segunda-feira, fevereiro 28, 2005

Corporações

O país está ingovernável, quem manda são as corporações. Os professores mandam no ensino, os médicos na saúde, os farmacêuticos nos medicamentos, os juízes nos tribunais. Nem falo nos sindicatos da polícia.

O poder não lhes vem do voto popular, embora, duma forma ou doutra, todos vivam à custa do orçamento. O que nos faltava era uma corporação de elementos eleitos, mas também já temos.

Ao contrário do que se possa pensar, a Associação de Municípios não é uma associação de Câmaras Municipais. Se fosse, defenderia os interesses dos munícipes, apoiando a luta contra a corrupção nas autarquias. Mas, afinal, a impropriamente chamada Associação de Municípios não passa de uma corporação de autarcas prontos a abocanhar o que resvala do orçamento, mas com vista grossa para o rigor da sua aplicação. É certo que ninguém é culpado antes de ser condenado, mas não adianta reclamar de cândido a inocência quando os processos são muitos e condenados também há vários.
Em vez de tentar calar quem alerta para “o elevado número de autarcas que exigem luvas”, a dita Associação deveria colaborar para os erradicar.

sábado, fevereiro 26, 2005


Convivência Democrática Posted by Hello

sexta-feira, fevereiro 25, 2005

Caçadores, Javalis e Cães de caça...

Conhecem o ditado?
Os cães que antigamente os defendiam dos lobos, andam agora a dizimar os rebanhos em Castelo Branco.

Agora chamam-lhes vadios mas não aparecem lá por acaso. São abandonados pelos caçadores nas montarias aos javalis. Como são superiormente autorizadas, deve ser tudo legal…

quinta-feira, fevereiro 24, 2005

Penalty

Antigamente os seus heróis eram guerreiros e navegadores. Dos guerreiros já ninguém se lembra, se não contarmos com o menino tardio que não chegou a sair da incubadora. Os descendentes dos navegadores vagueiam pelos cais à procura dos barcos que perderam.

Os heróis do povo agora são outros. Jogam à bola e duram pouco. Acabam aos trinta anos. Constroem-lhes templos a que chamam estádios e enchem-nos de súbditos que os idolatram. Quando caem em desgraça acenam-lhes com lenços brancos e abandonam-nos às feras.

O país transformou-se numa equipa de futebol: Trata-se tudo a pontapé: o vizinho, a gramática, o código da estrada. Até o governo foi corrido à biqueirada.

A política, a educação, a cultura, tudo se subordina aos milhões do futebol, como a Lusomundo.

quarta-feira, fevereiro 23, 2005

Vou ali acima buscar a chuva

Após levantar voo do Montijo, C-130 tenta fazer chover

terça-feira, fevereiro 22, 2005

Chuva de Março

O país está alarmado com o gado a morrer à sede e a época de incêndios a começar em Janeiro. Até em Sintra se andam a regar os jardins em pleno Inverno. Com a falta de chuva, nem as barragens dão luz. Ficamos nas mãos dos senhores do petróleo que se estão nas tintas para a nossa aflição e inflação.

Mas nesta semana tudo mudou. Não se sabe se foi das preces que o povo rezou ou do governo novo que aí vem. Talvez tenha sido a irmã Lúcia que ao chegar ao céu O alertou para as suas responsabilidades no incumprimento do Pacto de Estabilidade. O certo, é que a chuva apareceu.

Estivesse Ele obrigado a facultar os dados ao Eurostat que não se distrairia tão frequentemente.

segunda-feira, fevereiro 21, 2005

O Soberano

De vez em quando, dão-lhe a palavra e ele escolhe quem o vai governar. As suas decisões deviam ser acatadas com normalidade. Os que reagem com gestos dramáticos, atirando em todas as direcções, não são democratas. Estão na política com reserva mental e não para servir o povo.
Se pudessem, castigavam-no para aprender a votar.

sábado, fevereiro 19, 2005

Leituras

Uma mais velha que outra, mas ambas acima dos quarenta, as duas mulheres conversam como vizinhas, na fila do supermercado. Levam coisa pouca: carcaças inchadas de fermento, arroz carolino e alguns pacotes de leite, válidos até à eternidade. Meia envergonhada, a mais nova acrescenta um livro aos artigos que deslizam no tapete. "Queimada Viva” - grita, na capa, uma máscara de mulher.
- Nem gosto que ele leia estas coisas, mas eu também o quero ler… – justifica-se, perante o olhar intrigado da mais idosa.

sexta-feira, fevereiro 18, 2005


Maioria Absoluta Posted by Hello

Excitações

"durante 15 dias o líder seduziu os militantes como só o «Menino Guerreiro» sabe fazer "

quarta-feira, fevereiro 16, 2005

Debates

Parece que ninguém gostou do debate.
Eu gostei.
Gostei deste e gosto de todos os debates livres, de preferência com vozes dissonantes.
Gostei, porque a falar é que a gente se entende.
Gostei, porque as perguntas não foram forjadas pelos entrevistados.
Gostei até das perguntas que ficaram sem resposta. A evasão também é esclarecedora.
Gostei, porque sou do tempo em que os debates eram proibidos e ainda são em muitos países deste mundo global.
Haja debates e, já agora, algumas ideias.

terça-feira, fevereiro 15, 2005


Recolhimentos Posted by Hello

segunda-feira, fevereiro 14, 2005

Lúcia

Ela foi a memória das aparições. O seu testemunho é uma descrição pungente do impacto sofrido pelos pequenos pastores da Cova da Iria. Será recordada como uma predestinada. Aguarda-a a canonização.

domingo, fevereiro 13, 2005

Cultura de Casta

- "Vai votar em Santana Lopes?"
- "Vou, sim... (o seu governo) não era melhor nem pior do que os outros..."

Não é de agora. Em Portugal sempre houve uma certa cultura ao lado do obscurantismo.

sexta-feira, fevereiro 11, 2005

Gente do Passado

“Sua excelência o Presidente do Conselho esteve …” Era assim que o país tomava conhecimento das esporádicas sortidas de Oliveira Salazar fora dos jardins de S. Bento. Era o “Esteves”, assim lhe chamava o povo, por saber das suas visitas apenas a posteriori. Não havia presente nem futuro, só se conjugava o passado.
Nesta campanha, também há quem não se arrisque a divulgar os caminhos por onde tenciona passar.

quinta-feira, fevereiro 10, 2005

A ameaça

Santana só abandona liderança com menos de 30%

O Lado Certo da História

Ainda é cedo para se afirmar que estivemos do lado certo da história. Os fins não justificam todos os meios e a invasão do Iraque não foi legítima. É certo que caiu um ditador, e isso é sempre um avanço, mas não se encontram vestígios de armas de destruição maciça e o terrorismo ainda não acabou, infelizmente.
Porém, o mundo ficará aliviado se a democracia se enraizar no médio oriente e a história aclamará os libertadores.

quarta-feira, fevereiro 09, 2005

Tempos de Antena

Só a comunicação social parece excitar-se com esta campanha eleitoral. A indiferença é o sentimento mais comum. Há de tudo um pouco, desde os basistas errantes com saudades do PREC , até aos templários entrincheirados nos últimos redutos da xenofobia. Batem-se, uns e outros, por olivenças que a história já esqueceu. Só existem nos tempos de antena. São um insulto à inteligência e um roubo para os contribuintes.

sexta-feira, fevereiro 04, 2005


Bom Carnaval Posted by Hello

Desembarque

“Com o navio atracado, já sem o bálsamo da brisa do mar, sentimos o ardor do sol africano a subir da terra. Estivadores negros dormitam à sombra das cargas espalhadas pelo cais. Alguns olham-nos de uma forma que nos parece estranha. Para além do porto estende-se uma avenida emoldurada de palmeiras gémeas. A guerra parece estar bem longe…. Que terra é esta, acolhedora e distante?”

Luanda, 4 de Fevereiro de 1966

In Bichos do Mato


O Debate

Já dei uma volta por aí e não entro na cadeia dos críticos do debate. Limito-me a dizer que ficámos a conhecê-los melhor. Cada um que escolha. É assim a democracia, mas eu não faço campanha.

quinta-feira, fevereiro 03, 2005

Campanha Hardcore

O país hesita entre dois pólos. Durante o dia aliena-se na lamechice das revistas cor-de-rosa que enxameiam as bancas e já nos entra em casa sem pedir licença nos programas matinais da televisão, e, à noite, embrutece no hardcore duma campanha eleitoral marcada pelas graçolas soezes de alguns protagonistas, que fazem inveja às brejeirices do Parque Mayer

A Grande Surpresa

Não serve para ministro mas tem sempre lugar em Oeiras

quarta-feira, fevereiro 02, 2005

A Seca

Vai um Inverno áspero e engripado que greta os lábios às crianças e amarra os velhos às braseiras. Apesar dos cremes, as mãos arranham da secura do nordeste e o país espirra de cachecol ao pescoço. A gripe ataca famílias inteiras.

Não há neve nem chuva para matar os vírus da doença. Até o S. Pedro nos faltou. O que vai ser do queijo da serra sem o pasto do degelo? E as laranjas do Algarve que não vão atingir o calibre imposto por Bruxelas? Talvez o Alqueva salve o tomate do Alentejo.

Está tudo no noticiário das regiões, mas ninguém fala disto na campanha eleitoral.

Uma seca!