domingo, julho 31, 2005

Zapping

Um país sem médicos "heróis"

“Ouro em Montemor”

Doentes internados ganham infecções nos hospitais

Há uma «geração de falhados» no poder em Portugal

"Os que dizem que a educação é cara não sabem o preço da ignorância"

Porto Porto Porto Porto.... Porto... PORTO!

O Benfica de Azul?

Responda quem souber

"Soares tem 80 anos, Cavaco 65. Parece que depois deles falta uma geração inteira. Onde se meteu a gente dos 40 e 50 anos, que devia agora tomar conta do país, com força, com experiência e uma visão nova?"
Vasco Pulido Valente, PÚBLICO, 31-7-2005

"Passaporte português em saco suspeito"

Não deixa de ser inquietante a frequência das notícias relacionadas com utilização indevida de passaportes portugueses. Não se poderá restringir o facilitismo que denunciam?

sábado, julho 30, 2005

As causas e os efeitos

Os detractores do aeroporto da Ota já se organizaram sob a batuta do mestre das anti-causas. A “micro-causa”, como lhe chama JPP, consubstancia-se em exigir a publicação dos estudos que suportam a decisão de construir o aeroporto, democraticamente, !

Sabendo-se que o governo anunciou a publicação dos estudos para o mês de Setembro, esta campanha só pode visar outros fins. Talvez a demissão de outro ministro…
Só assim se entende o frenético !

sexta-feira, julho 29, 2005

"Ninguém adivinhava que o meu vizinho era terrorista!"

O pânico que atingiu cerca de 30 famílias portuguesas que moravam no mesmo condomínio de um dos implicados dos atentados de Londres, vem demonstrar que ninguém está a salvo na guerra contra o terrorismo.
Ao contrário de outras, esta só pode ser ganha pela sociedade no seu conjunto e não apenas por militares.

quinta-feira, julho 28, 2005

Melhor que nada

Apesar das limitações impostas pelo PSD, foi finalmente aprovada a lei da limitação de mandatos, que carecia de uma maioria de dois terços. Por diversas vezes aqui defendemos a aprovação desta lei, porque a consideramos um factor de desenvolvimento e renovação da sociedade democrática.
No entanto, as hesitações e cedências a que o PSD obrigou, revelam a resistência de um caciquismo que se vem perpetuando em prejuízo de valores democráticos e da liberdade.

Preocupações fonéticas

Num esforço para fazer chegar a cultura (?) e o sentir dos lisboetas às esquecidas gentes da província, é de louvar a iniciativa do Doutor Vital Moreira contribuindo para a tradução do que ele chama o "Lisboetês".
Aqui está a transcrição de alguns vocábulos, com a devida vénia:
"acreche - acresce
ochila - oscila
machim - mas sim
maichedo - mais cedo
só deuchabe - só deus sabe
part'chivis - partes civis
dachopas - das sopas
quaichão uchinais - quais são os sinais
doijero - dois zero
trêchete - três sete
crechem uchintomas - crescem os sintomas"
Se eu fosse lisboeta e não da Beiraialta (Beira Alta para os lisboetas), era tentado a dizer que a iniciativa não passava de baiguismo coimbão (bairrismo coimbrão). Achim (acim para os lisboetas, assim para o doutor VM) considero-a um sintoma (ou xintoma?) da chili cisân (silly season para os ingleses).

As dores da verdade

Um comentador, identificado como “Dursil”, a propósito deste texto, fez o comentário que se transcreve:

“- Um homem que tem, salvo erro, dois tachos (senão mais) ganhos da política, quer dizer pago por nós o povo , que depois de os ter quiz arranjar mais um (deputado europeu), que tem 80 anos, o que é que ele quer fazer?!!!!! Para já não o gramo, nem como homem nem como político e,ainda por cima, faz parte duma família que só quer tachos!!! Enriqueceu depois do 25 de Abril às nossas custas!!! O que é que mais quer?”

Todos temos direito às nossas opiniões mas não é lícito faltar à verdade. Ao contrário do que afirma este visitante anónimo de “A Forma e o Conteúdo”, Mário Soares não enriqueceu depois do 25 de Abril. Já nasceu rico, e a sua vida prova que se motiva mais por ideais que por dinheiro.

Não se pode obrigar ninguém a “gramá-lo”, ou à família, mas, contrariamente a outros que fazem da política o trampolim para cargos de administração nas empresas públicas e privadas, Mário Soares foi sempre um homem dedicado ao serviço público nas suas diversas componentes: política, social e cultural.

Da esquerda à direita, o país reconhece-lhe o estatuto de defensor da liberdade, garante da democracia e grande impulsionador da integração de Portugal na União Europeia. Exerceu cargos, mas nunca teve tachos.

Criticar, daquela forma, um político desta estirpe, é impróprio de alguém politicamente saudável.
Deturpar a realidade é uma forma vulgar de obscurantismo.

quarta-feira, julho 27, 2005

A crise dos economistas

Em Portugal é quase tudo importado. Antigamente (lembram-se?) até a inflação era importada. Com a entrada no Euro já não é assim, e esta é uma das razões porque sou europeu federalista.

Além do petróleo, outro produto que nunca deixámos de importar são ideias. Se virem dois académicos em desacordo hão-de reparar que discutem ideias que não são deles. Não seria grave senão se vangloriassem disso.

A propósito de ideias, o que se ouve ultimamente é que Keynes está desactualizado. O mais intrigante é que os que o combatem são seguidores de Adam Smith, cujas ideias, além de serem mais antigas, deram força às ideologias que surgiram contra o liberalismo selvagem do século XIX (marxismo, comunismo, anarquismo, etc.).

Mas o grande chavão de agora é “a globalização e a competitividade” e o modelo a seguir – vejam só! – é a China. Esse país é o almejado paraíso dos economistas modernos, nomeadamente dos portugueses. A razão é que bate os outros todos em concorrência.
Para eles não interessa que, juntamente com os têxteis, exporte a gripe das aves e a dos porcos, ambas causadas por deficiências sanitárias em larga escala, e muito menos que condene à pena de morte – e execute – 10.000 pessoas por ano. O que importa é sucesso do modelo económico, independentemente dos mortos que ficarem pelo caminho.

Vem isto a propósito de 13 economistas que vêm para a praça pública discordar de “uma corrente de pensamento que acredita que a superação da crise em Portugal pode estar no investimento em obras públicas, sobretudo se envolvendo grandiosos projectos convenientemente apelidados de estruturantes”.

E dizem porquê: «Porque a situação é séria e o país não pode, sem pesados custos, embarcar em mais experiências fantasistas, importa dizer, de forma clara, que essa ideia é errada e a sua eventual concretização poderá ser desastrosa para o país».

Propondo em alternativa «uma urgente e dedicada concentração de esforços visando medidas apropriadas de contenção orçamental, de incentivo económico a favor dos sectores de produtores de bens transaccionáveis, de promoção de eficiência económica e de uma moderação da despesa colectiva».

Perceberam? Eu também não, mas ajudaram-me a compreender que há dois tipos de economistas:

Os que usam o dinheiro para desenvolver o país e os que se entretêm a contar o mealheiro. Salazar gostava mais dos segundos.

terça-feira, julho 26, 2005

O papel da justiça, ou a justiça do papel?

Quando um estudante de direito acaba o curso, o que o atemoriza são os papéis. Eles são os requerimentos, a contestação, a réplica e a tréplica, para já não falar dos recursos e no terror de esquecer os prazos. O medo começa ainda na faculdade, quando dá de caras com as cadeiras de processo. Enquanto anda pelas sebentas do “direito substantivo”, a matéria é óbvia, lógica e natural. Mas quando se entra no “direito objectivo”, parece que os doutores se esmeram em complicar o que devia ser simples e quase automático: A aplicação do direito.

Pelo menos na justiça portuguesa, O Processo é o deus da justiça. Tem os seus rituais, alguns intrincados e medievais como a alimentação daqueles calhamaços cosidos com guita de albardeiro. Aqueles mostrengos ensebados são a verdadeira expressão do jus impérium dos tribunais, no pior sentido.

No país do Multibanco e da via verde, quando há muito se declaram impostos pela Internet, se vai ao banco, se marcam as férias e pagam viagens de avião sem sair de casa, ainda se cosem processos nos tribunais. Mais de trinta anos depois do 25 de Abril, tem faltado coragem para sacudir a besta da burocracia que atrofiou a justiça e fez medrar o conformismo e a injustiça.

Por isso é que “o grande desafio será mudar os hábitos de trabalho", avisaram os responsáveis do Ministério da justiça, ao lançarem o projecto de desmaterialização dos processos.

segunda-feira, julho 25, 2005

A instabilidade de uns e a estabilidade de outros

Soares será o candidato da instabilidade e Cavaco da estabilidade.”

Quem assim conclui é José Pacheco Pereira dando largas à sua tendência de cuspir contra o vento.

Dizer de um homem, conhecido em Portugal e no mundo inteiro pela sua tolerância e bonomia, que tem “posições extremistas” é alinhar com a direita conservadora que, apesar dos seus oitenta anos, não perdoa a Mário Soares a sua determinação na luta contra os excessos dos poderosos, onde quer que eles sejam exercidos.

Mas o que dói mais a JPP, é que, contrariamente aos tabus de Cavaco Silva, e dele próprio que ainda não conseguiu explicar se é a favor ou contra o desenvolvimento do projecto europeu, Mário Soares é um europeísta convicto e sem tibiezas.
Chamar-lhe “europeísta radical” põe a nu a desorientação e a instabilidade de JPP nesta matéria.

domingo, julho 24, 2005

O meu Presidente

O meu Presidente tem que ser um defensor da democracia.
Com provas dadas, de preferência.

O meu Presidente tem de ser um defensor da liberdade.
Inequivocamente, de preferência.

O meu Presidente tem de ser respeitado pelos portugueses.
E no estrangeiro, de preferência.

O meu Presidente tem de ser europeísta.
E federalista, de preferência,

O meu Presidente tem de ser claro quando fala.
E sem tabus, de preferência.

O meu Presidente tem de ser inteligente.
E culto, de preferência.

O meu Presidente tem de ser um político e homem de estado.
Sem se preocupar com outras carreiras, de preferência.

O meu Presidente é Mário Soares.
De preferência.

sábado, julho 23, 2005

As sete magníficas voltas


Neste momento, Lance Armstrong faz o aquecimento para o contra-relógio que irá reforçar a sua mais que provável vitória pela sétima vez na Volta à França. Não voltará a correr, a não ser que haja um golpe de teatro de última hora.
Com ele foi definitivamente enterrado um certo romantismo que rodeava o ciclismo e começou um novo ciclo, mais previsível e menos espectacular, mas muito mais eficaz, a julgar pelos resultados.

Ao contrário de Eddy Merckx (5 voltas a França, 5 voltas de Itália, 4 vezes campeão do mundo, 1 volta a Espanha, 2 voltas à Bélgica, 1 Volta à Suiça, etc., etc., etc.), que atacava em todos os terrenos, Lance é um felino que segue as presas e só ataca quando pressente as suas fragilidades.

Reconheço-lhe o mérito mas não me deixa saudades. O meu herói continua a ser o belga, que partilha apenas com Stephen Roche a proeza de, no mesmo ano, ter vencido as voltas a França e a Itália, e sargrar-se campeão do mundo.

sexta-feira, julho 22, 2005

Em bicos de pés

A Marques Mendes compete-lhe fazer oposição. É o que tem feito, apesar de nunca ter sido a oposição construtiva que prometeu quando foi eleito líder do PSD. Também não era de esperar.

Até agora tem repetido um discurso insonso e pouco convincente de cada vez que apresenta um candidato às autárquicas.

Ontem na RTP foi mais longe, dizendo: "Era bom que o senhor presidente tivesse uma palavra de aviso ao Governo. Lembro que, quando eu estava no Governo, o senhor Presidente disse que havia mais vida para além do défice. Talvez esteja na hora de dizer que há mais vida além do TGV e da Ota".

Passado este tempo todo, Marques Mendes não percebeu que, ao dizer que havia mais vida para além do défice, o presidente referia-se exactamente à necessidade de o governo a que Marques Mendes pertencia, além de tentar resolver o défice, que não conseguiu, não podia continuar com os discursos da tanga e descurar o desenvolvimento do país.

Apesar de se falar muito na construção do Aeroporto da Ota e o TGV, estes investimentos não representam mais de 10% do total previsto no plano que o governo de José Sócrates apresentou. Também por esta razão, afirmar que o TGV "é um insulto aos contribuintes portugueses", além de descarada demagogia, encobre uma mentira grosseira. Ambas são irmãs do obscurantismo e não são apanágio de oposições construtivas .

Quem insultou os portugueses foi o PSD ao indicar Santana Lopes para primeiro-ministro. Não contente com isso, fê-lo presidente do partido, e foi preciso o povo – que não os militantes do PSD – derrotá-lo nas últimas eleições para o PSD se livrar da desgraça que quis impingir ao país.

quinta-feira, julho 21, 2005

Contra factos não há argumentos

O Ministro das Obras Públicas, explicou as razões pelas quais o Aeroporto da Portela é inviável:

1 - Não pode funcionar durante a noite por não cumprir o estabelecido nas normas da União Europeia em matéria de níveis de ruído, que afectam mais de 150.000 pessoas.
2 - Num prazo de 10 anos poderá ser desclassificado como aeroporto europeu por razões ambientais.
3 - Já hoje, diariamente, são rejeitados 84 voos por falta de capacidade de resposta.
4 - Se a TAP fizesse o acordo com a Varig, dificilmente aguentava o aumento de escalas.

Como o futuro aeroporto demora mais de 10 anos a construir, já estamos atrasados e continuamos com discussões de duvidosa boa fé.
Como habitualmente.

quarta-feira, julho 20, 2005

Primeira vítima


Abalroado entre a Ota e o TGV

Têm a palavra os professores de português

"Explosão de caldeira no Pombal".
É certo que o jornalista do Expresso esclarece logo, dizendo que "A explosão ocorreu em Pombal".Que me desculpem os feridos se o meu primeiro pensamento foi para os pombos.

O Sebastião José de Carvalho e Melo não era Marquês do Pombal mas de Pombal, tal como a cidade é de Pombal, o município é de Pombal e o respectivo responsável é Presidente da Câmara Municipal de Pombal.
Basta ver o respectivo site onde se esclarece que "as Festas do Bodo" com a Daniela Mercury, Clã e Tony Carreira são em Pombal.

"Porque é que o nosso liberalismo nos fez chegar a 1900 com 80% de analfabetos?"

A ler no DN uma tímida crítica ao pensamento pessimista de José Gil (Portugal, Hoje: o Medo de Existir).

Pasme-se!

Os agentes da PSP vão evitar passar multas de trânsito entre hoje e o final do mês, optando por acções pedagógicas e preventivas, em protesto contra as medidas governamentais recentemente anunciadas.”

“Acções pedagógicas e preventivas” é do que mais precisamos. O que se estranha é que só se façam por protesto…

Comunicação e rejeição

"Quando se trata de anunciar medidas difíceis, há sempre problemas de comunicação." (José Sócrates)

Não houve qualquer problema de comunicação. A mensagem foi tão bem entendida que os interesses ameaçados – farmacêuticos, juízes, professores, polícias, funcionários, e outros beneficiários líquidos do orçamento – reagiram logo com greves e outra ameaças.

O problema é que ninguém quer abdicar de privilégios, ainda que injustificados, nem desistir das férias de Cancun.

terça-feira, julho 19, 2005

Entrevista-arrastão

O burburinho causado pela entrevista de Freitas do Amaral lembra-me o arrastão de Carcavelos.

Lá os assaltantes começaram por ser quinhentos. Poucas semanas passadas, ninguém garante que houve arrastão.

Agora, perante uma entrevista que praticamente ainda ninguém leu, já se disse de tudo.
Apesar de o responsável do DN ter vindo deitar água na fervura (“não há uma crítica – e o jornal também não diz isso – ao primeiro-ministro ou aos outros ministros”), o Expresso on-line titula “Freitas critica Sócrates”.

Freitas do Amaral defende-se, acusando o jornal de “manipulação indecente”, mas já ninguém consegue parar a onda do arrastão jornalístico.

Carente de razões como do pão para a boca, a oposição engrossa-o, tentando aproveitar o que julga ser um passo em falso do governo.

Por que é que o DN preferiu o sensacionalismo das manchetes em vez de publicar a entrevista na totalidade?

A resposta não pode ser decente.

Só podia ser por isso...

"Fátima Felgueiras perdeu o mandato de presidente de Câmara Municipal de Felgueiras por faltas injustificadas"

segunda-feira, julho 18, 2005

Energias renováveis

São três mil milhões de euros, mas parece que este investimento é mais pacífico que o do TGV e o do aeroporto da Ota, que também já aqui defendemos.

Lisboa 2005

"O que está a dizer é que os jornalistas são débeis mentais e não se interessam pelo essencial. Pobre país que tem uma classe jornalística assim" – terá respondido Manuel Maria Carrilho, candidato do PS à Câmara Municipal de Lisboa, quando lhe perguntaram se não previra que o vídeo da sua família teria mais impacto na comunicação social do que as suas propostas para a cidade.

Passado um mês, os jornalistas ainda não lhe perdoaram aquele pecado original e continuam a atacá-lo diariamente.

Pelo lado do PSD, concorre um tecnocrata desmaiado, capacho e cúmplice de Santana Lopes, como ele responsável pelo pandemónio que tomou conta da cidade.

Lisboa merecia mais.

domingo, julho 17, 2005

Do contra

Acompanhando Carmona Rodrigues, que um dia acordou Presidente da CML surpreendendo-se a si próprio, Marques Mendes diz que o "Aeroporto da Ota não é urgente nem é necessário".
Entendamo-nos. A frase de Marques Mendes atraiçoa-o, e deixa a mentira com o rabo de fora. Se o aeroporto não é necessário, porque fala em urgência?
Fala porque sabe, como quase toda a gente, que a Portela vai rebentar pelas costuras dentro de pouco tempo. Mas prefere alinhar com o oportunismo de vistas curtas do seu candidato à câmara da capital que, para agradar aos lisboetas, defende a manutenção do Aeroporto da Portela ad eternum.
Durão Barroso, cujo governo Marques Mendes integrou embora se esforce por esconder esse facto, não foi tão longe, mas arranjou uma desculpa estapafúrdia para não dar início às obras: "enquanto houvesse criancinhas com fome, o Aeroporto da Ota não seria construído". Estava dado o mote para o "discurso da tanga" que deu no que se viu.
Com líderes demagógicos, que negam as evidências e se opõem ao progresso, o país só tem a perder.

sábado, julho 16, 2005

De pequenino...

Confrange ver continuamente na televisão jovens candidatos a mártires a professar a sua crença no martírio. Como aquele palestiniano que aspirava ter a oportunidade de se imolar porque queria chegar depressa ao paraíso onde, garantia, o esperavam belas mulheres (sic).

Em pleno século vinte e um, a exploração da miséria e da ignorância alheias atinge o paradoxo.

Mas não basta vir para a rua depois dos atentados, com cartazes a garantir que o terrorismo não se apoia no Corão. Se a hierarquia religiosa do Islão e as autoridades dos países islâmicos fossem mais rigorosas com o que se ensina nas suas escolas, talvez não houvesse bombistas suicidas. Seguramente não havia tantos.

Aliás, não vemos os religiosos dos países islâmicos denunciar o fundamentalismo religioso com grande veemência.

É por isso que faz todo o sentido punir quem ensina e quem aprende a fabricar bombas, alteração que o Reino Unido pretende fazer na sua legislação para prevenir a proliferação dos bombistas. Os países islâmicos, e não só, deviam seguir-lhe o exemplo.

sexta-feira, julho 15, 2005

O novo rival

Segundo o New York Times, um general chinês (“speaking in fluent English”) terá afirmado para uma delegação de correspondentes sedeados em Hong Kong, que a China usará armas nucleares contra os Estados Unidos se este país interferir com as pretensões chinesas sobre Taiwan.

O mesmo general justificou a utilização de bombas nucleares por, em seu entender, a China não conseguir ganhar uma guerra convencional contra os Estados Unidos.

Dando voz a especialistas do Pentágono, o articulista daquele jornal assegura que a China poderá emergir como “um rival estratégico” dos Estados Unidos, e adianta que as declarações deste general sugerem que pelo menos alguns elementos militares chineses tentam persuadir os americanos de que, com a China, não terão uma guerra limitada, ao contrário do que aconteceu com a União Soviética durante os anos da guerra-fria.

Enquanto não houver liberdade e democracia, as preocupações com a China não se ficam pelos têxteis...

São por isso de louvar as palavras de Durão Barroso que na sua visita à China exortou os chineses a evoluírem no sentido da liberdade e do respeito pelos direitos humanos.

As greves das Sextas-Feiras

Não há muito tempo, dizíamos aqui que, “salvo raras excepções, em Portugal só há greves no sector público e as suas consequências vão direitas ao bolso de cada cidadão e não dos capitalistas”.

A rotineira facilidade com que se fazem greves no sector público não dignifica quem as faz. As razões que invocam são cada vez mais ilegítimas, como sucede na greve de hoje.

Uma das reivindicações é a luta contra a privatização de serviços. Porém, a avaliar pelo lixo que ficou por recolher nos municípios onde essa actividade ainda não foi contratada a entidades privadas, esta greve só vem dar razão aos que já têm este serviço em outsourcing.

Para além de querem reformar-se aos 60 anos, enquanto os restantes trabalhadores só o podem fazer aos 65, os funcionários públicos também não querem abdicar da progressão automática das suas carreiras e, naturalmente, estão contra o sistema de avaliação.

Tem lógica. De facto, para quem é promovido automaticamente sem precisar de se esforçar, é desnecessário um sistema de avaliação...

Numa outra onda, mas ainda no sector público, os polícias ameaçam bloquear as pontes de Lisboa.
Depois das cenas grotescas das últimas manifestações das forças de segurança, esta boutade não surpreende. Mas, que legitimidade teria a polícia para intervir, se outra classe profissional se lembrasse de boicotar uma ponte ou uma auto-estrada?

Face a estes comportamentos, é natural a revolta dos cidadãos que cada vez compreendem menos as motivações dos que têm a obrigação de estar ao seu serviço.


P.S.: Com poucas excepções, na blogosfera não se dá por esta greve. Tacticismo?

quinta-feira, julho 14, 2005

Jornalismo televisivo

Assim vai o jornalismo televisivo: no Abrupto, "péssimas entrevistas", no Casmurro, "jornalistas aguadeiros".
Bastava a estopada dos telejornais de 90 minutos...

quarta-feira, julho 13, 2005

A OTA, o TGV e a auto-estrada de Bragança

A minha terra fica a mais de 400 quilómetros de Lisboa. Ainda há poucos anos, quando planeava ir lá, levantava-me cedo e preparava-me para uma viagem cansativa. Se lá queria estar às 2:00 da tarde, tinha de sair de Lisboa antes das 6:00 da manhã. A média rondava os 50 quilómetros por hora, por estradas sinuosas que atravessavam aldeias e vilas, e torneavam as montanhas sem passarem pela vertigem dos viadutos.

Hoje, se sair às 9:30 e não tiver acidentes, chego à mesma hora. Poupo mais de três horas e, apesar de mais velho, não me sinto cansado quando lá chego.

A A23 – a tal SCUT – é a responsável por este milagre.

Nas obras públicas, o importante é a estratégia. No curto prazo, nem sempre o retorno do investimento está garantido, mas a melhoria das condições de vida dos cidadãos é um factor de desenvolvimento civilizacional a que nem sempre é atribuído o devido valor. Talvez seja por não ser contabilizável, nem visível em gráficos ou expresso nas estatísticas. Porém, a satisfação dos cidadãos é um elemento essencial para a motivação e o ganho da confiança de que precisamos.

O país anda acabrunhado e não avança com a discussão do défice até às milésimas, nem com os “cortes drásticos” na despesa que afecta os rendimentos dos outros.
Que se poupe na despesa, mas é com obras e trabalho que o país levanta a cabeça.

Ainda me lembro dos velhos do Restelo que também nos visitaram quando da construção da Ponte Vasco da Gama e da Expo-98. A ponte todos os dias lhes prova que não tinham razão e o Parque das Nações, construído sobre as lixeiras que eram um ex-libris terceiro-mundista da capital, é uma das áreas mais visitadas por turistas e residentes.

Não se espere que a Portela rebente pelas costuras. Construa-se o novo aeroporto, o TGV, e não descansem enquanto a auto-estrada não chegar a Bragança.
O povo agradece.

terça-feira, julho 12, 2005

Trabalho de casa...

Tem toda a razão.
Mas devia começar pelos seus companheiros de partido. Não foi um dos mais conhecidos ideólogos do PSD que arregimentou e deu voz aos "anticonstitucionalistas" no sítio do não?

segunda-feira, julho 11, 2005

Sudoeste


domingo, julho 10, 2005

Confusionismo militante

"Jerónimo de Sousa acusou o Partido Socialista e o actual executivo de «estarem a fazer o mesmo que Durão Barroso e Santana Lopes no último mandato». (Diário Digital)

Viajante clandestino?

Onde será esta "ilha algures", "no meio do mar"? À Madeira convem ir clandestino...

sábado, julho 09, 2005

Alimentar víboras ao peito

Durante muitos anos, os governantes deste país – e não apenas os do PSD – toleraram ao Dr. Alberto João Jardim os maiores dislates. Impunemente, sempre que lhe dava jeito, saía a terreiro para insultar os que o contrariavam ou punham a nu as fragilidades democráticas do regime que vigora na Madeira.

De início, o povo do “Contenente” ainda estranhava, mas, com o passar das décadas, habituou-se a considerar que “aquilo” era um país à parte, onde a lei estava sujeita aos humores do presidente regional.

Não importava que o Presidente da República fosse o General Eanes, Mário Soares ou Jorge Sampaio. Quando se tratava de Alberto João Jardim, todos faziam orelhas moucas e quase sempre se recusavam a comentar impropérios que sopravam do arquipélago. Enquanto isso, os governos e os ministros das finanças – não apenas os do PSD – nunca deixaram de lhe financiar os projectos com que engordava as clientelas.

Eis se não quando, cai o Carmo e a Trindade por que o homem se lembrou de dizer que não queria chineses lá na ilha.
Porquê a surpresa? Já se esqueceram das vezes em que ameaçou de expulsão jornalistas e funcionários que não lhe caíam no goto?

Pela mesma razão, não é de estranhar que não queira lá Marques Mendes.

Quem alimenta víboras ao peito arrisca-se a ser mordido.

sexta-feira, julho 08, 2005

"Liberdade e responsabilidade"

"Não deixa de ser estranho que quando vêm a lume condutas mais escandalosamente censuráveis (como por exemplo a daquele jornalista que gravou e guardou ilicitamente horas de conversas telefónicas com várias pessoas a propósito do processo Casa Pia) haja um coro de protestos contra a impunidade, e depois haja uma sistemática rejeição das propostas que visam pôr fim à irresponsabilidade pela conduta profissional ilícita."

Isto é apenas um excerto do artigo de Vital Moreira no Público, felizmente disponível no endereço "linkado".

Os jornalistas não são imunes ao corporativismo. Bem pelo contrário.

Em nome do Islão

Os países de religião muçulmana, árabes e não árabes, são também vítimas do terrorismo praticado em nome do Islão. Talvez sejam mesmo os mais atingidos por esse flagelo, passe embora a mediatização de atentados como o de Madrid em Março de 2004 ou o de Londres agora, para já não falar do celerado ataque ao World Trade Center em New York.

Mais ou menos disfarçadamente, alguns desses países dão guarida a terroristas, e apoiarão mesmo a Al Qaeda. É por isso que ficamos perplexos quando assistimos pela televisão às manifestações de júbilo que festejam o sucesso de actos terroristas. Aconteceu com a queda das Twin Towers. Enquanto houver países que acolham, alimentem e enriqueçam os terroristas que cometem estas atrocidades, eles continuarão matar inocentes e o terrorismo não acaba.

Pelas suas consequências e, sobretudo, pela ideologia da destruição que o motiva, o terrorismo faz perigar a paz e é um crime contra toda a humanidade. Seja da ETA, do IRA, dos movimentos separatistas da Indonésia, não pode haver hesitações sobre a sua condenação, quaisquer que sejam os argumentos em que se apoia.

Nenhuma ideologia, nacionalismo, ou religião, o pode sustentar.

O fundamentalismo religioso já custou milhões de mortos à humanidade e não há religião, por mais pacíficos que sejam os ensinamentos por que se rege, cujo Deus não tenha sido usado para justificar os crimes mais hediondos.
Há pouco mais de um século, alguns ainda o invocavam para defender a escravatura.

Que ninguém se iluda. Por trás de um crime, não há Deus nem Alá. Está sempre um criminoso.

quinta-feira, julho 07, 2005

Day after


Um dia depois do sonho das Olimpiadas, o pesadelo do terrorismo.

quarta-feira, julho 06, 2005

"Ministério Público pede absolvição das duas mulheres acusadas de aborto"

"Nem sequer houve prova de que estas duas mulheres estivessem grávidas e para se fazer um aborto é preciso estar grávida", disse a advogada Odete Santos.


Para além do ridículo, a quem serve a vergonha de as obrigar a ir a tribunal?

Reacções Olimpicas

London wins 2012 Olympics


Madrid - “Madrid fue la vencida y la Plaza Mayor enmudeció

Paris - “un nouveau grave revers personnel pour le président de la République française, Jacques Chirac, après sa série noire européenne”

Londres - “a "momentous day" for London

New York - It was a unique opportunity for New York. ... I don't know what's going to happen down the road."

Moscovo - “Наши специальные корреспонденты Айдер МУЖДАБАЕВ и Денис КРАВЧЕНКО передают из Сингапура

terça-feira, julho 05, 2005

Pobreza e corrupção

Ciclicamente os políticos africanos desculpam-se com as mazelas do colonialismo para justificar a pobreza dos povos africanos. Mas as razões não são bem essas. Quebrada a ordem colonial, em vez de evoluírem, os países africanos regrediram para o tribalismo e envolveram-se em guerras civis que retalharam o continente. Em muitos casos, as independências já têm meio século e os povos são hoje mais miseráveis do que na era colonial.
As estruturas produtivas deixadas pelos colonizadores desapareceram e os povos sobrevivem à custa da ajuda internacional.
Em África, a esperança de vida baixa em vez de aumentar, e bem pode o G8 perdoar a dívida ou o Live 8 cantar contra a pobreza que o problema da miséria em África não se resolve dessa forma.

Em Edimburgo fazem-se manifestações contra a globalização mas ninguém fala da corrupção das elites africanas que se rodeiam de exércitos bem armados para submeterem os povos à miséria.

A culpa não é só do capitalismo e do G8, como também explica aqui José Pacheco Pereira. Há que procurar as causas em África.

segunda-feira, julho 04, 2005

Uma Arca de Noé só para alguns

Alberto João Jardim, disse no domingo à noite que é contra a entrada de imigrantes na ilha

Lá terá as suas razões. Porém, se os países onde vivem emigrantes madeirenses tivessem o mesmo procedimento, Alberto João Jardim não se livrava de um naufrágio.

domingo, julho 03, 2005

Como se faz um santo?

"Se Cunhal não fosse quem fosse, estariamos a caminho de ter santo." Lê-se no Abrupto de JPP

Um cheque tecnológico

Para os turistas que invadem Vilamoura, nas proximidades da marina, a PT montou uma barraca – chamar-lhe outra coisa é incorrecto – e pendurou uns telefones públicos nas paredes exteriores, onde os utentes esturricam ao sol. Lá dentro vendem-se cartões telefónicos e, numas bancadas despidas a servir de mesas, há três computadores que se esforçam por chegar à Internet.

Estas bancadas não têm o mínimo de privacidade e há mirones atrás de cada internauta que se atreva a navegar.

A disponibilização de um serviço de Internet tem de ter o mínimo de condições. Doutro modo, como se pode garantir a privacidade dos e-mails, ou das consultas bancárias que o utilizador pretenda fazer?
A Internet não é nenhum passatempo, como muita gente com responsabilidades parece pensar. A PT, empresa prestadora destes serviços em larga escala, tem obrigação de saber isto e não pode prestar um serviço indigente como este.
Ainda para mais cobrando o que cobra: paguei dois euros por usar o computador durante 40 minutos. Quase tanto como levam os hotéis…

Além de um mau serviço, é um autêntico cheque tecnológico.

sábado, julho 02, 2005

Um teste à coerência

As candidaturas de Isaltino Morais e Valentim Loureiro , ambos ligados a complicadas teias de negócios mal explicados, neste momento sob investigação da Policia Judiciaria, são apenas os exemplos mais mediatizados da utilização do poder municipal em benefício de grupos de interesses, nem sempre legítimos.

É de louvar a coragem de Marques Mendes pela defesa da ética na política.

A sua luta com estes outsiders da democracia merece ser apoiada.

sexta-feira, julho 01, 2005

Casamentos entre pessoas do mesmo sexo

Esta frase nunca me soará bem. De facto, estes casamentos não têm na sua génese a reprodução, base e justificação social da união matrimonial. Mas enfim, será um outro contrato, para possibilitar que os respectivos intervenientes possam beneficiar da protecção ( e da responsabilidade?) reconhecida aos casais.
Em Espanha já foram aprovados.
Antes de avançar com outras considerações, gostaria de saber quantos casais exixtirão em Portugal à espera desta aprovação. Em Espanha também não sei quantos são...