Não sou economista, mas aprendi há muito tempo que os bancos centrais podem influenciar os mercados através das chamadas “operações de mercado livre”, como na altura se designavam. Agora chamam-se open market operations, obviamente em inglês.
Lamentavelmente o Banco Central Europeu só tardiamente percebeu que era um banco central e podia (devia) refrear a especulação de que alguns países do Euro estavam a ser vítimas.
Fê-lo agora, mas não se compreende porque não o fez há mais tempo.
Ou melhor, compreende-se: Os neoliberais, que empurraram os países ocidentais para a maior crise global de que há memória, não se converteram todos e alguns continuam com influência em lugares de decisão, onde, como se vê, continuam a fazer muito mal.
Tanto assim é que os seus homólogos portugueses, com forte representação na blogosfera e na comunicação social de direita que é a maioria, não se cansam de verberar o BCE por ter comprado dívida portuguesa, espanhola e irlandesa, influenciando, negativamente dizem eles, a sacrossanta liberdade dos mercados, que os neoliberais transformaram em libertinagem.
É certo que, com a bênção de Passos Coelho, estes libertinos já tinham a passadeira estendida para receber o FMI, o que pode ficar prejudicado pela entrada em acção do Banco Central Europeu.
Porém, quem critica a compra de dívida pelo BCE não é a favor da Europa, nem do Euro, nem de Portugal.