"As opiniões de Manuela Ferreira Leite sobre o TGV têm vindo a revelar bastante ligeireza a tratar de um assunto muito relevante para Portugal. Vamos por partes.
A construção do TGV foi sancionada, em 2003, por um acordo entre Portugal e Espanha, assinado na Figueira da Foz, pelo então primeiro-ministro, Durão Barroso e pela ministra das Finanças, Manuela Ferreira Leite. Só isto já devia levar a algum recuo a líder do PSD, e impedi-la de dizer hoje, mesmo sob o argumento da crise, que uma vez chegada ao Governo se "risca por completo" o projecto.
Por outro lado, um governo de um país da União Europeia não pode, ou não deve, denunciar unilateralmente acordos com outros Estados membros. A construção do TGV tem apoios comunitários atribuídos a esta obra em concreto. É demagogia defender a reorientação do investimento quando as normas da UE não permitem a transferência das verbas.
E, no fim da linha de argumentação, podemos questionar-nos se Portugal pode ficar de fora do projecto de Alta Velocidade Europeu.
São estas questões, ainda mais sérias em tempo de crise, que os portugueses querem e devem ter respondidas e problematizadas.
Isso e não politiquice, como as acusações - infundadas - feitas à Lusa. Quem exige, e bem, que em política é preciso falar verdade não pode revelar tal propensão para a falta dela. A um candidato a primeiro-ministro exige-se o trabalho de casa. E Ferreira Leite, manifestamente, não o fez." (
DN Online)