Confissões de um bombista convertido
A tragédia ocorreu ao anoitecer do dia 4 de Dezembro de 1980, e o facto desta confissão ser feita poucos dias antes da passagem de mais um aniversário sobre essa data não pode ser considerado um dado irrelevante. Porém tanto o CDS/PP como o PSD se apressaram a clamar por justiça, dando de barato a duvidosa credibilidade do autor.
Deviam ter mais cuidado.
De facto, o antigo operacional do MDLP – um movimento fundado por Spínola que, juntamente com o ELP de Barbieri Cardoso (subdirector da PIDE), tentou empurrar o país para a guerra civil – não confessa apenas ter fabricado a bomba.
Diz também que essa bomba foi encomendada por Adelino Amaro da Costa para provocar uma "revolução psicológica" na campanha de Soares Carneiro, o candidato presidencial da AD (CDS e PSD), que estava em queda nas sondagens.
Esta parte da confissão é desvalorizada pelo PSD e pelo CDS/PP, mas com compagnons de route deste calibre não seria de estranhar se os tiros saíssem pela culatra.