quinta-feira, fevereiro 02, 2006

Provincianismos e subserviências


Ainda o rapaz de Seattle andava no liceu, eu já programava computadores. Talvez seja por isso que não me custe reconhecer-lhe o génio, ao contrário alguns senhores, que se juntam ao serão às quartas-feiras e se escandalizaram com o “provincianismo subserviente das nossas elites”, na recepção a Bill Gates.
É certo que a sua vinda acabou abruptamente com os arraiais de Boliqueime em que José Pacheco Pereira e Lobo Xavier participaram alegremente, sem pruridos de provincianismo e subserviência.
Mas isso não os devia impedir de reconhecer que Bill Gates foi quem abriu ao mundo as portas (Gates) e a janelas (Windows) da informática.
E não foi por mero acaso.

quarta-feira, fevereiro 01, 2006

Casar por provocação

Uma tem 28 anos, outra 35. Uma chama à outra “minha mulher”, ou “minha esposa”, mas ambas já foram realmente esposas de alguém, pois tem cada uma sua filha.
Chamam incultos aos que não as compreendem, mas uma tem o 12º incompleto e outra o antigo 5º ano do liceu, embora me pareça que este currículo liceal já não vigorasse na idade escolar de qualquer delas.
A história é contada aos retalhos, como é típico.
Vivem juntas e alguém as entusiasmou a ir ao Registo Civil requerer o casamento.
Porém, só uma interpretação abusiva do princípio constitucional que proíbe discriminações em função do sexo permitiria enxergar inconstitucionalidades no artigo do Código Civil que só admite “o casamento entre duas pessoas de sexo diferente”.
É que os homens também não podem casar entre si e, por conseguinte, não há qualquer discriminação de sexo.

As pessoas têm o direito de viver como entendem e ninguém se deve imiscuir nas suas vidas. Mas há dramas que o Direito de Família não resolve e os simulacros não abonam em favor da seriedade das causas.