sábado, abril 30, 2005

O referendo mais importante

Não sou dos que pensam que a pessoa já existe logo após o acto da concepção. Para mim essa realidade acontece com o nascimento. Mas respeito os que pensam doutro modo e estou de acordo com eles em considerar que o aborto é uma chaga com implicações graves.

Acredito, porém, que quem o pratica, o faça para, em seu juízo, evitar males maiores, acautelando situações extremamente indesejáveis da sua vida pessoal, social, ou de saúde.

Por isso não concordo com a criminalização das mulheres que praticam o aborto nem de quem as auxilie nesse doloroso acto. Para castigo, chega-lhes terem de o fazer.

Por outro lado, num mundo global e numa Europa sem fronteiras cujas leis são cada vez mais iguais, não faz qualquer sentido que uma mulher ser incriminada em Elvas por fazer um aborto e em Badajoz tenha apoio legal para o praticar. E não me queiram convencer que neste particular estamos mais avançados do que Espanha. É ridículo.

Por tudo isto é importante que se avance para o referendo ao aborto e que o voto seja contra o obscurantismo.


Já aqui afirmei que o desenvolvimento, económico, social e cultural, verificado nos últimos vinte anos, se deve, no essencial, à nossa entrada na União europeia. Por muito que as vizinhas reclamem por já não poderem apalpar o bacalhau, o certo e que beneficiámos muito da aplicação das normas europeias ao desregrado mercado nacional, onde os direitos do consumidor não tinham qualquer valor.

A aprovação da constituição europeia é pois uma questão importantíssima, e o respectivo referendo também não deve ser adiado.

A tentativa de Marques Mendes para obrigar José Sócrates a dizer qual dos referendos era mais importante, não fica bem ao líder de um partido laico, liberal, democrático e europeísta. Sabendo o que ele pensa sobre o aborto, parece reserva mental, mas Sá Carneiro não teria achado graça nenhuma. Pode fazer bem melhor.

sexta-feira, abril 29, 2005


Ambiente carregado  Posted by Hello

Citação 1

“Não é por os problemas serem difíceis que os homens não têm coragem. É por os homens não terem coragem que os problemas são difíceis.”

José Sócrates, hoje, na Assembleia de Republica.

quinta-feira, abril 28, 2005

Sudoeste 2


Posted by Hello

quarta-feira, abril 27, 2005

Convergência ou bom senso?


"Ninguém pode dizer que os sindicatos estão a criar obstáculos à modernização das empresas e nota-se uma maior receptividade da opinião pública a reformas que se sabe não poderem ser mais adiadas".

“Com uma linha de discurso coincidente com as prioridades definidas pelo novo Governo de José Sócrates, Cavaco Silva admitiu as convergências e manifestou-se "satisfeito" com o facto de o programa político socialista "não ser muito diferente" do que vem defendendo "pelo menos desde 1999".

Está tudo do Jornal de Noticias

Não é indispensável ser de esquerda para ter bom senso.

Em casa de ferreiro...

As medidas aplicadas aos arguidos do “Apito Dourado”, estão a caducar pelo decurso do prazo e alguns já apitam outra vez.

Pela mesma razão foram libertados os suspeitos da morte de um inspector da Policia Judiciária que estavam em prisão preventiva.

Relativamente a esta libertação, a Procuradoria-Geral da Republica abriu um rigoroso inquérito para “apurar eventuais responsabilidades de magistrados do Ministério Público no expirar do prazo da prisão preventiva”.

Ao nosso sistema judiciário quase tudo é permitido e perdoado. Lamentavelmente não está (ainda) ao seu alcance fazer parar o tempo.

Porque será?

PSD e CDS alheados do dia (25 de Abril).

terça-feira, abril 26, 2005

Não seja Bicho do Mato

Os meus amigos, conhecidos, desconhecidos, simpatizantes do Sporting, Benfica ou Porto, anjos ou demónios, toda a gente está convidada a ir ver o que se diz de Bichos do Mato aqui mesmo.

Que confusão! Publique-se!

Maçonaria reafirma existência de lista de agentes da PIDE ou da Legião

segunda-feira, abril 25, 2005

Distribuição dos Óscares

A seguir à revolução, a direita apressou-se a fundar uns partidos e chamou-lhes democráticos, para que não restassem dúvidas (PPD - Partido Popular Democrático e CDS - Centro Democrático Social).

Apesar de ter obtido a certidão democrática, nunca se reviu no 25 de Abril, nem se libertou da matriz obscurantista do regime deposto no mesmo dia. Pelo contrário: qualquer máscara lhe serve para atacar a memória de revolução e branquear o salazarismo.
Veja-se este delírio: ( LIBERALISMO E 25 DE ABRIL).
Pior é impossível.
Óscar para o mais obscurante.

sexta-feira, abril 22, 2005

Bom fim-de-Semana


A Forma e o Conteúdo vão de fim-de-semana "até aos cabeços altaneiros da Marofa onde os castanheiros já estão a florir".
Posted by Hello

Velhos caminhos


Posted by Hello "Picada fora, subindo e descendo, só se ouvia o martelar do motor do unimogue."
(In Bichos do Mato)

As virtudes do Recibo Verde

Não há muito tempo, era um distintivo de classe, usado por advogados, médicos e outros profissionais de consultório montado. Com o avanço da fiscalidade das pessoas singulares e o relaxado controlo sobre as sociedades, os médicos continuaram nos mesmos consultórios, mas passam recibos de entidades que os doentes nem conhecem. Os raros advogados que ainda não se converteram às sociedades são uma espécie em vias de extinção.

Apesar destes contratempos, e embora as profissões liberais sejam mais ou menos as mesmas, o recibo verde sobreviveu e massificou-se. Nada mais democrático do que alargar a toda a população as vantagens de um meio até aí restrito a uma elite encanudada, terão pensado os fiscalistas.

Hoje ele é a expressão do desenrasca, o passepartout, tão característico dos portugueses. Se uma empresa precisa de uma telefonista, nada mais prático do que contratar a recibo verde uma profissional, “liberal, autónoma e independente”, para atender o telefone por conta própria no escritório da empresa das 9 às 5, ou até mais tarde, se os caprichos do patrão, a flexibilidade, o mercado, ou a desorganização assim o exigirem.
Simples prestação de serviço, e não há chatices com a Segurança Social.
É o liberalismo à portuguesa.
Ainda falam da China…

quinta-feira, abril 21, 2005

Menos Portugais

Não sei se alguma vez os seus companheiros de partido irão reconhecer o mérito de José Pacheco Pereira na desejada regeneração do PSD. Só um partido caudilhista seria insensível à vantagem de contar nas suas fileiras com uma voz esclarecida, embora nem sempre cómoda, como a dele. Os artigos publicados no Público, felizmente disponibilizados por ele aqui, são disso exemplo.

É indispensável que os militantes dos partidos se convençam duma vez por todas que os partidos só têm razão de existir se puserem os interesses do país à frente dos das facções ou grupos que se acolhem à sua sobram, por muito legítimos que possam ser, e nem sempre são, diga-se.
Em teoria, ninguém põe isto em causa, mas, com frequência, resulta o contrário e nos últimos tempos o PSD tem sido muito permeável a influências perniciosas. A tomada do leme por Marques Mendes prometeu outros rumos. Porém, no seu primeiro afrontamento com os barões, desiludiu muita gente das próprias fileiras.
Aprovar a lei da limitação de mandatos agora, para entrar em vigor só daqui a doze anos é algo que ninguém vai levar a sério e não melhora nada a periclitante credibilidade dos políticos (e do PSD).
Por este andar, haverá cada vez menos portugais no PSD, contrariando os desejos de JPP.

quarta-feira, abril 20, 2005

Joseph Ratzinger (Bento XVI)


Diz que nunca disparou um tiro, embora tenha integrado a unidade antiaérea que defendeu as fábricas da BMW em Munique, na Segunda Guerra Mundial. Desertou do exército alemão em Abril de 1944 e acabou a guerra num campo de prisioneiros controlado pelos americanos. Sessenta anos depois é eleito Papa.

A primeira vista lembra-me Pio XII. A mesma figura esquálida, o mesmo olhar inquisidor que não põe ninguém à-vontade.

Como decano, impôs o silêncio aos outros cardeais mesmo antes do conclave. Só ele falou, para zurzir nas teorias do relativismo, como compete a um dogmático.

Durante 23 anos à frente da Congregação para a Defesa da Fé, nome demasiado eufemístico para uma instituição que descende directamente do Santo Oficio e da mais remota Inquisição, não queimou ninguém, mas condenou ao ostracismo mais de uma centena de teólogos.

Os prosélitos consideram-no culto, sólido e inflexível. "O mais inteligente ao cimo da terra", no entender dos mais fundamentalistas. Um clube de fans fez campanha por ele.

A duração do curto conclave indicia que não ouve debate. Não seria o primeiro golpe palaciano na Santa Sé. A morte de João Paulo I ainda está por esclarecer.

(Fontes: El Pais, Le Monde, Guardian)

terça-feira, abril 19, 2005

Assim se faz um campião


O potro de dois meses que se levanta para o tratador, foi clonado de um cavalo campeão do mundo entre 1994 e 1996 que tinha sido castrado. A clonagem foi a solução para preservar os genes do campião. (L'Express). Posted by Hello

Será desta a recuperação de Olivença?

A qualidade do sémen dos espanhóis (concentração de espermatozoides) baixou 25% desde 1986.
(Título de El País)

segunda-feira, abril 18, 2005

Conclave

Hoje é dia de conclave. Em cada eleição há uma esperança nova mas não esperem sobressaltos. A Igreja adapta-se, quando a força das circunstâncias a isso obriga, mas não faz revoluções. A última foi há dois mil anos.

Em qualquer caso, há divergências:
O Cardeal Joseph Ratzinger, conhecido por rottweiler de Deus, representa a linha dura e comanda as apostas.
Por outro lado, o nosso simpático Cardeal Patriarca de Lisboa é um dos preferidos pelos moderados para lhe fazer frente.

sábado, abril 16, 2005

A Razão do SIM

Os franceses estão muito divididos quanto à constituição europeia. Se o referendo fosse amanhã, 53% responderia Não, segundo a sondagem do L’Express.
As dúvidas da França quando à abertura da Europa não são de agora. Segundo a mesma fonte, o referendo sobre o tratado de Maastricht foi ganho apenas por dois pontos – 51% contra 49%.

Creio que se está a instalar nos povos dos países ricos a convicção de que pouco têm a ganhar com uma União Europeia influenciada pelos países pobres que são em maior número.

Para Portugal, o saldo resultante da adesão à União Europeia é positivo em diversos domínios, com destaque para a economia, a educação e a cultura. Mas o efeito mais importante passa, despercebido: A estabilidade política.

A Europa ficou aliviada com o fim do Muro de Berlim. Porém, se não existisse ali ao lado a Comunidade Europeia, os povos de leste não se sentiriam tão encorajados a desmantelar o comunismo.

Os tanques alemães já não ameaçam os Campos Elísios, mas o fim da União Europeia seria um retrocesso civilizacional de consequências imprevisíveis. Que a maioria dos Franceses acorde para essa realidade.

sexta-feira, abril 15, 2005

Solista e acompanhante

O cartão de militante palpitava-lhe no peito. De vez em quando ajeitava a madeixa que tendia para a intriga e disfarçava os tiques de tablóide.
- Mas o Ministro das Finanças falou no aumento de impostos – insistia, como um anjo angustiado.
Cansado de repetir que antes de aumentar os impostos era preciso apanhar os caloteiros que fogem há décadas das malhas da lei, e habituar o Estado a não gastar mais do que tem, o entrevistado não se conteve:
- Não sei se me está a acompanhar…

quinta-feira, abril 14, 2005

Quedas do Rio Lucala (Angola)


"O rio multiplicava-se em centenas de cascatas, escorrendo em tons vários de azul e verde. A água parecia nascer das raízes das árvores que se equilibravam entre as fragas. Uma pequena nuvem de vapor pairava sobre a caldeira, humedecendo o ar. O ruído ensurdecia."
(in Bichos do Mato) Posted by Hello

quarta-feira, abril 13, 2005

Rua do Desterro (2)

Com a devida vénia ao meu amigo Victor Hugo Castro que reside em Paris e visita habitualmente A Forma e o Conteudo, permito-me reproduzir o seu comentário ao texto "Rua do Desterro", não vá passar despercebido aos mais distraídos:

"Lindamente dito e agradavelmente evocador, para mim, dos primeiros anos que vivi em Lisboa.
Era na Rua do Desterro que se encontrava a pensão sem nome onde, por conselho de amigos que me adivinharam limitado em finanças, me fui hospedar, quando cheguei à capital. Sem nome, de facto, mas designada pelos hóspedes – na maioria, jovens estudantes ou empregados do comércio vindos da «província», como diziam os alfacinhas – «Pensão Cachucho».
O epíteto fazia referência ao prato de peixe servido, vezes sem conta, ao longo do ano. Mas o interesse da «Pensão Cachucho» não estava na qualidade do seu serviço de mesa, nem da dos outros, diga-se de passagem. Estava no ambiente familiar, íntimo, quase secreto que ela oferecia àqueles clientes de verbo exuberante, conspiratório, e ávidos de aventura, de mudança, de liberdade.
A sala de jantar era numa enorme varanda que dava para as traseiras do prédio e se sobrepunha aos quintais e jardins dos habitantes do rés-do-chão. Coberta e fechada no Inverno, com painéis de plástico translúcido, dispunha de uma única mesa, corrida de ponta a ponta. Ali se tomavam as refeições, em comum e a horas certas, e se discutia de tudo aquilo que não se podia falar lá fora. As «novidades» que os estudantes traziam das escolas e os rumores que os caixeiros apanhavam na rua eram o fole que espevitava o fogo das conversas.
- “Então já sabem que a PIDE matou um pintor, próximo daqui ? Vocês não ouviram nada, ontem à noite? Eu até ia jurar que ouvi os tiros!”- “Ninguém apanhou o panfleto que o Henrique Galvão andou a espalhar pela Baixa, de avião ?
E dali saíam os alvitres mais ousados, as projecções mais inverosímeis, muitas vezes divergentes no sentido, mas todos a preludiar a revolução que se queria acreditava eminente. Quando faltava matéria ou os humores não estavam receptivos, havia o cinema do quarteirão, em Almirante Reis, a dois passos dali, e a escapada ao «Come e Bebe», nas Porta de Santo Antão, para se comer o prego e beber a imperial que compensariam a frugalidade do jantar.
Nos inícios de mês, com a bolsa ainda em bom estado, não era raro que a preferência fosse para a «Portugália», um pouco mais acima, na direcção da Alameda, onde o prego e a imperial eram servidos à mesa, durante a projecção do filme, ao ar livre. Um regalo! "

E vão três

Primeiro foram os farmacêuticos a reagir à perda do monopólio da venda dos medicamentos não sujeitos a receita médica.
Depois foram os juízes a estar contra a redução do período das férias judiciais de dois meses para um.
Agora é a Associação de Municípios (leia-se presidentes das câmaras) a estrebuchar perante a iminência da limitação dos mandatos.

Quem disse que o corporativismo acabou?

Neste país ninguém quer mudar. As mudanças dos últimos vinte anos foram impostas pela União Europeia. Que venha a EUROPA!

terça-feira, abril 12, 2005

Segredo, ou obscurantismo?

Com que direito a Maçonaria se apropriou e mantém há trinta anos um “grande livro … com os nomes e moradas de 3600 agentes e informadores da PIDE (Polícia Internacional de Defesa do Estado)”?

Já vem tarde, mas ainda pode ser um best-seller.

Rua do Desterro

É como um bolo de noiva, o prédio de branco listrado, numa rua entre dois hospitais. Não chegam a meio metro, as sacadas de portas fechadas, perdido o vício antigo de ver quem passa. Agora, nos varandins verdes, murcham bandeiras com saudades do Euro 2004.
No segundo andar, há uma águia embalsamada que já se cansou de voar sobre os vasos das sardinheiras, e ergue uma enorme bandeira do Benfica, na esperança de um milagre no fim do campeonato.

segunda-feira, abril 11, 2005

"The first cigarette-smoking pope"

Segundo o Guardian, D. José Policarpo, “um verdadeiro intelectual, muito bom em questões relacionadas com a cultura europeia” pode ser o cavalo negro do colégio dos cardeais e ser eleito papa. Pode também ser o primeiro papa fumador.

sábado, abril 09, 2005

A Cara e a Careta

Quando Francisco Sá Carneiro se deu conta de que o partido, o PPD que fundara com outros democratas liberais, o empurrava sistematicamente para a direita conservadora, chamou-lhe social-democrata, pensando ter resolvido o problema.

Enquanto viveu, fez algumas birras, zangou-se com os militares que conquistaram a democracia, mas não conseguiu aproximar o partido dos mitos liberais com que sonhava, como também não tinha convencido os corporativistas da União Nacional, – ou ANP, se preferirem, – a deslizarem um milímetro das suas posições conservadoras.

Infelizmente, Francisco Sá Carneiro teve uma morte trágica e absurda, e nunca se saberá o que poderia ter acontecido se ele ainda por cá andasse.
Certamente não se identificaria com o conglomerado de interesses em que o PPD/PSD se transformou, nem com o saco de gatos que se abriu ontem em Pombal.

sexta-feira, abril 08, 2005

A extinção dos dinossauros

Alberto João Jardim anda preocupado com a limitação de mandatos, cuja lei, a ser aprovada, abrange também os presidentes das Regiões Autónomas.

É pena que não possa ser aplicada rectroactivamente…

quinta-feira, abril 07, 2005

The Man Who Wasn't There

Segundo o Guardian, José Mourinho, apesar de ausente, foi o centro das atenções no jogo Chelsea – Bayern de Munique.

Toda a gente o procurava. A imprensa e os esbirros da UEFA espiavam a equipa técnica do Chelsea, e até a ida de Silvino ao túnel antes das entradas de Tiago e Robert Huth levantou suspeitas.
Afastado “by the vicious bureaucrats at Uefa”, Mourinho foi uma estrela e mesmo o Bayern, conhecido na Alemanha como FC Hollywood, ficou fascinado “by the dramatic dimensions of the Chelsea manager”.
E é português!

"Mais depressa se apanha um mentiroso do que um coxo"

O Dr. Paulo Portas, anterior Ministro da Defesa, apregoou durante a campanha eleitoral – e até antes – que tinha conseguido um acordo com a Bombardier para a construção de veículos militares, calando deste modo as reclamações dos trabalhadores daquela fábrica.

Quando, há poucos dias se viram as malogradas tentativas da Administração daquela empresa para retirar equipamento no valor de milhões de contos, alguns questionaram-se sobre o dito acordo. Chegou agora o esclarecimento.

O actual Ministro da Defesa, Luís Amado, desconhece “qualquer acordo ou decisão para a construção dos novos carros de combate do exército português na fábrica da Bombardier”, acrescentando, com despropositada bonomia, que «aquilo que é anunciado em período de campanha eleitoral deve merecer sempre um desconto».

Por aqui acabaram-se os descontos à mentira, irmã gémea do obscurantismo.

200 Apitos

Devia ser um autêntico Sistema. Duzentos arguidos no processo do “Apito Dourado”, é obra!
E só está «concluída a parte que diz respeito à corrupção desportiva». «Os casos de corrupção autárquica e outros paralelos deverão ser alvo de investigação aprofundada posteriormente».

Esperemos que haja coragem para ir até ao fim e que se faça justiça.

quarta-feira, abril 06, 2005


Sudoeste I Posted by Hello

terça-feira, abril 05, 2005

O exame da vida

Ao longo da vida somos examinados várias vezes. Socialmente, por quem convive connosco, e é por isso que simpatizamos com uns e embirramos com outros.


Para arranjar emprego quantos exames, entrevistas e testes psicotécnicos é preciso fazer? Muitos.

Na vida, prestamos provas todos os dias. Meter a cabeça na areia não é forma de a enfrentar.
Lamentavelmente o novo governo não pensa assim. Doutro modo não ponderava acabar com os recém criados exames do 9º ano.

É uma pena. Com facilidades não vamos a lado nenhum.

segunda-feira, abril 04, 2005

Os buracos do ensino

Governo quer acabar com os “furos” entre aulas

As promessas de reformas mirabolantes nunca se concretizam e nos últimos trinta anos há muitos exemplos disso. O mais importante é escolher a direcção certa e avançar, ainda que seja devagar.

No ensino há medidas simples que não custam dinheiro e podem melhorar o aproveitamento – e a educação – dos nossos jovens.

Quem não os viu já a deambular pelos cantos dos recreios, a fazer tempo, a experimentar a primeira passa, sem que ninguém dos que ganham a vida nas escolas se preocupe com eles. Se lhes perguntarem, responderão que não lhes compete, e deitarão as culpas para o governo, apesar de reclamarem autonomias.

Como é que pode haver furos no ensino? Bastará um pouco de organização – e vontade, já agora, – para acabar com a bagunça.

Não acredito que isto vá lá sem doer, mas algum dia tem de sobrar para alguém. Doutra forma, continuaremos a ouvir falar dos concursos dos professores e ninguém liga aos alunos.

domingo, abril 03, 2005

João Paulo II - R.I.P.

A morte de João Paulo II vai dar azo a declarações apologéticas sobre a sua passagem pela cátedra de S. Pedro. Umas serão mais sinceras do que outras, mas todas reconhecerão a importância do seu pontificado, cada uma relevando os aspectos mais conformes com as opiniões dos autores. Daí não vem mal ao mundo.

Menos saudável é o radicalismo dos que aproveitam a sua morte para desfraldar a bandeira do fundamentalismo religioso.

sexta-feira, abril 01, 2005

Um Papa à janela da história

Quando, há dois dias, o Papa acenou aos que se concentravam na Praça de S. Pedro e lhe chegaram o microfone, houve quem esperasse um milagre. Afinal tinha recuperado, pensaram os mais crentes.

Porém, depressa se percebeu que a fala não acompanhava o gesto e retiraram-lhe atabalhoadamente o microfone.

À hora em que escrevo este texto, a televisão diz que o Papa perdeu a consciência. Um Papa sem consciência já não é Papa.

É cedo para se saber se o pontificado de João Paulo II encerra o ciclo de transição iniciado por João XXIII, cujo mérito maior foi fazer esquecer o cinzentismo de Pio XII, ou é o começo de um novo ciclo. De qualquer modo iremos ouvir muitas vezes a expressão de que “depois do João Paulo II nada será como dantes”. Veremos.

Se já ninguém espera que o futuro Papa se feche nos claustros do Vaticano, por todo o lado se exige que a intervenção da Igreja Católica e do Papa se faça sentir mais eficazmente no desenvolvimento civilizacional dos povos, não se podendo confinar ao mediatismo das viagens pontifícias e das cerimónias de Roma, onde os bem vestidos se acotovelam.

Por cá, salvo raríssimas e incomodativas excepções, a Igreja continua adormecida à sombra da azinheira de Fátima. Segundo as suas estatísticas, a assistência aos actos litúrgicos diminui, e mais de quarenta por cento dos que frequentam as igrejas tem mais de 55 anos. Se falarmos da crise das vocações sacerdotais, os números são de alarme e aqui também se nota a imigração. Quem ainda duvida do crescente desfasamento da Igreja Portuguesa relativamente aos reais problemas da sociedade que explique estes dados.

Nem tudo o que luz é ouro

Segundo o Semanário Económico, está para breve uma corrida ao ouro nos concelhos de Évora, Montemor-o-Novo e Vendas Novas. Ora aí está o que nos faltava para dar um pontapé na crise.

Há apenas um pequeno problema de datas: hoje é dia 1 de Abril.