Além espevitarem momentaneamente a sonolenta oposição, os vetos do Presidente Cavaco Silva espelham a referência conservadora e corporativa que orienta o inquilino de Belém.
Com o veto do Estatuto do Jornalista, Cavaco Silva talvez tenha querido demonstrar que já não era o mesmo do tempo em que evitava ler jornais, mas limitou-se a ceder às pressões do sector. A “classe” gostou, os leitores nem por isso.
Suportado nos argumentos burocráticos que eternizaram a irresponsabilidade preguiçosa da nossa Administração Pública, vetou de seguida o diploma sobre a responsabilidade civil extracontratual do Estado, votado por unanimidade no parlamento.
Ao opor-se à alteração de uma lei do Estado Novo (1967) que limita a capacidade dos cidadãos para responsabilizar o Estado e está completamente desajustada em democracia, este veto tem cariz antidemocrático.
Por último, vacilando mais uma vez perante pressões corporativas, acaba de vetar as alterações à lei orgânica da GNR, mas isso é uma guerra de generais e essas, caso não saibam, fazem-se nos gabinetes…