domingo, dezembro 30, 2007

Os Bons e os Maus

Chegados a Dezembro, os jornais, as televisões e os blogues designam as personalidades e acontecimentos que marcaram o ano, para o melhor e para o pior.
Mas, se o equilíbrio da justiça não se compadece com juízos inquinados de proximidade, distinguir os bons dos maus, no mundo diversificado e complexo em que nos cabe viver, também não é tarefa fácil.

Na prática, o que se avalia é a mediatização, pois o que não é mediatizado não é avaliado.
Fica por saber se o que interessa à mediatização é o que interessa aos cidadãos e é aqui que (também) se distinguem os bons dos maus.

Bom Ano de 2008.

sexta-feira, dezembro 28, 2007

Benazir Bhutto



Era uma mulher livre, culta e laica, crimes que os senhores das trevas não toleram.

quinta-feira, dezembro 27, 2007

Crimes da Noite (do Porto e não só...)

"Donos de bares da zona histórica do Porto aconselharam hoje os seus clientes a redobrarem a atenção para o fenómeno do «drink spiking», que consiste na adição de substâncias psicotrópicas em bebidas para facilitar roubos ou violações. " (Diário Digital)

quarta-feira, dezembro 26, 2007

Eram da Conchinchina

Depois de ter celebrada a Missa do Galo, António Aires, pároco de Sanfins do Douro, dirigia-se para Alijó na sua viatura, quando “terá sido interceptado na estrada por um grupo de “três ou quatro indivíduos” que o sovaram e abandonaram seminu.

Logo que a notícia chegou à paróquia, gerou-se uma onda de solidariedade e “em todas as conversas garantia-se que o crime só podia ter sido cometido por estranhos. “De Sanfins do Douro é que não foi ninguém”, juravam.
Ninguém gosta de ter um criminoso por vizinho, mas empurrar as culpas para a Conchinchina não é sintoma de lucidez.

segunda-feira, dezembro 24, 2007

Natal

Boas Festas!

Crimes da Noite de Lisboa

Acontecem diariamente aos olhos de todas as autoridades (ASAE incluída) nos bares de Santos, do Saldanha e do Bairro Alto, onde, por um Euro, os criminosos vendem shots de álcool puro aos adolescentes de 12, 13 e 14 anos.
(Com a devida vénia a FJV – A Origem das Espécies)

domingo, dezembro 23, 2007

Desmantelar o Estado – Primeira medida

Está na altura de o Governo nomear para presidente da CGD uma personalidade próxima da área do maior partido da oposição».

O que Luís Filipe Meneses não revelou na entrevista em que professou a sua paixão por Sarkozy (põe-te a pau Carla Bruni!) é que o seu "Desmantelamento de Estado" começava pela Caixa Geral de Depósitos.

sábado, dezembro 22, 2007

As maiores árvores do distrito da Guarda

“Num concurso promovido pela Associação de Transumância e Natureza (ATN) de Figueira de Castelo Rodrigo foram distinguidos 13 exemplares de oito espécies autóctones da região, com destaque para um carvalho-negral de João Bragal (Guarda), com 16 metros de altura e seis de perímetro do tronco, e um imponente sobreiro de Nave Redonda (Figueira de Castelo Rodrigo) de 12,6 metros de altura e seis metros de perímetro do tronco.” (O Interior)

sexta-feira, dezembro 21, 2007

“Portugal naquelas mãos?”

“Na noite de 21 Junho de 2004 – cinco dias antes de o país ser oficialmente informado de que a Comissão Europeia teria um novo presidente chamado José Manuel Durão Barroso –, Cavaco Silva soube, quase por acaso, da inopinada partida de Durão para Bruxelas. E ficou branco como a cal.
Jantando com ele nessa noite em casa de amigos comuns, pude testemunhar o grau de total ignorância em que se encontrava o antigo primeiro-ministro sobre os ideais europeus do seu antigo pupilo. “Mas isso significa entregar o país a Santana Lopes e a Paulo Portas...!” exclamara Cavaco Silva logo após um dos presentes – informado da notícia, via Bruxelas, nessa mesma tarde – ter lançado para o ar do jardim onde se jantava, a bomba atómica da partida de Durão Barroso.

A estranheza de Cavaco era total, a aflição, pior. Saiu dali subitamente envelhecido: Portugal naquelas mãos?” (Maria João Avilez)

Alienações e cumplicidades

O artigo e a coragem de José Pacheco Pereira merecem abordagens mais sérias.

quinta-feira, dezembro 20, 2007

A Birra

Ao recusarem colaborar na investigação dos crimes da Noite do Porto os magistrados do Ministério Público do Porto puseram em causa a administração da justiça.
A independência sem limite é impunidade.

terça-feira, dezembro 18, 2007

Um comboio para Barca d’Alva (II)

“Acordei envolto num largo e doce silêncio. Era uma estação muito sossegada, muito varrida com rosinhas brancas trepando pelas paredes – e outras rosas em moitas, num jardim, onde um tanquezinho abafado de limos dormia sob duas mimosas em flor que recendiam. Um moço pálido, de paletó cor de mel, vergando a bengalinha contra o chão, contemplava pensativamente o comboio. Agachada rente à grade da horta, uma velha, diante da sua cesta de ovos, contava moedas de cobre no regaço. Sobre o telhado secavam abóboras. Por cima rebrilhava o profundo, rico e macio azul de que os meus olhos andavam aguados.
Sacudi violentamente Jacinto:
- Acorda, homem que estás na tua terra!
Ele desembrulhou os pés do meu paletó, cofiou o bigode, e veio sem pressa, à vidraça que eu abrira, conhecer a sua terra.
- Então é Portugal, hem?... Cheira bem.”
(A Cidade e as Serras – Eça de Queirós)


A “estação muito sossegada, muito varrida, com rosinhas brancas” de que nos fala Eça é a estação de Barca d’Alva, onde o comboio chegou há 120 anos e por onde o nosso maior romancista faz passar Jacinto e Zé Fernandes, na viagem que os trouxe de Paris até Tormes.

Tal viagem hoje não seria possível, pois há anos que a linha do Douro se interrompe no Pocinho e, desde então, a estação de Barca d’Alva deixou de ser varrida.

No entanto, depois de muitos anos de degradação, parece que finalmente “existem verbas no próximo Quadro de Referência Estratégica Regional (QREN) para a requalificação do troço de 28 quilómetros” que separam o Pocinho de Barca d'Alva, e, como há 120 anos, pode ser que o comboio do Douro se enamore outra vez do rio e não o perca de vista "até se ficar nos laranjais de Barca d’Alva, cansado e tonto de serpentear nas margens". (Bichos do Mato).
Reservem já o bilhete e, a quem se surpreender com o cheiro dos laranjais, respondam como Zé Fernandes:

“- Está claro que cheira bem, animal!”

domingo, dezembro 16, 2007

Cumprir os mínimos

Anda para aí algum rebuliço porque o Tribunal Constitucional decidiu, finalmente, aplicar a lei. Na verdade, se para formar um partido se exige o mínimo de 5.000 assinaturas devidamente reconhecidas, a existência de partidos com menos militantes não tem base legal.

Não se trata de silenciar minorias mas apenas de dar sentido à lei e acabar com o oportunismo dos que se têm aproveitado da inércia da justiça, usufruindo de um estatuto para o qual não reúnem condições.
As minorias que não têm dimensão para formar partidos podem recorrer a outras formas de associação cívica.

sábado, dezembro 15, 2007

“Cuidado, muito cuidado…”

Se os polícias e magistrados do Ministério Público do Porto se sentem incomodados com a nomeação de uma magistrada de Lisboa para coordenar a investigação dos crimes da “Noite do Porto”, vejam lá como é que os portugueses se hão-de sentir depois de lerem este artigo de José Pacheco Pereira.
(Com a devida vénia ao blogue Da Literatura)

Devaneios e realidades (Ota, Montijo e Alcochete)

“…Quando eu era comandante do Montijo já perdia muitas horas a trabalhar para conseguir equilibrar o tráfego, que era militar e a maior parte de helicópteros, e a fazer coordenação com o aeroporto de Lisboa. Eu tinha a esquadra de tráfego aéreo debaixo da minha responsabilidade e era preciso muita habilidade para conseguir conciliar o tráfego militar do Montijo com a Portela. Imagine agora o tráfego civil no Montijo a ser conciliado com a Portela. É impossível.”
........


“A Base do Montijo está assente em cima de uma zona de águas residuais, águas salobras, que são acrescentos da foz do Rio Tejo, e o nível freático chega a estar a 23 centímetros da superfície. Como é que é possível ter consolidação para um aeroporto civil? Sabe que muitos aviões americanos que vinham dar apoio a Portugal tinham de aterrar na Portela porque a pista do Montijo não tinha consistência para isso. Agora imagine aterrarem lá aviões como Airbus 340, o Boeing 747 e por aí adiante. É impossível. A base do Montijo não tem resistência para ser aeroporto civil. Não serve.”
....

“- Como é que justifica que técnicos falem do Montijo como uma hipótese?
- Porque só analisaram o problema económico. Não do ponto de vista técnico. Não conhecem o Montijo. Nunca lá foram. Se lá forem vêem.”
……………….

“- Portela com Alcochete admito. Embora possam existir grandes inconvenientes em matéria de gestão de aeroportos. Tal e qual como os franceses que já chegaram à conclusão que não podem coexistir Orly e Charles de Gaulle em Paris. Vão fazer um novo aeroporto a norte de Charles de Gaulle. O que eles gastam a transportar passageiros de um lado para o outro é uma fortuna.”
………………….

“- Não acha estranho que do ponto de vista oficial se tenha colocado a Ota como a única alternativa à Portela?
- O João Cravinho diz que optaram pela Ota porque não queriam ir para a solução do Marcelo Caetano.
- A solução Marcelo Caetano é Alcochete?
- O que ele diz é que a solução Marcelo Caetano visa grandes empreendimentos imobiliários dos grandes lóbis do País, como o grupo Espírito Santo e a Sonae. A Sonae está em Tróia e o grupo Espírito Santo na Comporta.”
……
“…tenho indicações de que o grupo Espírito Santo está muito empenhado em que o aeroporto vá para a margem esquerda para o desenvolvimento da Quinta do Peru e da Comporta.”


(Excertos da entrevista de Marques de Almeida (coronel piloto aviador, ex-comandante da base aérea do Montijo) ao
Correio da Manhã)

sexta-feira, dezembro 14, 2007

Melindres

Os magistrados do Ministério Público do Porto (e não só) não gostaram que o Procurador-geral da República tivesse nomeado gente de fora para liderar a investigação dos homicídios da “Noite do Porto”. (DN Online)

Como se os desmandos da “Noite do Porto” fossem de ontem e os autarcas locais não responsabilizassem Lisboa pela insegurança do Porto…

quinta-feira, dezembro 13, 2007

A máscara do contra

Referendar o Tratado de Lisboa não deriva de qualquer exigência constitucional. Pelo contrário, a constituição atribui ao Parlamento a competência para ratificar tratados, como aliás sucedeu quando da adesão à Comunidade Europeia.

A exigência do referendo é apenas um disfarce dos que estão contra o progresso da União Europeia.
Retirar da Assembleia da Republica a ratificação do Tratado de Lisboa seria uma violação encapotada da Constituição e prestaria um tributo à cobardia dos grupos que se movimentam em fronteiras ideológicas onde não cabem a liberdade e a democracia que sustentam a Europa, mas cujas benesses não enjeitam.

terça-feira, dezembro 11, 2007

Os melhores ministros

Trinta anos de democracia chegam para perceber que os ministros cuja demissão é exigida com regularidade concertada são os que enfrentam os lobies que sugam o erário público.

segunda-feira, dezembro 10, 2007

“Ensaio sobre a cegueira”

Ainda cai o pano sobre a cimeira Europa-África e já os arautos do costume se levantam para criticar aquilo que aos olhos da generalidade dos participantes e observadores foi uma iniciativa bem sucedida.

Até agora, as cimeiras Europa-África apenas se realizaram nas presidências portuguesas da União Europeia. Quem pensa que foi por acaso, não percebeu nada.

domingo, dezembro 09, 2007

À boleia

A cimeira União Europeia – União Africana não concentra apenas as atenções das organizações dos direitos humanos e da Greenpeace.

Também os partidos da oposição se põem na bicha para aparecer nas primeiras páginas, à boleia da cimeira.

Martins da Cruz (PSD), certamente ainda sobressaltado por o arrancarem ao sossego das pantufas, saiu-se com esta: “O PSD é a força política «mais bem preparada» para concretizar as intenções da cimeira”
Se a preparação se fizer apenas com presunção e água benta, estamos conversados...

O PCP, que não mexeu uma palha quando a União Soviética e Cuba tentaram ocupar o lugar dos portugueses nas antigas colónias, acusa agora a União Europeia de neocolonialismo.
Que falta de imaginação, Jerónimo!

Até Manuel Monteiro se põe em bicos de pés para acusar os juristas portugueses de "falta de coragem" por não agirem contra Mugabe.
Ah valentes!

sexta-feira, dezembro 07, 2007

A Cimeira UE-África e os politicamente correctos

Os "bem-pensantes" que agora se escandalizam com a presença dos ditadores africanos em Lisboa são os mesmos que durante décadas lhes desculparam os desmandos, atribuindo-os ao colonialismo.

quarta-feira, dezembro 05, 2007

Lição do dia

Perante a irresponsabilidade da ameaça nortista, valeu a sensatez sulista, quiçá elitista e liberal.

terça-feira, dezembro 04, 2007

“Sem dramas”

“(Se eu revelasse alguns nomes publicamente, acreditem que a blogosfera de direita nunca mais seria a mesma).”
Desabafo (contido) de Tiago Mendes, ou a descoberta de que a discussão de ideias na direita portuguesa tem a transparência de um campo minado.

Bem-aventurados os que se surpreendem.

segunda-feira, dezembro 03, 2007

Falar claro

O que Chávez tentou fazer na Venezuela foi acabar com a democracia.
Sem alternância, não há democracia …