sábado, junho 29, 2013

O Exterminador

Corria o risco de ficar conhecido por "amigo do Relvas", mas esse risco acabou: Ficará na  história como "O Exterminador".

sexta-feira, junho 28, 2013

Olhares

 
 
 
 
A lógica continua a ser uma batata  

“Ricardo Costa e o PEC IV”

Ricardo Costa tem um grande problema: É irmão de António Costa.
António Costa é respeitado por amigos e adversários; Ricardo Costa é amigo dele próprio, o resto, são inimigos a abater.
António Costa é generoso e magnânimo; Ricardo Costa é pequenino, mas não é da altura.
António Costa é intelectualmente honesto; Ricardo Costa raciocina com pedras nos sapatos…
António Costa é de esquerda; Ricardo Costa finge que é de esquerda.
António Costa gosta de José Sócrates, Ricardo Costa gosta da Troika.

segunda-feira, junho 24, 2013

Quem passa por Alcobaça...

Por Alcobaça, não se passa impunemente...


Um calhau


Na feira do granito, o ministro Poiares Maduro misturou-se com a multidão a puxar um pedregulho. Interpelado por um empresário local, meteu os pés pelas mãos, provando-se mais uma vez que "um calhau, ainda que tenha dois olhos" , não deíxa de ser calhau.

domingo, junho 23, 2013

A década perdida


Durão Barroso abandonou Portugal vai para dez anos. Lembram-se?
Que dizer de alguém que se candidata a primeiro-ministro e, mal lhe acenam com uma cenoura, abandona o cargo como quem muda de camisa e deita para o lixo os compromissos assumidos com os eleitores? Só em Portugal...

Muitos desculparam-no, porque seria importante ter um compatriota "à frente dos destinos da Europa"...
Dez anos volvidos, o balanço é desolador: Portugal nada beneficiou da sua presença à frente da Comissão Europeia, suspeitando-se até que foi prejudicado, como se prova pela actuação da Troika.

Prestes a acabar o seu último mandato, Durão Barroso é hoje uma figura política desprestigiada, tal a facilidade em se deixar manipular pelos diferentes poderes da Europa. O seu estorço para se enquadrar nas estratégias de quem manda não passou despercebido: Os franceses chamam-lhe camaleão, mas é um artista português...
O seu apoio às políticas de austeridade é por demais conhecido. E, no entanto, será o primeiro a criticá-las, mal se dê conta de que o vento mudou...

sábado, junho 22, 2013

A honra e a vergonha


Nos últimos tempos, a honra tem estado em alta, com mínimos de 1300 euros.
A vergonha é que anda pelas ruas da amargura: Até já escondem os emblemas...

sexta-feira, junho 21, 2013

Relvas não diria melhor... Ou pior?



Mais uma poia do académico Poiares

quinta-feira, junho 20, 2013

Frenesim


Perante uma lei escandalosamente inconstitucional, o presidente nem pestanejou: Promulgou-a em 24 horas.
Já ninguém tem dúvidas da cobertura política de Cavaco Silva às asneiras do governo. A dúvida é saber se as trapalhadas do governo são inspiradas por Cavaco...

quarta-feira, junho 19, 2013

Revolta no Porto

"Rui Rio acaba com feriado de São João"

Um Relvas com canudo?


Para tentar limpar a nódoa deixada pelo canudo de Miguel Relvas, Passos Coelho achou por bem convidar uma personalidade com canudos acima de qualquer suspeita. Foi assim que Poiares Maduro chegou ao governo e, para que não houvesse duvidas, começaram logo  a tratá-lo por "académico"...
A generosidade do currículo de Maduro parece areia demais para a camioneta de um governo a transbordar de incompetência, mas, apesar disso, esperava-se que a diferença com Relvas não se ficasse apenas pelo método como conseguiram os respectivos diplomas.
No entanto, lamentavelmente, as intervenções pouco maduras do Poiares parecem cada vez mais as partes gagas do Relvas.
Só falta ouvi-lo cantar a Grandola...

terça-feira, junho 18, 2013

A balbúrdia


O desentendimento entre os sindicatos dos professores e o ministério da educação transformaram um dia de exames, que devia ser tranquilo, numa balbúrdia.

Claro que cada um empurra as culpas para o outro, mas não é a primeira vez que os sindicatos escolhem os dias em que há exames marcados para fazer greve. A lei permite-lhes esse abuso, e já se percebeu que o bom senso não está sindicalizado...
Se se quer defender a escola pública, sobretudo no básico e no secundário, que é onde o laxismo tem degradado o ensino, é tempo de corrigir o que está mal, alterando a legislação que permite tais abusos e defendendo a sociedade dos excessos do sindicalismo público-corporativo.
Os interesses dos professores não podem prevalecer sobre os interesses dos alunos.

segunda-feira, junho 17, 2013

"Vitórias"

Ministério: "mais de 70% dos alunos realizaram hoje os seus exames."
 
Fenprof: "Fenprof aponta para adesão de 90% à greve"
 

João Pinto e Castro (1950 - 2013)


(Homenagem a uma pessoa que conheci  pelos blogues. Copiado daqui)



OS TRABALHOS DE SÍSIFO

João Pinto e Castro 

I

No início da Primavera de 2011, um vento de loucura assolou a sociedade portuguesa. Durante os meses seguintes, sucederam-se em catadupa decisões que, desafiando toda e qualquer racionalidade, conduziram o país para uma via perigosa e sem retorno. 

Tudo começou com a recusa de uma proposta de ajuda financeira da União Europeia que, evitando o modelo já então aplicado na Grécia e na Irlanda, não só excluía imposições excessivamente duras como reservava para o governo português uma considerável de manobra.

Logo de seguida, a oposição, apoiada pelo grosso da comunicação social (e, muito em especial, pelos mais destacados comentadores económicos), declarou unilateralmente a bancarrota do país, reivindicando por decorrência a plenos pulmões um pedido urgente de resgate sem cuidar demasiado de saber que condições poderiam estar-lhe associadas. Satisfeita a exigência, as forças vivas estenderam uma passadeira vermelha e lançaram foguetes para receber as forças libertadoras da troika desembarcadas com pompa e circunstância no aeroporto da Portela. 

Viu-se então um governo demissionário e fragilizado, que usualmente se deveria limitar a funções de gestão, forçado a negociar com a troika em vésperas de eleições antecipadas um acordo que evidentemente condicionaria a governação do país por muitos e muitos anos. Como se isso não bastasse, tanto a oposição como luminárias avulsas pressionaram a troika, pessoalmente ou através da comunicação social, a aplicar mais duras penas a este povo execrável que tão criminosamente se dedicara a viver acima das suas possibilidades. 

Conhecido por fim o teor do memorando, foi muito aplaudida a competência dos técnicos alienígenas por, em poucos dias, terem sido capazes de arquitectar o programa de regeneração económica por que o país há décadas ansiava. Porém, não eram ainda decorridos três meses quando o novo primeiro ministro, entretanto eleito, com orgulho revelou ao mundo a sua intenção de agravar a dose da punição que nos fora infligida, indo, assim, “além da troika”. 

Eis, porém, que, dois anos de recessão decorridos sobre a assinatura do acordo salvador, com uma mão à frente e um memorando atrás, o mesmíssimo país que há tão pouco tempo exultou com os termos da sua própria condenação, confuso com o rumo que as coisas tomaram, tenta perceber o que se passou e que futuro pode razoavelmente esperar. 

II

Em Julho de 2011, um Portugal ansioso teve a honra de ser apresentado ao seu novo Ministro das Finanças. A postura hirta, o discurso arrastado, as olheiras cavadas – todos esses e ainda outros traços do seu aspecto e linguagem corporal foram na altura interpretados como outros tantos sinais de inquestionável génio. Depois, Gaspar chegava até nós vindo directamente do Olimpo da União Europeia e do Banco Centro Europeu, onde os deuses da política, da economia e da finança discutem gravemente e ponderadamente traçam os destinos dos metecos que todos nós somos. 

Ainda não tivera tempo para aquecer o lugar, e já Vítor Gaspar identificara um (jamais cabalmente justificado) “desvio colossal” na execução orçamental de 2011, que justificou o anúncio de uma primeira e drástica punção sobre os subsídios de Natal dos trabalhadores por conta de outrem. 

Para falar com franqueza, não era bem disso que se estava à espera. Uma boa parte da expectativa positiva em relação ao novo governo – e que aliás em muito facilitara a sua eleição – residia na crença generalizada de que a redução do défice se conseguiria sem dor para a população, nessa altura já muito martirizada pela conjugação dos efeitos da duríssima recessão de 2009 com as medidas de contenção orçamental aplicadas a partir de 2010. 

Efectivamente, os partidos de direita, quando na oposição, haviam brandido repetidamente uma lista de medidas inscritas numa folhinha de papel A4 que permitiriam, pelo simples corte nas gorduras do estado (organismos supérfluos) e contracção dos consumos intermédios, eliminar milagrosamente o défice orçamental. Chegou a afirmar-se estarem identificadas oportunidades de redução de despesas do estado de valor equivalente a 4 a 5% do PIB – o que, só por si, resolveria o problema. Sucede que, não sendo isso verdade, o governo prontamente renegou todas as suas promessas eleitorais e foi à procura de outras alternativas, privilegiando designadamente a via do aumento indiscriminado da carga fiscal sobre tudo o que mexe. 

Em 2011 e 2012, o governo propôs-se retirar da economia, sob a forma de impostos adicionais ou cortes na despesa pública, 18 mil milhões de euros; todavia, a redução efectiva do défice foi de apenas 5,8 mil milhões. Pelo caminho, desapareceram 12,2 mil milhões, o que dá uma ideia da ineficiência da via escolhida para reduzir o défice e travar o crescimento da dívida. 

O que estes números revelam é que o agravamento da austeridade muito para além do que se encontrava previsto no memorando de entendimento inicial teve efeitos muito contraproducentes. Por um lado, mais impostos e menos despesa pública implicaram uma redução drástica do consumo interno e do investimento, o que, por sua vez, gerou menos receitas fiscais efectivas e mais despesas com subsídios de desemprego e outros encargos sociais. Por outro lado, a recessão induzida pelo estado reduziu a base tributária e, por conseguinte, a capacidade de o país pagar a sua dívida externa. 

Ou seja, mesmo que aceitemos ignorar por instantes o cortejo de miséria induzida pela austeridade, o facto é que esta política económica nem sequer foi capaz de atingir os objectivos limitados que se propôs de reduzir significativamente o défice e travar o crescimento da dívida. Trata-se, pois, de um fracasso em toda a linha. 

Retrospectivamente, até os mais crédulos entendem hoje que tudo recomendava Vítor Gaspar para ministro das finanças de Portugal, menos o seu currículo. Em primeiro lugar, jamais desempenhara qualquer tarefa executiva em toda a sua vida profissional, um óbice de monta para quem se propõe nada menos que reformar um estado e as suas finanças. Em segundo lugar, há um manifesto conflito de interesses na nomeação para principal interlocutor da troika de alguém que acima de tudo anseia ser bem visto pelo Banco Central Europeu e pela Comissão Europeia, instituições ao serviços das quais esteve e cuja ideologia assimilou ao longo de vários anos. 

A contrário da Grécia, da Irlanda, da Espanha, da Itália ou de Chipre, Portugal tem um governo completamente alinhado com a troika, a sua doutrina e as suas exigências. Por isso mesmo, tem hoje, sem dúvida, o programa mais exigente de todos os que estão a ser aplicados a esse grupo de países. 

III

A teoria da austeridade expansionista é o fundamento ideológico sobre o qual assentam as políticas económicas e financeiras impostas aos países sob assistência pela Comissão Europeia, pelo Banco Central Europeu e pelo Fundo Monetário Internacional. 

Em Abril de 2012, dirigindo-se aos ministros da economia e das finanças da União Europeia, o economista de Harvard Alberto Alesina afirmou, invocando um estudo de 107 episódios de ajustamento fiscal que publicara no ano anterior, que cortes na despesa “grandes, credíveis e decisivos” foram frequentemente seguidos de períodos de crescimento rápido. O impacto dessas palavras pode ser avaliado pelo facto de terem sido citadas no comunicado final da referida reunião. 

Instalou-se, assim, nos círculos mais influentes na definição das políticas europeias, a convicção de que a austeridade teria revelado no passado as suas virtualidades como estratégia mais indicada para superar a estagnação e promover o crescimento do que as políticas, alegadamente obsoletas, de estímulo à procura de inspiração keynesiana. 

De uma forma apesar de tudo menos taxativa do que Alesina, também Carmen Reinhardt e Kenneth Rogoff incensaram as vantagens da austeridade quando os níveis de endividamento público ultrapassam um determinado patamar. Mais concretamente, indicaram no seu estudo Growth in Times of Debt de 2010 que, quando a dívida pública ultrapassa os 90% do produto, a taxa de crescimento da economia tende a ressentir-se, pelo que só a redução da dívida permite assegurar um crescimento sustentável. 

As alegações de Alesina e de Reinhardt e Rogoff foram entretanto amplamente desacreditadas. No que toca ao estudo de Alesina, apenas 27 dos 107 episódios indicados desembocaram em processos de expansão, e isso deveu-se a uma combinação de desvalorizações cambiais com significativas descidas das taxas de juro, circunstâncias que, obviamente, não são relevantes para a presente situação dos países que integram a zona euro. 

No caso das investigações de Reinhardt e Rogoff, para além de os autores jamais terem conseguido demonstrar o sentido da causalidade (é o endividamento que causa o baixo crescimento ou é o baixo crescimento que causa o endividamento?), descobriu-se recentemente que o trabalho por eles apresentado padecia de várias falhas graves, incluindo dados estatísticos errados, exclusão de alguns países e procedimentos de ponderação insustentáveis. 

Entretanto, já Olivier Blanchard, economista principal do FMI, fizera acto de contrição no World Economic Outlook de 2012, ao reconhecer que a subestimação dos multiplicadores fiscais numa situação económica como a presente tivera como consequência a desvalorização dos efeitos devastadores das políticas de austeridade sobre o emprego que agora estamos a presenciar em toda a Europa, mas, principalmente, nos países sob assistência. Para concluir, Ashoka Mody, o economista do FMI responsável pela estruturação do programa de resgate da Irlanda, que entretanto abandonou a organização, declarou mais recentemente ter chegado à conclusão de que as teorias da “austeridade expansionista” devem ser consideradas completamente equivocadas e contraproducentes. 

Como Paul Krugman escreveu, raramente uma teoria económica terá sido tão rápida e completamente testada e desacreditada pelos factos como esta. Apesar disso, escasseiam os sinais de uma inversão decidida da política económico-financeira na União Europeia. Merkel e Draghi acreditam basicamente naquilo que querem acreditar, e nem Lagarde nem Barroso parecem sentir-se embaraçados por produzirem frequentemente sobre o assunto declarações em absoluto contraditórias. 

IV

Mau grado as aparências, a chamada crise das dívidas soberanas é, antes de mais, uma crise política, não uma crise económica ou financeira. O que está em jogo é nem mais nem menos que a afirmação da hegemonia indisputada da Alemanha sobre a Europa, à revelia dos tratados livremente assinados e das práticas de estabelecimento de consensos na União Europeia consolidadas ao longo de décadas. 

Ao contrário dos EUA, a União Europeia não padece globalmente de desequilíbrios estruturais financeiros externos ou internos. Os problemas só emergem quando se decide dividir a União aos bocadinhos e começar a tratar as suas partes constituintes como situações isoladas sem relação umas com as outras. Foi isso que a Alemanha fez quando, na Primavera de 2010 decidiu, com o apoio do Banco Central Europeu e da Comissão Europeia, que cada país deveria a partir de então tratar dos seus próprios problemas – chegando, na altura, ao ponto de rejeitar liminarmente a mera possibilidade de bail-out a um estado membro. Nesse preciso instante, os investidores descobriram que, ao contrário do que haviam acreditado, na zona euro não existia nenhum emprestador de última instância. Por inescapável decorrência lógica, começaram de pronto a crescer os spreads da dívida dos países em situação mais delicada. 

Para sermos mais exactos, a situação presente na União Europeia resulta da conjugação de três circunstâncias que mutuamente se reforçam: a) a vontade de afirmação hegemónica política e económica da Alemanha em variante low-cost; b) a prevalência nos círculos mais influentes do poder monetário e financeiro europeu de doutrinas económicas obcecadas pela redução do peso do estado na economia; c) o empenho dos governos de muitos países europeus na condução de uma guerra social centrada no desmantelamento dos direitos e garantias sociais adquiridos desde a 2ª Guerra Mundial. 

O que torna esta coligação particularmente poderosa é a impossibilidade prática de ela ser combatida pelos métodos tradicionais da luta política: não só o voto se tornou ineficaz para determinar as políticas que são aplicadas ao nível nacional, como as instâncias dominantes ao nível europeu (com destaque para o Banco Central Europeu) se revelam totalmente imunes à vontade dos cidadãos europeus. O tradicional “défice democrático” europeu alargou-se nestas circunstâncias de estado de excepção não declarado até quase atingir o carácter de uma tirania à escala continental tutelada pela Alemanha. 

O euro não é uma zona monetária propriamente dita. Para que pudesse ser assim considerado teria que incluir uma união bancária, uma união fiscal e um banco central que funcionasse efectivamente como um emprestador de última instância. Na sua presente configuração, o euro funciona apenas e só como um sistema de paridades cambiais fixas que dificulta em extremo processos de ajustamento financeiros como o actual – mas isso é exactamente o que a Alemanha sempre desejou. A ambiguidade, durante tantos anos alimentada pelas instâncias comunitárias, foi finalmente desfeita em 2010. Agora, ao menos, ninguém pode fingir que não entende. 

Pressionada pelo primeiro ministro italiano Mario Monti, Angela Merkel pareceu a dada altura aceitar o princípio da criação de uma zona bancária, para evitar que as eventuais crises de insolvência dos bancos ameacem a solvência dos países onde se localizam. Por outro lado, também aderiu passageiramente à ideia da união fiscal, não no sentido da emissão de euro-obrigações em condições bem definidas, mas na de impor a todos os estados membros a “regra de ouro” que os impede de apresentar défices orçamentais. Posteriormente, tendo a intervenção do Banco Central Europeu conseguido reduzir drasticamente os spreads das dívidas dos países em maiores dificuldades, Merkel decidiu unilateralmente adiar discussão de quaisquer transformações para 2014, depois das eleições legislativas alemãs. A Europa pode esperar

Se ninguém consegue arrancar à Alemanha um compromisso inequívoco com a constituição de uma zona monetária, menos sucesso ainda terá com o seu complemento indispensável que é a união política, ou seja, a criação de uma federação europeia com um governo que emane democraticamente de um parlamento europeu eleito pelos povos. A união política seria um embaraço para os planos de hegemonia da Alemanha, por isso nada sugere que seja uma perspectiva viável, até porque o Tribunal Constitucional da república federal já torceu o nariz a seu respeito. 

Em conclusão, estaremos apenas a iludir-nos se colocarmos demasiadas esperanças nesse futuro risonho em que uma genuína zona monetária comum será finalmente complementada por uma federação democrática europeia. A manter-se o actual curso das coisas, a União Europeia que haverá nas próximas décadas será, mais coisa menos coisa, aquela que hoje há. Ponto final.

V

Sobrevive entre nós a poderosa ilusão de que, se Portugal cumprir persistente e obedientemente os compromissos assumidos perante a troika, mais cedo do que tarde o país libertar-se-á do presente espartilho e retomará o caminho da prosperidade. Acrescentam alguns que, tendo já sido percorrido um caminho tão árduo (o governo pretende que dois terços do ajustamento estarão completados) seria absurdo desistirmos agora que a meta está à vista. Fazê-lo, argumentam, equivaleria a “morrer na praia”, sendo essa praia o chamado “regresso aos mercados”. Sucede que o que nos espera é o deserto e não a praia. Nada de especial sucederá no dia em que, concluído o período de ajustamento, a troika deixa de visitar regularmente Portugal, porque, como já se tornou claro, a obtenção de financiamento externo depende integralmente da boa vontade do Banco Central Europeu, e esta só existirá se o governo do país continuar a obedecer aos ditames impostos pela União Europeia. 

Regressar aos mercados sob a tutela do Banco Central Europeu não só não resolverá nada, como, ainda por cima, tornará menos transparentes as condições associadas ao financiamento. Por outras palavras, neste momento todos sabemos o que nos foi imposto, porque estão escritos e são públicos os documentos que especificam as exigências. Ao contrário, quando desaparecer a troika, entraremos num quadro de maior arbitrariedade, dado que não só o BCE não tem que prestar contas perante nenhuma outra instância comunitária como pode recorrer a um simples e discreto telefonema para transmitir as suas ordens aos governos nacionais (como, de resto, já hoje acontece). 

Por outras palavras, mesmo que tudo corra bem (ou seja, que completemos com distinção o processo de ajustamento), tudo correrá mal (isto é, não teremos avançado um milímetro em relação ao ponto em que hoje nos encontramos). 

O Tratado Orçamental Europeu imposto em 2012 pela Alemanha como condição para viabilizar futuros aperfeiçoamentos do sistema monetário europeu tem duas consequência imediatas: a) prolonga no tempo a vigência das políticas de austeridade à escala continental; b) reduz drasticamente a margem de autonomia dos estados membros no que toca à sua política fiscal. Não só os países são proibidos de apresentarem défices anuais, como, no caso de Portugal, será necessário reduzir a dívida pública dos actuais 125% do PIB para 60% num horizonte de vinte anos. Por isso alguns responsáveis europeus começaram a falar de décadas de austeridade, com níveis permanentemente elevadíssimos de desemprego (particularmente de desemprego de longa duração e de desemprego jovem), como se se tratasse de algo perfeitamente normal e aceitável. 

Os anos Gaspar caracterizam-se pela tentativa de instaurar duradouramente em Portugal um estado de excepção não declarado, como se torna evidente quando algumas vozes argumentam que a própria constituição deveria subordinar-se às imposições da troika. Ainda assim, estamos apenas na antecâmara de uma era de prolongada degradação social e política, num quadro geral de decadência e humilhação nacional. 

Como Sísifo, estamos eternamente condenados a empurrar montanha acima um fardo insuportavelmente pesado para, chegados a cume, resvalarmos de volta ao ponto de partida e recomeçarmos o mesmo percurso. Em cada ciclo particular de esforço, não faltará quem nos assegure que estamos quase a chegar ao final das nossas penas. Porém, uma e outra vez, acabaremos por reconhecer a inutilidade dos sacrifícios. 

Do modo como as coisas se apresentam, não parece haver lugar para nós dentro do euro.

Lisboa, 1 de Maio de 2013



domingo, junho 16, 2013

Duros e cegos....



"...professores, um sector coriáceo (tão duro e tão cego que foi dos que mais ajudaram a instalar esta trupe no Governo)"


sábado, junho 15, 2013

Ao abandono


Governo não há e Cavaco também não ajuda nada. Presidente, Primeiro-ministro, ministros, são meros amanuenses da Troica. É esta a sensação que resulta do ziguezaguear a que se assiste: Durante dois anos, encheram-nos os ouvidos com a falta de alternativas à austeridade. Mas bastou alguém reconhecer que se enganou na Grécia, para, como se tivessem sido fulminados por um raio na estrada de Damasco, subitamente começarem a dizer mal do FMI e a reconhecer que a sacrossanta austeridade não será tão virtuosa assim.

Somos governados por pretensos académicos sem ideias próprias, que procuram o conhecimento nos títulos dos jornais e fazem do experimentalismo a sua ciência política.
Nao sabem para onde vão, porque ainda não sabem de que lado sopra o vento amanhã...

sexta-feira, junho 14, 2013

Nulo, ridículo e ilegal


“…-Por ter chamado ao Presidente da República "chulo", "ladrão" e "gatuno" e por ter lhe ter dito "vai trabalhar, mas é” , um homem de 25 anos foi preso, julgado e condenado a pagar 1300 euros de multa.
O pretenso crime à honra do Presidente da República ocorreu durante os protestos que acompanharam as cerimónias do 10 de Junho, em Elvas: O tribunal desta comarca quis mostrar trabalhio e apressou-se a condenar o homem. Meteu água: Não respeitou o formalismo do processo penal e provocou uma nulidade insanável...

quinta-feira, junho 13, 2013

Nem nas férias...


Nem nas férias se pode estar descansado...

quarta-feira, junho 12, 2013

Discreto, humilde...

"La Fiscalía se querella contra Messi por fraude fiscal"

Era só virtudes, o português é que tinha os defeitos todos...
Um sonso, como o padrinho Platini.

Rumo ao Póstroika




terça-feira, junho 11, 2013

Póstroika - "O dia seguinte"


Andam aí uns cavaquistas-novos (não confundir com os cavaquistas-velhos, que estão a contas com a justiça, ou “reformados” à moda de Catroga) muito preocupados porque ninguém liga ao apelo do Presidente da República para discutir o póstroika.
Discutir o póstroika é pôr-se a adivinhar quem vai ganhar o campeonato antes de o campeonato começar, mas se as televisões passam as noites das segundas-feiras a discutir futebol mesmo que não haja jogo, também se pode  discutir o póstroika, quando não se quer discutir o que realmente interessa.
Para começar, era bom saber que equipa vai defrontar o póstroika, porque se for a mesma do durante-a-troika (Cavaco, Passos, Gaspar, Portas, FMI, EU, BCE), perdem os mesmos e no fim ganha a Alemanha…

Portanto, a primeira coisa a fazer é uma limpeza de balneário, algo que Cavaco recusa liminarmente e gasta a nossa paciência a ler discursos para se desculpar de não substituir o cepo do Passos e o fintinhas do Portas, só porque não vê ninguém da sua confiança no banco de suplentes...  

Uma discussão séria sobre  o póstroika devia começar por afastar, julgar, os responsáveis pelo durante-a-troika. O resto é areia para os olhos

O que lhes doi

Ao contrário dos capitães do Real Madrid (Casillas e Ramos) que se associam aos jogadores do Barcelona na maledicência a Mourinho, o Presidente Florentino Perez não se deixa confundir e põe o dedo na ferida: "Entienudo que Xavi e Iniesta estén molestos con Mou, no nos han ganado últimamente"

segunda-feira, junho 10, 2013

As menos - valias

Para mim, já eram há muito tempo, mas agora ficou preto no branco: Marques Mendes e Morais Sarmento são menos - valias.
O pequeno noia vai ficar muito melindrado com os espectadores, por não lhe reconhecerem o esforço titânico de se manter em bicos de pés para não se afundar.
Se não fossem as lesões mal tratadas, também o boxeur amansado já teria percebido que ninguém se interessa pela pestilência que vomita.

domingo, junho 09, 2013

"Avenida Salazar"


À boleia da atribuição do nome de Álvaro Cunhal a uma avenida de Lisboa, houve logo quem se lembrasse que António Oliveira Salazar mereceria idêntica homenagem.
Enquanto vivos, os ditadores açambarcam a toponímia e Salazar não foi excepção: Nas colónias africanas, onde ele nunca pôs os pés, enxameavam as vilas,  bairros e escolas com o seu nome.
Até 1945, também a Alemanha estava cheia de ruas e praças Adolf Hitler. Agora nem vê-las...

sábado, junho 08, 2013

Anormalidades

Passos Coelho acha que é normal recandidatar-se.
Nao é crime.
Dar-lhe votos é que seria criminoso.
E masoquista...

sexta-feira, junho 07, 2013

A culpa é de São Pedro


"Recessão foi agravada pelas “condições meteorológicas”, 

explica Vítor Gaspar no Parlamento"

O boicote


Admito que algumas greves dos professores possam ser justas. Mas basta rever a actuação da Fenprof durante a permanência de Maria de Lurdes Rodrigues no ministério da educação para ver como se lhe aplica a fábula do menino mentiroso...
A luta contra a avaliação os professores, provou que as prioridades dos seus sindicados não passam pela melhoria da educação dos jovens, nem pela defesa da escola publica. O corporativismo conservador, manipulado por objectivos partidários, é o que os mobiliza. 
Esta doença está a matar o sindicalismo português, que já só sobrevive no sector público, protegido por uma legislação laxista que o vai engordando à custa dos contribuintes.

Vislumbrar justiça numa greve de professores marcada para os dias dos exames, é procurar agulha em palheiro.

quinta-feira, junho 06, 2013

A ratice do Henrique


Com  aquele ar descomprometido, o Henrique Monteiro acaba sempre por se comprometer. Apoiante não declarado de Passos e Gaspar, porque não é de seu timbre declarar-se, atira-se hoje no seu “chamem-me o que quiserem” aos apoiantes deste governo que de um dia para o outro começaram a virar-lhe as costas. São ratos a abandonar o navio, chama-lhes.
Mas não se fica por aqui. Afirma preto no branco que esses ratos, como Carlos Abreu Amorim e Luís Filipe Menezes que dá como exemplos, nunca se opuseram a Sócrates, apenas tinham pena que ele não fosse do PSD, ou não serem eles do PS…
Que o Henrique lide mal com a contestação ao seu governo e queira ser o último a abandonar o barco, é lá como ele, mas afirmar que os obreiros que levaram Pedro Passos Coelho ao colo para o governo eram amigos de Sócrates, é ratice de quem já sente os pés molhados…

Propaganda e realidade


O governo e os partidos que o apoiam não regateiam esforços para tentar convencer os portugueses de que estão melhor agora, após dois anos desta governação estarolada, do que estavam antes.
A realidade é bem diferente: 63% dos portugueses acham que estão pior
Sentem-no na pele...

quarta-feira, junho 05, 2013

Já cá se sabia...


É verdade, mas não começou ontem...



Reformas da treta

Este governo levou a demagogia para o campo da psiquiatria. 
Ao corte de salários e pensões, chama poupanças.
Ao despedimento dos funcionários públicos, chama reforma do estado. Ao aumento de impostos, chama rigor das contas públicas.
Enquanto o desemprego atinge números catastróficos, o alucinado ministro do emprego sai-se com bacoradas destas: "Portugal implementou nos últimos dois anos o programa de reformas mais ambicioso na Europa desde a era Thatcher”.
Abra os olhos! O que se vê, é o caos, não são reformas.

E tudo isto feito com o beneplácito de um Presidente da República que envergonha o cargo e nos envergonha a todos.

terça-feira, junho 04, 2013

Isto não é noticia



O que levará uma agência noticiosa a espalhar esta palermice?

segunda-feira, junho 03, 2013

O homem que governava para fora


Marcelo Rebelo de Sousa disse o que toda a gente sabe: Vítor Gaspar adora pavonear-se ao lado dos ministros alemães, dos consultores do BCE e do FMI, e quase se envergonha de falar português.
Ele só governa para lhes agradar. O descalabro da economia, o desemprego e a miséria, são danos colaterais que não abalam a vontade inquebrantável de agradar aos patrões.

domingo, junho 02, 2013

Semear ventos, colher tempestades

Há algumas semanas a esta parte que Pinto da Costa, Presidente do Futebol Clube do Porto, não perde uma oportunidade para humilhar os rivais. A vítima principal tem sido o Benfica, cujas derrotas nos últimos minutos têm servido de inspiração ao humor finíssimo de Pinto da Costa.
O Sporting também levou a sua parte: Para vender uma maçã podre por 25 milhões de euros e uma maçã verde por 45 milhões é preciso saber muito de fruta e em Alvalade ninguém vai ao mercado. É só gente fina…
Que o Porto festeje as suas vitórias é natural. O que não é natural e pode tornar-se perigoso é o presidente não conseguir festejar as vitórias do seu clube sem achincalhar os adversários. Provavelmente isto não será um mal apenas do Porto e do seu presidente, mas não é por isso que merece desculpa. 
Não há grandeza nos homens que fazem da humilhação alheia a sua glória. Que os adeptos anónimos assim procedam já é mau. Que seja o presidente a dar o exemplo, é um incentivo à violência.

A notícia do sucesso foi manifestamente exagerada

 
 

sábado, junho 01, 2013

Quando a propaganda choca com a realidade

José Mourinho acaba de dirigir o último jogo como treinador do Real Madrid. Metade da equipa que alinhou pelos merengues era praticamente desconhecida. Ainda assim ganhou 4-2.
A Marca informa que durante o jogo os adeptos dividiram-se entre apoiantes e críticos de Mourinho. A Marca apostava nos críticos…
No entanto, chegados ao minuto 91 foi obrigada a reconhecer: "Ahora parece que se imponen los cánticos a favor de José Mourinho. A ver cómo acaba esto..."
Acabou bem...
 
(Nota: O jornal Marca comandou a campanha orquestrada pela imprensa espanhola para afastar José Mourinho. O Presidente do Real Madrid, que atribuiu nota alta ao trabalho do treinador português, reconheceu-o explicitamente.)