quarta-feira, novembro 29, 2017

Reencontros, ou o bom filho à casa torna ...

Desta vez, Marcelo não se mostrou a beijar velhinhas lacrimejantes, nem passeou por paisagens fumarentas, acompanhado por autarcas a culpar o governo pelos atropelos florestais nas áreas das respectivas autarquias.   Este filme já estava muito visto.

Agora foi ao Primeiro Congresso dos Gestores Portugueses. Porém, em vez de falar para gestores, falou para empresários, como se fossem a mesma coisa. Não são, os gestores são empregados dos empresários. Pode parecer semântica, mas não é. Os empresários são capitalistas, isto é, são os que arriscam, investindo capital nas empresas. Os gestores gerem, não arriscam nada.

 A intervenção de Marcelo dirigiu-se a capitalistas e fez suas as dores dos detentores do capital na crítica ao orçamento para 2018: favorecer os desfavorecidos em vez dos privilegiados. Um crime, no entender das associações patronais e respectivos peões de brega, os ditos gestores.

O alinhamento de Marcelo com eles só é surpresa para quem acredita em milagres. Ao reivindicar fatias do dinheiro dos contribuintes para "motivar" os empresários, Marcelo enquanto presidente da República Portuguesa está a dizer ao país qual é  a sua barricada. Sempre pertenceu à classe dominante deste país e, cedo ou tarde, isso havia de vir ao de cima. As selfies e os beijinhos nas velhotas são manobras típicas de personagens elitistas que de vez em quando até são capazes de vestir calças de ganga  e calçar botas, fingindo que se sentem bem entre o povoléu. 
Pura demagogia. Quando sentem os privilégios do seu grupo ameaçados, não há máscara que se aguente.




segunda-feira, novembro 27, 2017

"Está dito"

Não havia necessidade...

Rui Moreira, presidente da câmara do Porto,  não gostou de saber que parte do Infarmed ficará em Lisboa.
Parece que os  laboratórios, razão de ser do instituto, são financeiramente intransferiveis, apesar da vontade do executivo em engrossar o ego do autarca do Porto, já de si exponencial.
O país não é obrigado suportar tais custos.

domingo, novembro 26, 2017

Uma boa notícia

Para os mais novos, que já não foram obrigados a aprender  na escola primária o nome das linhas nem das estações por onde os comboios passavam, lembro que a linha da Beira Baixa começava na Guarda, entroncando com a linha da Beira Alta, e acabava no Entroncamento,  na linha do Norte.
No troço que vai ser recuperado, serão  reactivadas as estações ou apeadeiros de Barracão - Sabugal, Benespera, Maçainhas, Belmonte - Manteigas e Caria.
Parabéns ao governo e às povoações afectadas.

Chamo no entanto a atenção do governo para que não se esqueça de reactivar,  como prometido,   o troço da linha do Douro entre o Pocinho e Barca d'Alva, por onde passou Eça de Queiroz vindo de Paris (A Cidade e as Serras), mas que um século depois foi encerrado, privando os passageiros da linha do Douro de apreciarem a paisagem final do Douro Superior onde se produzem vinhos de qualidade igualmente superior, incluindo o Barca Velha, provavelmente o melhor vinho tinto português.

quinta-feira, novembro 23, 2017

Infarmexit e outros sintomas

A agência Europeia do Medicamento (EMA) vai sair de Londres para Amesterdão porque o Reino Unido decidiu sair da União Europeia.
O Infarmed saiu de Lisboa não se sabe bem porquê.   Do governo dizem que foi do interesse nacional, mas a vox populi diz que foi para satisfazer o ego do presidente da  câmara do Porto, abalado por não ter conseguido ficar com a EMA. 
Quanto ao interesse nacional estaria também salvaguardado em Lisboa, tal como até agora. Resta a segunda hipótese que, como critério de tomada de decisões de um governo, deixa muito a desejar.

Há pelo menos uma certeza: Nesta decisão, tal como na decisão de ser o Porto a concorrer à EMA quando a candidatura de Lisboa já estava lançada, ninguém se preocupou com os custos, o que parece estar a tornar-se num hábito e num péssimo sintoma.

quarta-feira, novembro 22, 2017

Fazer marcha atrás

Os acordos a que o governo terá chegado com os sindicatos dos professores provocaram um turbilhão de reivindicações de outros sectores do funcionalismo público, exigindo tratamento igual.
Em Portugal confunde-se o igual com o igualitário e resulta dessa confusão o facto de as carreiras da função pública terem por base a antiguidade, quando devia ser o mérito.
Com tal critério, em alguns sectores bastará  deixar passar o tempo para se atingir  o topo da carreira. Uma aberração, que sai cara aos contribuintes.

Uma função pública onde a antiguidade subverta o mérito, além de ser um mau exemplo, prejudica o país e cria um fosso discriminatório com os trabalhadores do sector privado, gerando tensões sociais.

Acresce que não há dinheiro para satisfazer todas as reivindicações corporativas de que os sindicatos da função pública se lembram com o beneplácito entusiástico do PCP e do BE, partidos que apoiam o governo,  mas cujas propostas orçamentais só têm  um sentido: aumentar a despesa...



domingo, novembro 19, 2017

Silêncios comprometedores


Há silêncios que falam pelos cototovelos.

quinta-feira, novembro 16, 2017

Angola, revolução tranquila?

O afastamento de elementos da família de José Eduardo dos Santos de postos chave em empresas estatais, bem como a resolução de contratos que algumas empresas da família Santos tinham com o estado angolano, são acontecimentos invulgares.

Que um presidente, pouco depois de ser eleito, afaste os familiares do que o precedeu, parece uma purga. Resta saber se essa purga se destina a uma mudança substantiva ou é mera cosmética para mudar de caras e ficar tudo na mesma.
É cedo para se tirarem conclusões, mas, em Angola, o risco destas mudanças não serem pacíficas é real.




quarta-feira, novembro 15, 2017

Se...

terça-feira, novembro 14, 2017

A Fraude



Só não viu quem não quis ver...


segunda-feira, novembro 13, 2017

"Com políticos e jornalistas destes nunca mais o país sai da parvónia"

Pois é. O falatório à volta do jantar no Panteão já enjoa. Aliás, deixou de se justificar a partir do momento em que ficou decidido acabar com eventos festivaleiros no local. 
A continuação do tema nas televisões e na boca dos políticos, além de sintoma de falta de assunto - o que em políticos inidicia estupidez -, nos jornalistas e comentadores confirma a preguiça a que há muito se dedicam.
Quem perde é o país que com esta gente não passa da cepa torta.
(Título copiado daqui)



domingo, novembro 12, 2017

Padrinhos e afilhados

Os afectos do presidente Marcelo não se limitam a selfies. Certamente inebriado  pelos beijinhos que recebe e dá a quem se põe a jeito, deu-lhe para inventar uma madrinha para todos os portugueses. 
Talvez ele esteja agradecido pelos padrinhos que lhe arranjaram, mas nem todos querem ser afilhados de tal madrinha. Vade retro...

sábado, novembro 11, 2017

Na feira

Assunção Cristas "chocada" com palavras do ministro da Saúde, por ter criticado as greves de  profissionais de saúde, insensíveis a um certo país velho, doente e abandonado.

De visita à feira da Golega, a líder do CDS rejeita essa ideia porque o país tem o cavalo lusitano e produtos agrícolas muito bons... 

Não sei se a CAP lhe perdoará o esquecimento dos touros de luta.

São Martinho, castanhas e vinho...

quarta-feira, novembro 08, 2017

Emendar a mão

A prisão preventiva dos independentistas catalães, além de ser juridicamente questionável como abordamos em texto anterior, veio dar força aos que lutam pela independência da Catalunha, um efeito contrário ao pretendido pela desastrada decisão.

Por isso, ou porque as reações internacionais à prisão dos líderes catalães estão longe de ser favoráveis ao governo de Madrid,  consta que o Supremo Tribunal de Espanha se prepara para avocar os processos e revogar aquela decisão.

Quando a justiça é usada para resolver problemas políticos, deixa de ser justiça.


terça-feira, novembro 07, 2017

Diabo em forma de gente

O mafarrico tem muitas caras e algumas nem disfarçam o fogo que as consome.
Não sou perito, mas parece que o orçamento para 2018 está a incomodar muita gente porque, afinal, cumpre as metas do deficit sem rejudicar o desenvolvimento nem aumentar os impostos.
Obviamente, o Diabo não gosta e os acólitos barafustam. É só raivinha.

domingo, novembro 05, 2017

Chapelada

Habitualmente discordo do que escreve Henrique Raposo, mas desta vez tiro-lhe o chapéu.
Que o sector do turismo paga mal aos seus trabalhadores é degradante, face ao sucesso do sector. Porém, como refere também o cronista no mesmo artigo, infelizmente o turismo não é o único sector de sucesso que assim se comporta com os seus trabalhadores. O do calçado é o exemplo referido, mas os exemplos multiplicar-se-iam se nos debruçássemos sobre cada um dos sectores empresariais portugueses.

Continuamos a ter uma economia baseada em salários muito baixos, o que, ao contrário do que defendem os empresários com a ajuda dos partidos de direita, não favorece a economia do país nem melhora as condições de vida de quem trabalha.

Por isso registo o facto de um cronista, que por norma alinha com as posições da direita, critique e com razão os salários miseráveis praticados pela hotelaria, mas não só.


sexta-feira, novembro 03, 2017

Justiça e tiros no pé

A recente prisão preventiva de vários membros do governo autónomo da Catalunha, na sequência da declaração unilateral da independência daquela região, levanta algumas questões:

Embora não seja essa a prática em Portugal, a prisão preventiva é uma medida excepcional, não devendo prevalecer face aos direitos individuais, como a liberdade. Por isso, num estado de direito democrático deveria ficar reservada a arguidos indiciados  por crimes cuja violência  põe em causa a vida em sociedade. Aplicá-la a arguidos indiciados por crimes não violentos não se justifica em democracia, seja em Espanha, Portugal, ou em qualquer estado de direito. Há outras formas de garantir a aplicação da justiça.

O uso abusivo da prisão preventiva revela a dificuldade dos agentes da justiça em justificar a acusação, esgotando por vezes os prazos da prisão preventiva sem produzirem acusação. Na prática é uma punição antes da condenação, o que resulta numa flagrante injustiça

A luta pela independência da Catalunha pode não ter fundamentos válidos mas, até agora, foi feita por meios pacíficos, pelo que não se entende que os líderes que deram a cara por essa luta sejam presos antes de serem julgados e condenados.

Do ponto de vista político, a prisão preventiva dos elementos do governo catalão, além de não se justificar juridicamente, é um revés que quem defende a integridade territorial de Espanha dispensaria...

quarta-feira, novembro 01, 2017

Rezar para chover

Quando o cardeal de Lisboa aconselhou a oração para fazer chover, já o IPMA, Instituto Português do Mar e da Atmosfera, anunciava chuva para esta semana. 
A atribuição milagreira  a eventos previsíveis não é de agora: Saramago insinua no Memorial do Convento que quando os frades franciscanos "garantiram" a Dom João V que Deus lhe daria um filho se prometesse construir-lhes um convento, já a rainha, Maria Ana da Áustria, estaria grávida do futuro rei Dom José I...

Como habitualmente quando se trata de dinheiros públicos,  também Dom João V foi generoso a cumprir a promessa mandando construír em Mafra o maior convento de Portugal, sem esquecer a Tapada onde o seu hepta-neto, Dom Carlos I, ainda caçou.

Não se conhecem as exigências de Dom Manuel Clemente para fazer chover. Conventos estão  fora de moda, mas há por aí muito colégio à espera do orçamento...