sábado, dezembro 31, 2011

Mais um

Os anos sucedem-se, uns atrás dos outros, sempre ao mesmo  ritmo. Mas não os sentimos da mesma maneira.
Quando somos crianças, os anos são enormes e o tempo demora a passar. Porém, à medida que a idade avança, parece que aceleram e, mal nos damos conta, acabam. Literalmente...
Com o tempo, vamos esquecendo os anos que passaram.  Mas há anos que ficam na memória. Uns apenas na memória individual, quando neles ocorreram acontecimentos que nos marcaram individualmente. Outros afectam-nos como comunidade e permanecem na  memória colectiva, por vezes durante séculos.
Espero que não seja o caso do ano de 2011, pois, apesar de nos ter afectado colectivamente de forma muito expressiva, tenho esperança que os próximos façam esquecer as más razões que justificariam lembrá-lo.
É  este o voto que vos deixo para o novo ano. Colectivamente falando…
Tchin-tchin!

quinta-feira, dezembro 29, 2011

Transições

Apesar das desastrosas decisões, que começaram logo na primeira semana com o confisco de 50% do subsidio de Natal, este governo tem beneficiado de um estado de graça cuja explicação está para além do racional.
Será uma questão de fé, pois bastaria parar um bocadinho a pensar, para se concluir que as únicas medidas que este governo concretizou são as que visaram esvaziar os bolsos dos portugueses.
O que vai alimentando a fé dos crentes são os anúncios de outras medidas que nunca se concretizam. Pena é que, a um estado de graça tão irracional, tenha de suceder fatalmente uma depressão.
É só cair na real, para os sintomas começarem a aparecer

quarta-feira, dezembro 28, 2011

Buraco Fundo

O buraco descoberto pela Troika, ocultado nas contas da Madeira, não fez cair o Governo Regional, ao contrário do que sucedeu com o Governo da República que, mesmo sem esconder qualquer buraco, não se aguentou. Aliás, já com o buraco bem à vista, a campanha do PSD Madeira nas últimas eleições foi uma provocação carnavalesca aos que exigiam transparência às contas  da região.
Nessa altura, Alberto João Jardim ainda alimentava a esperança de que fossem os continentais a pagar, pela enésima vez, os esbanjamentos que lhe garantiram os votos nos últimos trinta anos.
Conhecidas agora as medidas de austeridade que vão ser impostas aos madeirenses, as reacções não se fizeram esperar. Note-se que, apesar de serem graves, o que os madeirenses vão ter de suportar não é tão gravoso como o que foi imposto aos portugueses do continente. Por exemplo, a taxa máxima do IVA  na Madeira fica-se pelos 22 %, enquanto no continente é de 23%, aplicando-se o mesmo diferencial de 1% nas taxas intermédias. E a Madeira é das regiões mais ricas do país...
Por isso, o ruído que se está  a fazer na Madeira à volta do assunto, apelando até ao Presidente da República “para que garanta um outro plano de ajustamento financeiro à Madeira que não afecte a qualidade de vida dos madeirenses”, dificilmente vai encontrar eco no continente.
Até porque ainda está para nascer o génio que consiga fazer um "ajustamento financeiro", isto é, disponibilize um empréstimo,  cujo pagamento “não afecte a qualidade de vida” dos que têm de o pagar…

terça-feira, dezembro 27, 2011

Então, Senhor Arcebispo?

Isto não abona nada o currículo do comandante da  GNR de Braga, mas provavelmente está sintonizado com o seu responsável máximo, o Ministro da Administração Interna, que também se distraiu e até hoje ainda não informou o país sobre o que andavam a fazer os polícias infiltrados na manifestação da greve geral de Novembro…
Já do Senhor Arcebispo de Braga, que não deixa as injustiças poisar em ramo verde, é de admirar o silêncio. É  fácil falar em abstracto e dos problemas da casa alheia. Porém,  de vez em quando, até aos arcebispos  não faria mal levar à prática a velha fórmula de Dickens: Charity begins at home, and justice begins next door

domingo, dezembro 25, 2011

Democratizar a Economia – O Chavão

Confesso que começava a ficar intrigado sobre o significado deste chavão usado nos últimos tempos pelo primeiro-ministro.
Para justificar o corte do subsidio de natal, insistiu durante meses na  descoberta de um pretenso desvio colossal que se provou só existir nas cínicas lucubrações que levaram ao corte de 50% do subsídio de Natal. Face ao escândalo, o Ministro das Finanças foi obrigado a reconhecer que o ano vai acabar com um deficit inferior ao exigido pela troika, mas o certo é que estragou a consoada a muita gente, prejudicou a economia, e as finanças do país não justificavam esse esforço…
Acusado, desde Belém a Bruxelas, de ser mais papista que o papa Merkel no que se refere à austeridade que está a empobrecer o país - sem que da cabeça dos alienígenas que o rodeiam surja uma ideia para o seu desenvolvimento -, Passos Coelho arranjou um chavão para entreter os comentadores e embasbacar a populaça: “Democratizar a economia”.
Quem pensar que a administração da Sonae, da Galp, ou da Jerónimo Martins, em vez de serem escolhidas pelos detentores do capital, vão passar a ser eleitas pelo critério “um homem um voto”, desiluda-se, porque quem fala em democratizar a economia e tudo faz para agravar as desigualdades, só vai democratizar despedimentos…
Reconheça-se, no entanto, que depois da fase catastrofista, Passos Coelho entrou na fase eufemística. Pode parecer um avanço, mas em nada altera a base da estratégia de comunicação deste governo: mentira, deturpação e engano.
Só muda a maquilhagem...

sábado, dezembro 24, 2011

Boas Festas

 Bom Natal, para quem tem a amabilidade de nos visitar.

sexta-feira, dezembro 23, 2011

Sem comentários

quinta-feira, dezembro 22, 2011

Vêm ai os chineses

Há muito que os rostos de feições chinesas fazem parte da nossa paisagem urbana e não apenas nas cidades. Já são raras as vilas sem a sua loja chinesa.
Até agora, só os encontrávamos em negócios quase marginais. Porém, com a compra de um quinto da EDP, não só o caso muda de figura, como vamos passar a lidar com outro género de chineses. Dizem os comentadores que Portugal vai receber “um camião de dinheiro”, mas conviria ter presente que os chineses que fazem negócios destes, nem brincam com dinheiro nem descansam enquanto não o recuperam.
O negócio pode ter sido conjunturalmente bom, mas, no final, ver-se-á que Portugal ficou mais pobre.

quarta-feira, dezembro 21, 2011

Interesses instalados

Já muito se disse sobre os interesses corporativos que de há longos anos vêm manietando a governação, prejudicando o bem comum.
Agora é a própria Comissão Europeia que “insiste na necessidade de o governo avançar com reformas para travar os que em “ sectores protegidos” manipulam o mercado para obter privilégios, sobretudo nos serviços e profissões de “acesso regulado”.(Negócios online)
As guerras dos farmacêuticos, magistrados, professores, médicos, etc., que o anterior governo teve de enfrentar, são suficientemente elucidativas do que podem os interesses instalados.
Convém também lembrar que os dois partidos que formam o actual governo estiveram ao lado dos contestatários, mas o que não falta lá são contorcionistas...

segunda-feira, dezembro 19, 2011

Conclave sem fumo

Ontem, Domingo, o governo esteve reunido onze horas.

Diga-se que o tempo estava de feição e o local, São Julião da Barra, é óptimo para apanhar sol. Ainda bem que aproveitaram, pois é um regalo ter este sol nesta altura do ano. Que o digam os cinquenta e cinco mil reformados ingleses que o governo inglês se prepara para resgatar. É certo que quem vai ao mar perde o lugar, mas há mar e mar, há ir e voltar.
Foi o que aconteceu com os nossos ministros que, ao lusco-fusco, enfiaram-se nos carros pela calada e zarparam a penates. Para trás, nem um comunicadozinho de encher pneus.
Valeu a aparição do Relvas, sempre com aquele ar de quem diz uma coisa e pensa noutra, que pela hora de almoço informou pais de que, para além daquilo que não disse, não  dizia mais nada…
Felizmente os jornais de hoje esclareceram o mistério: O governo esteve a pensar nas reformas estruturais que irão relançar a economia e acabar com o desemprego.
Além do sol, os nossos jornais também são um regalo. Que bem ensinados!…

Hully Gully


Homenagem a Sérgio Borges, vocalista do Conjunto Académico João Paulo, intrépidos madeirenses que em meados dos anos 60 conquistaram o continente.
Faleceu hoje no Funchal.


domingo, dezembro 18, 2011

Quem deve a quem?

Os historiadores são unânimes em considerar que os danos economicamente mensuráveis sofridos pela Grécia, como resultado da ocupação alemã na Segunda Guerra Mundial, apenas foram ultrapassados pelos sofridos pela Polónia,  União Soviética e Jugoslávia, por esta ordem. Só no inverno de 1941-1942, 300.000 gregos morreram de fome...  
No entanto, por pressão dos Estados Unidos, as indemnizações estipuladas após a guerra na Conferência de Paris ficaram muito aquém do que alguns países reclamavam. No caso da Grécia foram-lhe atribuidos 25 milhões de dólares, muito longe da indemnização  reclamada pelos gregos: Dez mil milhões de dolares,  ou seja, metade do que então foi reconhecido à União Soviética…
Estes dez mil milhões de dólares equivaleriam hoje a mais de um milhão de milhões de dólares ( USD 1 000 000 000 000,00), montante que daria para pagar dez empréstimos dos já concedidos à Grécia no âmbito da actual crise.
Por isso, quando alguns alemães, como Jens Weidmann, governador do Bundesbank, (que comparou os países em dificuldades a alcoólicos que pedem mais uma garrafa antes de deixarem de beber), se abespinham, recusando prestar-lhes apoio, não fará mal recordar-lhes que também já tiveram dividas e beneficiaram de perdões.  E que perdões!…

sexta-feira, dezembro 16, 2011

E vê-las?

A frase é de um actor de telenovelas, que certamente sabe do que fala.
Se fazê-las estupidifica, o que farão a quem as vê

quinta-feira, dezembro 15, 2011

Levem-me o dinheiro, mas não me tirem os feriados

A história de um povo é feita de momentos marcantes, mas alguns são mais marcantes que outros.
O 5 de Outubro celebra a implantação da República em 1910, mas foi também num 5 de Outubro, de 1143, que Portugal foi reconhecido como país independente, pelo rei de Leão e Castela.
Houve dias importantes que não estão assinalados como feriados. Alguns mereciam, como é o caso do dia da Batalha de Aljubarrota (14 de Agosto de 1385) que pôs fim a uma das maiores ameaças à nossa independência.
Por enquanto ainda temos o 1 de Dezembro para festejar a independência. Se acabarem com estes feriados, não acabará a independência, mas esquece-se  um certo Portugal de que quase todos nos orgulhamos…

terça-feira, dezembro 13, 2011

Ontem, já era tarde


Encarar a realidade pode doer, mas nunca matou ninguém. 

segunda-feira, dezembro 12, 2011

Trocamos por bacalhau

"Escassez de manteiga na Noruega..."

Vem mesmo a calhar: Trocamos pelo fiel amigo._

sábado, dezembro 10, 2011

Só fazem falta os que estão cá

Sobre a auto-exclusão do Reino Unido no acordo a que terão chegado os restantes 26 países da União Europeia, não dramatizemos.

Uma boa parte dos cidadãos e dos políticos do Reino Unido são contra o projecto europeu, vendo na U.E. um parceiro económico conjuntural. A ênfase posta por David Cameron em repetir que só aceitaria rever o tratado de Lisboa se isso beneficiasse o Reino Unido é sintomática.

Como se diz no futebol, só fazem falta os que estão cá…

quinta-feira, dezembro 08, 2011

Crianças e totós

Sócrates disse umas coisas sobre a dívida dos países: Que não é para pagar, mas para gerir.
Só os pobres de espírito (alguns) e os mal-intencionados (quem disse que Paulo Portas andava desaparecido?) poderão interpretar estas palavras como fez a generalidade da comunicação social, que se limitou a transcrever o Correio da Manhã (“pagar a dívida é ideia de criança"), o jornal que, meio ano depois de José Sócrates ter abandonado o governo, ainda o chama à primeira página, dia sim, dia não...
Por aqui se vê que o nosso maior problema não é a divida. Nem sequer pagá-la, que para isso há impostos, graças a Deus e ao Ministro das Finanças.  O  nosso problema são os  totós, que fazem do Correio da Manhã o diário mais vendido em Portugal, e quem os manipula,,,

quarta-feira, dezembro 07, 2011

O Que diz a Troika

Desde que Passos Coelho e os cinzentões que o acompanham chegaram ao poder, têm-se desculpado com o memorando da Troika para justificar as medidas de austeridade que, semana sim semana não, anunciam aos portugueses.
Mas o memorando da troika só é chamado à cena quando lhes convém. Quando o que lá está escrito não favorece os interesses das respectivas clientelas partidárias, o memorando é pura e simplesmente ignorado, senão mesmo violado, como aconteceu com a substituição dos administradores hospitalares, uma cedência vergonhosa ao clientelismo partidário por parte do PSD e do CDS.
De facto, o memorando da troika refere expressamente que os presidentes e membros das administrações hospitalares "deverão ser, por lei, pessoas de reconhecido mérito na saúde, gestão e administração hospitalar."
Porém, para este governo, o que diz a Troika e o interesse nacional só valem, quando não afectam os interesses das respectivas clientelas partidárias.

segunda-feira, dezembro 05, 2011

Quem te manda a ti, sapateiro…

Um ano depois, tem o desplante de pretender dar lições aos deputados da nação.
Não aprendeu nada...

domingo, dezembro 04, 2011

A Praça Tahrir deita as mãos à cabeça

Os resultados das eleições egípcias estão a deixar perplexos os que viam nas manifestações da Praça Tahrir o nascer de uma democracia moderna e laica.
Com 60% dos votos dados a partidos islamitas ( 40% para os “Irmãos Muçulmanos” e 20%  para salafistas radicais), não admira que nem uma única mulher tenha conseguido ser eleita para o parlamento.
Perante estes resultados, os lideres das manifestações que desde Janeiro concentraram a atenção mediática do Ocidente, comportam-se como baratas tontas.

sábado, dezembro 03, 2011

Nem tudo é mau

Para que saibam...


O que é nacional(izado) é bom!...

sexta-feira, dezembro 02, 2011

Histórias de um país civilizado

Uma matilha constituída por cerca de duzentos cães vive em estado selvagem junto ao aterro sanitário do Cachão (Mirandela), que recebe o lixo de diversos concelhos do distrito de Bragança.
Conta-se que já atacaram agricultores e funcionários municipais e “ninguém os consegue apanhar”. Os responsáveis da Câmara de Mirandela reconhecem ser "um problema de saúde e segurança públicas que se arrasta há anos nesta zona."
Para o resolver, a Direcção Geral de Veterinária determinou a "captura e/ou eliminação" dos cães, tendo para esse efeito solicitado a colaboração de diversas entidades, nomeadamente, “Câmara de Mirandela, Protecção Civil, GNR, ICNB, PSP e corporações de bombeiros".
A Câmara de Mirandela disponibilizou-se, mas a GNR esquivou-se, alegando que era crime.
Se os cães fossem imputáveis...

quinta-feira, dezembro 01, 2011

A Novena

Entre a ascensão de Jesus ao céu (Quinta-feira da Ascensão, o dia da espiga) e a vinda do Espírito Santo (Domingo de Pentecostes) mediaram nove dias. Sentindo-se abandonados, os apóstolos  juntaram-se em torno de Maria e passaram esses nove dias a rezar. Foi a primeira novena.
A Europa, que parece ter sido abandonada pelos deuses, pelo menos os do capital, também espera um milagre nos próximos nove dias e a novena já começou.
Rompuy e Durão Barroso não vão sair do confessionário, ouvindo cada um dos 27 países da U. E., dando particular atenção aos 17 que usam o Euro como moeda. Que o Espírito Santo desça sobre as cabeças casmurras que lideram a Europa para que na cimeira marcada para 9 de Dezembro, tida como “a última oportunidade para salvar a moeda única”, aconteça esse milagre.
Aqui fica o calendário com as devoções:
1 de Dezembro – Discurso de Sarkozy, em Toulon, onde se espera anuncie os planos para tirar a França e a zona euro da tormenta financeira. A Leste, no entanto, greve geral na Grécia…
2 de Dezembro - Discurso de Angela Merkel sobre a Europa , no Bundestag. Em  Paris, Sarkozy reunirá com David Cameron…
5 de Dezembro – O novo governo tecnocrático italiano de Mario Monti, aprovará novas medidas para diminuir o deficit e estimular o crescimento. (A chamada quadratura do círculo).
7 de Dezembro – Reunião de líderes conservadores em Marselha, já com Mariano Rajoy.-(French Connection?...)
8 de Dezembro – Reunião do Conselho de Governadores do Banco Central Europeu, em  Frankfurt.
8 e 9 de Dezembro – Os chefes de Estado e de Governo dos 27 reúnem-se  em Bruxelas para adoptar as  medidas que vão salvar o Euro.

Fonte: El País