terça-feira, janeiro 31, 2017

O exemplo turco

Aproveitando um golpe de estado falhado - que não se livra da fama de ter sido simulado -, as prisões turcas encheram-se de supostos golpistas, sobretudo "perigosos" funcionários públicos e jornalistas...
Trump ainda não chegou a tanto, mas o afastamento da procuradora por questionar a legalidade dos decretos anti-imigração, que à luz do direito internacional são de facto ilegais, e a estranheza dos seus conselheiros por nenhum jornalista ou comentador que se pronunciaram contra o presidente ter sido demitido, prova que a ameaça da caça às bruxas não é vã.

domingo, janeiro 29, 2017

Trump, a era das trevas

Com as limitações impostas à imigração,  os Estados Unidos inauguram a era das trevas. Steve Jobs,  o fundador da Apple,  uma empresa de que a América se orgulha,   era filho de um imigrante sírio. 
A Google,  Microsoft, Facebook, Apple,  e em geral as empresas tecnológicas de Silicon Valey, empregam centenas de engenheiros e cientistas de outros países e já vieram denunciar a medida obscurantista imposta por Trump que ameaça fazer regredir a sociedade americana para as épocas mais negras da humanidade. 

sexta-feira, janeiro 27, 2017

Tento na língua

 Desde que o governo liderado por António Costa tomou posse, as vozes do Eurogrupo, obedecendo ao maníaco da austeridade Wolfgang Schäuble, não se cansaram de agoirar desgraças que adviriam por termos um governo que pôs de lado a política que lhes convinha, levianamente posta em prática pela dupla Passos Coelho e Paulo Portas.


Enquanto a Europa for governada pela ala radical do PPE, de Bruxelas  não vem nada de bom.

quarta-feira, janeiro 25, 2017

O ano de Marcelo

Marcelo Rebelo de Sousa festejou ontem o primeiro aniversário da sua eleição para Presidente da República Portuguesa. Durante o ano que agora findou, Marcelo, como os portugueses já o tratam familiarmente, transformou-se num caso de popularidade sem paralelo no panorama político português dos últimos cem anos.
A unanimidade da sua popularidade podia ser preocupante, porque excluiria a crítica, elemento essencial para a saúde da democracia.
Porém, no caso de Marcelo, esse perigo  é colmatado pelo sentido de humor, que o faz manter os pés na terra, e pelo contínuo striptease mediático a que alegremente se submete, desarmando e remetendo para a penumbra da opinião pública os que duvidam da genuinidade de tanta exposição.
Se toma um banho gelado na baía de Cascais no primeiro dia do ano não é para ser popular, porque já o fazia antes de ser presidente. Se distribui comida aos sem abrigo numa noite fria de inverno, não é certamente para ganhar votos porque esse eleitorado nem vota nem dá votos.
Ao fim de um ano na presidência, Marcelo transformou-se num referencial da democracia portuguesa e tem todas as condições para ser um pilar da estabilidade política e social de que o país precisa, não apenas por um ano mas por muitos, pois só assim poderão recuperar dos prejuízos provocados nos anos anteriores.


segunda-feira, janeiro 23, 2017

Dias de raiva

O direito de obedecer

Na China, parece ser o único direito. 

domingo, janeiro 22, 2017

"Veremos qué hace"

Prudente mas atento, o Papa Francisco prefere esperar para ver o que faz Donald Trump. No entanto alerta que, em momentos de crise não é o discernimento que comanda os povos: preferem apostar em salvadores que lhes devolvam a identidade com muros e arames.

A avaliar pelo discurso da posse, a hipótese de Trump acabar por surpreender o papa pela positiva seria um milagre. Ao principio também ninguém acreditava que Hitler - o exemplo mais radical do populismo - fosse capaz de fazer o que fez. 
Embora a constituição de Estados Unidos e o povo americano tenham uma tradição democrática, vamos ver como as primeiras decisões do novo presidente são avaliadas pelo Congresso e se as palmas que aplaudiram o discurso foram de mera circunstância.

sexta-feira, janeiro 20, 2017

Saiu-lhes o Euromilhões!

O povo sou eu. Ele não o disse, mas é o que se retira de um discurso com laivos de populismo, xenofobia e nacionalismo troglodita. 
Quem não sabe ficou a saber que na América não há fábricas. Mudaram-se para o México, que em contrapartida exporta droga para as escolas americanas e imigrantes ilegais que acabam no crime. 
É esta a América que Trump encontrou: um verdadeiro desastre. Nem Silicon Valley lhe vale. Mas tudo vai mudar, promete o novo presidente dos Estados Unidos. "Vamos reconstruir a América com mão de obra americana."
Assim o progresso chegará a todos os americanos, fechando as fronteiras e taxando os produtos importados para proteger a produção americana. 
Fazer da América uma torre de marfim é um projeto arriscado, mesmo para quem vive na torre Trump.

quarta-feira, janeiro 18, 2017

Haja alguém que os ponha no sítio

Desde há algum tempo, anos, deixei de acompanhar as comissões parlamentares de inquérito, que, provavelmente traindo os objectivos da sua criação, parecem tribunais populistas, achincalhando quem lhes sai na rifa. 
As tentativas de queimar Vítor  Constancio na comissão de inquérito ao BPN são um bom exemplo disso, com Nuno Melo no papel de incendiário. Deve ser de família.
Por isso é salutar haver alguém que não se atemorize e responda à letra aos deputados que se excedem, como aconteceu pela voz do ministro Centeno: "Peço desculpa por dizer, mas não faz a menor ideia do que é um banco".

Congresso de Jornalistas

Confesso que, com raras e honrosas excepções, não tenho sobre a actual geração de jornalistas uma opinião muito favorável.
Ainda assim, surpreende-me o que leio sobre o que se passou neste congresso. Para além das queixas generalizadas sobre as condições de trabalho e os baixa salários, parece que nada mais os une. A manipulação das notícias, a parcialidade do comentário político, a omnipresença do paleio futebolístico na televisão, nada disto preocupou o congresso. O convite aos patrões para encerrarem o congresso terá sido a cereja em cima do bolo, mas não deixa de ser um sintoma da doença que os afecta.



segunda-feira, janeiro 16, 2017

Tiro no pé


Lembram-se de Passos Coelho ter chamado cata-vento a Marcelo Rebelo de Sousa, cobardemente sem o nomear? Agora é o que lhe chamam os do seu partido...


domingo, janeiro 15, 2017

Passos a contrapasso

Passos Coelho, está contra. É a manchete mais frequente que se lê relativamente a iniciativas do governo. Foi contra a Caixa Geral de Depósitos que queria privatizar, agora é contra a nacionalização do Novo Banco. Foi contra o aumento do salário mínimo, agora é contra o acordo que o tronou possível.
Embora perdendo força, Passos Coelho insiste em alimentar o clima de crispação que impôs  ao país enquanto primeiro-ministro. 
Nem as declarações do presidente da república para serenar o ambiente político fazem  nele qualquer efeito.
Porém, pelo andar da carruagem, ou o líder do PSD muda, ou o PSD muda de líder. O país não pode continuar com o principal partido da oposição a contrapasso.


sexta-feira, janeiro 13, 2017

A tempestade perfeita

Se com a Rússia as coisas podem azedar, com a China já estão azedas.
A declaração do indigitado secretário de estado americano, Rex Tillerson, garantindo que os Estados Unidos não iriam permitir o acesso dos chineses a essas ilhas, teve uma reação imediata dos media oficiais chineses, que não se coibiram de ameaçar com uma guerra em larga escala.
O caminho de Trump para a Casa Branca parece um campo minado. 

quinta-feira, janeiro 12, 2017

O abraço do urso

Não vou decidir qual dos dois será o urso porque podem ser ambos. Afinal o namoro entre Trump e Putin talvez não seja por amor, nem sequer por amizade.
A hipótese de a Rússia ter matéria comprometedora sobre a vida privada de Trump, nomeadamente de cariz sexual, está ser veiculada pela BBC. A notícia refere o local (Moscow's Ritz-Carlton hotel) onde Trump terá sido apanhado, com um grupo de prostitutas, pelas câmaras que estarão montadas em todos os quartos dos hotéis de luxo de Moscovo, que visitou em 2013.
Fontes dos serviços secretos acrescentam que existem várias "video tapes" com imagens comprometedoras, algumas filmadas em São Petersburgo.

A possibilidade de o próximo presidente americano ser objeto de chantagem pelo seu "amigo" Putin está a ser encarada muito a sério, referindo também a notícia que Obama, o Congresso americano e o próprio Donald Trump já terão em seu poder documentação sobre o assunto.

Trump e Putin têm tratado estas notícias como fazendo parte de uma campanha para os desacreditar, mas a novela vai fazendo o seu caminho, aparentemente alimentada por fugas dos serviços secretos, não apenas dos países envolvidos.

Aguardam-se os próximos capítulos.



segunda-feira, janeiro 09, 2017

O que Mário Soares me ensinou

Falo por mim, mas certamente podia falar por muitos milhares, senão milhões.
As minhas primeiras referências a Mário Soares remontam às eleições marcelistas de 1969. Foi um período de relativo abrandamento da censura, que endureceria logo após o manobrado acto eleitoral. O PS ainda não tinha sido fundado e Soares concorreu com a sua Acção Socialista Portuguesa sob a sigla CEUD (Comissão Eleitoral de Unidade Democrática) que integrava alguns monárquicos e católicos de esquerda. 
As minhas preferências iam no entanto para a CDE de Tengarrinha e Pereira de Moura, o professor de  Económicas que nessa época era um ídolo da juventude académica.

Após o 25 de abril, no entanto, reparei que nem todos os antifascistas eram iguais - alguns até se julgavam "mais iguais do que outros" - e a democracia, a que até os fascistas da União Nacional subitamente aderiram, também tinha as suas nuances...

Pouco a pouco, porém, foi-se tornando claro que a matriz da democracia era a liberdade, algo que, sendo simples, é sistematicamente "esquecido": O panorama da comunicação social portuguesa e do comentário político onde não há pluralismo,  é um exemplo de como esse "esquecimento" põe em perigo a liberdade e a democracia.
Foi isto que Mário Soares me ensinou: a capacidade saber quando a liberdade corre perigo. Ninguém como ele identificou os responsáveis, denunciando-os na praça pública, alguns até do seu partido. Enquanto a vida lhe deu forças, nunca pactuou com os inimigos da liberdade. 
É esta a herança que nos deixa. 

sábado, janeiro 07, 2017

Mario Soares 1924-2017

Todos lhe devemos um pouco por não vivermos num "Portugal amordaçado".
Honremos a sua memória.

sexta-feira, janeiro 06, 2017

"Cresce, Donald. Cresce."


Muitos americanos, e não só, nunca levaram a sério o presidente eleito. Porém, como vai ser mesmo presidente, alguns começam a ficar preocupados porque, se no seu próprio país não é levado a sério, no resto do mundo também não o será.

quarta-feira, janeiro 04, 2017

O Twitter e o SMS

Se a América está a ser orientada pelos Twitters de Trump, qual seria o escândalo se a CGD fosse gerida por SMS e por e-mail?
Má língua de mafarricos.


domingo, janeiro 01, 2017

O ano de Guterres

É assim que o novo secretário-geral da ONU é visto lá fora: provavelmente o melhor entre os que o precederam naquele alto cargo. Nem mais nem menos. Motivo de orgulho para o próprio e para o seu país, com certeza, mas também um acréscimo de responsabilidade, face às expectativas.
Desejar-lhe um bom ano e muita sorte, que bem precisa.

Trump - Putin, jogos florais

Por enquanto, os elogios mútuos entre o presidente eleito dos Estados Unidos e o presidente da Rússia têm tido um único objectivo: isolar e molestar o ainda presidente Obama.
As respectivas mensagens de ano novo não fugiram deste figurino, mas está por provar se este namoro se mantém para lá de 20 de janeiro, quando deixar de fazer sentido provocar ciúmes a Obama.
Donald Trump é, de longe, a parte mais fraca neste jogo de brincar com o fogo e arrisca-se a ficar chamuscado. 
Os americanos dificilmente lhe perdoarão o desaire que constituirá o reforço da posição geo-estratégica da Rússia, objectivo indisfarçável de Putin.

Ao contrário de Trump,  que mesmo depois de eleito não saiu do registo provocatório e populista que o notabilizou, Putin tem mostrado bom senso em dossiers melindrosos, mas seria trágico para o mundo se os floreados  entre os dois acabassem como os beijos de burro.