Cada poeta tem o seu Adamastor
Exceptuando uma passagem pelo primeiro governo constitucional, depois do 25 de Abril Manuel Alegre instalou-se na sua cadeira de deputado pelo círculo de Coimbra, não exercendo outras funções para além das parlamentares.
O próprio não esconde o seu desinteresse por cargos executivos, como bem demonstrou ao não assumir que se candidatava a primeiro-ministro, na disputa pela liderança do partido .
Aliás, quando concorreu ao lugar de Secretário Geral do PS e quando se “disponibilizou” para concorrer à Presidência da Republica, fê-lo por reacção e não por pura iniciativa, denunciando em ambos os casos uma iniludível falta de convicção nas candidaturas e, naturalmente, na vitória.
Os portugueses reconhecem nele o homem de cultura e o político respeitado e respeitável que Manuel Alegre corporiza, mas não o vêem como o homem de estado que se exige na Presidência da Republica.
A sua candidatura à liderança do partido serviu apenas para agregar os românticos do velho PS a quem o estilo e a determinação de Sócrates causava engulhos.
Na ausência de Mário Soares, a sua candidatura à Presidência de Republica, limitar-se-ia a legitimar a vitória de Cavaco Silva, não tapando qualquer buraco à esquerda, que o abandonou na primeira curva, como se viu.