O governo mudou há quase um ano, mas o comentário televisivo continua alinhado com Passos Coelho e Portas, como se ainda governassem em obediência ao FMI.
Nesse tempo, quando se cortavam salários e pensões e aumentavam os impostos empobrecendo a classe média, não se ouvia tanto barulho como o que provocou a intervenção de Mariana Mortagua ao defender o aumento do IMI para o património imobiliário superior a meio milhão de euros.
Dizem estes acomodados comentadores (Marques Mendes, Camilo Lourenço, José Gomes Ferreira...) que temos pouco ricos e por isso não se justifica esse aumento, um raciocínio tão tortuoso que aconselharia tratamento psiquiátrico. Uma simples consulta às estatísticas do mercado imobiliário ensinaria a estes preguiçosos enquistados que os imóveis que mais rapidamente se vendem são os mais caros e não são assim tão poucos: de Lisboa a Cascais, não há bairro que se preze que não tenha o seu condomínio de luxo. No Porto, a Foz também não é para todos e dos resorts de luxo do Algarve nem é bom falar...
Que os ricos não queiram pagar mais impostos compreende-se. Que os comentadores lhes facilitem a vida, transpondo-os para a classe média, é que é criminoso.
O que Mariana questionou foi o establishment que se apoderou do comentário político e um certo conceito de politicamente correto que afecta a nossa classe política, incluindo a de esquerda.
Que nunca a voz lhe doa!