A direita
portuguesa, que nunca deixou de controlar ideologicamente o corporativismo impregnado
no sistema judicial, sempre se serviu da justiça como arma política.
Dizer que o
25 de Abril nunca chegou aos tribunais tornou-se um lugar-comum, mas é uma
realidade, e o preço que o país paga por isso está sempre a aumentar,
ao ponto de a justiça ser já a causa principal do nosso atraso.
Não dispondo,
como noutros tempos, dos Tribunais Plenários criados por Salazar para julgar os
opositores que a Pide prendia por tempo indeterminado, à direita e aos poderosos,
passe a redundância, basta puxar os cordelinhos do corporativismo para o
sistema judicial se pôr ao seu serviço.
As
tentativas de interferência do poder judicial na política em Portugal chegam ao
ponto de nos congressos do sector se ouvirem intervenções exigindo a subordinação
dos restantes órgãos de soberania ao poder judicial, uma clara violação do principio
da separação de poderes consagrado na Constituição da República.