Como a discussão sobre TGV vai recomeçar, e não me quero repetir, transcrevo o texto que
publiquei em 13 de Julho de 2005:
A minha terra fica a mais de 400 quilómetros de Lisboa. Ainda há poucos anos, quando planeava ir lá, levantava-me cedo e preparava-me para uma viagem cansativa. Se lá queria estar às 2:00 da tarde, tinha de sair de Lisboa antes das 6:00 da manhã. A média rondava os 50 quilómetros por hora, por estradas sinuosas que atravessavam aldeias e vilas, torneando as montanhas sem passar pela vertigem dos viadutos.Hoje, se sair às 9:30 e não tiver acidentes, chego à mesma hora. Poupo mais de três horas e, apesar de mais velho, não me sinto cansado quando lá chego. A A23 – a tal SCUT – é a responsável por este milagre.
Nas obras públicas, o importante é a estratégia. No curto prazo, nem sempre o retorno do investimento está garantido, mas a melhoria das condições de vida dos cidadãos é um factor de desenvolvimento civilizacional a que nem sempre é atribuído o devido valor. Talvez seja por não ser contabilizável, nem visível em gráficos ou expresso nas estatísticas. Porém, a satisfação dos cidadãos é um elemento essencial para a motivação e o ganho da confiança de que precisamos.
O país anda acabrunhado e não avança com a discussão do défice até às milésimas, nem com os “cortes drásticos” na despesa que afecta os rendimentos dos outros.
Que se poupe na despesa, mas é com obras e trabalho que o país levanta a cabeça.
Ainda me lembro dos velhos do Restelo que também nos visitaram quando da construção da Ponte Vasco da Gama e da Expo-98. A ponte todos os dias lhes prova que não tinham razão e o Parque das Nações, construído sobre as lixeiras que eram um ex-libris terceiro-mundista da capital, é uma das áreas mais visitadas por turistas e residentes.
Não se espere que a Portela rebente pelas costuras. Construa-se o novo aeroporto, o TGV, e não descansem enquanto a auto-estrada não chegar a Bragança.
O povo agradece.