sábado, setembro 30, 2017

Uma frase que diz tudo

Oficialmente, Porto Rico é um "território não incorporado dos Estados Unidos da América".  Como os outros estados,  tem um governador e o seu presidente é Donald Trump.

Recentemente este território foi devastado pelo furacão Maria que espalhou o caos no arquipélago. Segundo relatos do governador e de outros responsáveis,  há gente a morrer de fome e,  se não se acudir rapidamente,  o resultado pode ter as consequências de um genocídio.

Instado a intervir, Donald Trump saiu-se com esta:

 "This is an island, surrounded by water, big water, ocean water". 



Uma radiografia à  cabeça não seria mais esclarecedora... 


sexta-feira, setembro 29, 2017

Já foste!

Passos Coelho foi um beneficiado da crise  da bolha financeira que deflagrou em 2008, a meio do primeiro governo de Sócrates, até então com um exercício globalmente positivo.

Apesar de já ter negociado com a Comissão Europeia, Eurogrupo e  BCE, um conjunto de medidas que ficaram conhecidas por PEC IV, a  Sócrates e ao seu segundo governo minoritário faltou em 2011 a solidariedade  de todos os partidos da oposição ao rejeitarem o PEC IV. Tendo acabado por se demitir sob pressão do Presidente Cavaco Silva, o verdadeiro líder da oposição ao governo do PS, Sócrates resistiu até o limite, mas foi obrigado a aceitar a vinda da Troica, em cujas negociações  o comportamento dos representantes do PSD deveria ficar na história como exemplo do que como se pode atraiçoar a pátria, fingindo que se defende. 

Entronado no governo com a bênção de Cavaco, Passos Coelho depressa se vangloriou de "ir além da Troica", fazendo cortes em salários e pensões e impondo um "enorme aumento de impostos", para usar a expressão do então Ministro das Finanças, Vítor Gaspar, que ao demitir-se reconheceu por escrito os erros cometidos pelo governo de que fez parte.

Quem nunca reconheceu esses erros foi o principal responsável, Passos Coelho, que  para substituir o arrependido Gaspar nomeou sem pestanejar Maria Luís Albuquerque, provocando a "demissão irrevogável" de Paulo Portas, abafada com o maior cinismo  por Cavaco Silva.  

Sempre cantando e rindo, Passos Coelho ironizava com as dificuldades que os portugueses enfrentavam, aconselhando-os a emigrar e apodando de piegas os que se atreviam a protestar. O empobrecimento do povo dava-lhe gozo.

Apeado da governação após as eleições de 2015, e não se conformando com as decisão da maioria parlamentar que chumbou a sua proposta de governo e veio a aprovar as proposta do Governo PS,  Passos Coelho apostou tudo em dois cenários:
 1 - Na fragilidade da aliança alcançada pelo PS para governar;  
 2 - Na inevitabilidade dos problemas que adviriam do abrandamento da austeridade e da reposição de salários e pensões.

Cenários como o agravamento do deficit e as pressões exercidas pelos mercados sobre a divida, também passavam pela cabeça de Passos Coelho, que assim ia congeminando o seu regresso, contando com a ansiada ajuda do diabo.

O diabo até deve ter andado por aí, pois os incêndios foram demais. Porém, quanto ao deficit, desceu para níveis nunca atingidos em democracia e os mercados acabaram por ser "obrigados" a tirar-nos do lixo, facilitando o financiamento da economia que está a crescer como já pouca gente se lembra.  

Enquanto esperava pela vinda do diabo, o líder do  PSD foi adiando as decisões sobre as autárquicas, um problema menor para quem vive de sonhos mais altos.  
O aumento do emprego, o crescimento da economia, ou a melhoria da opinião dos mercados, foram porém  notícias catastróficas para a estratégia de Passos Coelho, que, atordoado, desceu à terra aos trambolhões.. 
No entanto era tarde para corrigir os erros das autárquicas de que, em rigor, Passos nem fala, limitando-se a criticar o governo inspirado pelas fake news.  
Isto é um sintoma de que ele não mudou e continua desfasado da realidade, não se dando conta de que a cama onde vai acordar depois das autárquicas já está feita.  

quarta-feira, setembro 27, 2017

Antisondagem

Embora mais uma vez apoiado pelo CDS, Rui Moreira, presidente e candidato à câmara do Porto, gosta de se afirmar contra os partidos. Nas anteriores eleições autárquicas ganhou folgadamente  a câmara e desta vez continua a ser apontado como favorito.
Surpreendentemente, pelo menos para quem não segue de perto a campanha no  Porto, apareceram duas sondagens, uma delas muito recente da universidade Católica, que concluem pelo empate entre a candidatura do PS e a de Rui Moreira.


O imbróglio sobre um terreno junto à ponte da Arrábida, onde uma empresa da família do presidente quer construir contra a opinião dos técnicos municipais, pode estar na origem da súbita (?) perda de popularidade do dito candidato independente.
Porém, quem não distingue o interesse público do privado, nem para vogal de uma junta de freguesia...

segunda-feira, setembro 25, 2017

O relatório do Expresso

No sábado, o Expresso fez manchete de um relatório sobre o roubo de Tancos  atribuído a serviços de informações militares, no qual o ministro da defesa e as chefias militares seriam severamente criticados.
Apesar de o primeiro-ministro e o presidente da República terem revelado desconhecer o referido relatório, Passos Coelho e Assunção Crstas cavalgaram alegremente no que aparenta ser mais uma atoarda em tudo semelhante às inventonas em que a direita é costumeira.

Apesar das juras do Expresso, passadas mais de quarenta e oito horas  continua sem se conhecer a origem da manchete, tudo apontando para uma fraude para desacreditar o governo e as forças armadas, que se apressaram a desmentir o seu envolvimento na sua elaboração.
Se dúvidas havia  da cumplicidade do PSD, os indícios que apontam para o conhecimento prévio deste pretenso relatório afastaram-as. 
À falta de ideias para fazerem  oposição,  as lideranças do CDS e do PSD correm atrás de todas as fake news que lhes permitam aparecer na comunicação social, sem a mínima preocupação  com a verdade.

domingo, setembro 24, 2017

Catalunha - o golpe de estado

Quem lidera o movimento independentista da Catalunha é o próprio governo autónomo, la Generalitat, uma instituição constitucional do estado espanhol. Ao rebelar-se contra a ordem constitucional do estado, os membros da Generalitat estão na prática a tentar um golpe de estado.
Embora se escudem no povo, a verdade é que os eleitores catalães estão muito divididos no que à independência da região diz respeito, havendo sondagens indiciando que a maioria está contra este referendo independentista.
Personalidades cujo catalanismo  é inquestionável, como Joan Manuel Serrat, já se declararam contra  este referendo por falta de transparência e democraticidade, responsabilizando o governo da Catalunha pela cisão que provocou entre o povo catalão.

A invocação de valores democráticos para justificar um referendo declarado inconstitucional é outro dos sofismas da Generalitat, que usa o poder constitucional concedido pelo estado espanhol para o desmembrar,  tentando impor a independência a uma região onde pelo menos metade dos cidadãos a rejeita.

Ao forçar um referendo ferido de ilegalidade, o governo catalão fecha as portas ao diálogo que é a única saída para o impasse a que se chegou.


sexta-feira, setembro 22, 2017

Campanha de mentiras

Mentir em campanha eleitoral não é propriamente original, mas há quem abuse: Teresa Leal Coelho, a segunda escolha do PSD à câmara de Lisboa, foi ao bairro ilegal de São João de Brito dizer cobras e lagartos da gestão da câmara na legalização e recuperação daquele bairro.

Não foi preciso esperar pela resposta da câmara, nem do candidato do PS, visado pelas afirmações de Teresa Coelho: Mal a candidata e comitiva viraram costas, a presidente da respectiva comissão de moradores desmentiu, uma por uma, as acusações da candidata, relata o Expresso. 

Ir por lã e voltar tosquiado acontece muito a quem usa a mentira como arma. 

segunda-feira, setembro 18, 2017

Chafurdar

Gostaria de começar esta frase escrevendo: "alguma imprensa gosta de chafurdar na imundice". Infelizmente não posso. Tenho mesmo de escrever: a maioria da imprensa gosta de chafurdar na imundice.

Poderia pensar-se que a imprensa se reporta à imundice dos outros, mas embora em certos casos isso possa ser verdade, noutros que não poucos, é a própria imprensa que cria os factos imundos ou lhes cola a imundice.

Fernando Medina terá trocado de casa, tal como terão feito milhares de portugueses. Medina, porém, é presidente da Câmara de Lisboa, vai candidatar-se a novo mandato e é do PS, o que para a imprensa controlada pela direita, a tal maioria, é razão suficiente para suspeitar de que a troca de casas não foi transparente. Inventar uma narrativa justificativa da sua própria invenção foi o passo seguinte. Que o resto da imprensa se fez eco da inventona também não surpreende.

Para os portugueses também já não é novidade que a imprensa está feita com os partidos de direita. Criar e deturpar factos para prejudicar o governo e o PS é a sua principal função. O resto, ou seja, o jornalismo independente não existe em portugal. Está todo controlado. O seu engajamento à direita é público e notório.
A história da casa de Fernando Medina é apenas mais um exemplo de uma história intencionalmente mal contada.

sábado, setembro 16, 2017

Subir de nível

Portugal nunca foi lixo, mas os mercados só respeitam o capital  e atiram para uma lixeira que inventaram os países que passam por dificuldades. A partir desse momento abandonam-nos à sua sorte e tem de ser o FMI a recupera-los para que os investidores recomecem a conceder crédito a esses países.

Portugal já passou por esse calvário várias vezes - duas depois do 25 de Abril - e a última é bem recente. 
Sair da lixeira é uma benesse para os ministros das finanças que deixam de ter problemas para financiar o país. 
As declarações de António Costa e do ministro Centeno refletem isso mesmo. Já a afirmação de Passos Coelho, garantindo que se os portugueses o deixassem continuar a governar teríamos saído da lixeira há mais tempo, são fruto da dor de cotovelo que o aflige desde que foi corrido e merecem uma sonora gargalhada.
As políticas que obtiveram os resultados que permitiram subir o nível do país não são apenas diferentes das políticas que governo PSD/CDS impôs. São opostas...

Com Passos continuaríamos no lixo. Os portugueses perceberam isso ao recusar-lhe um segundo mandato.

quinta-feira, setembro 14, 2017

Jogo sujo

As eleições autárquicas estão à porta. Como habitualmente, espera-se que a lei seja cumprida e os portugueses votem macissamente.
Há no entanto algumas ameaças: pelo cumprimento da lei zelam os tribunais, que anunciaram fazer greve no dia das eleições... Seria a primeira vez que um órgão de soberania faria greve. Já imaginaram os outros órgãos de soberania, Governo, Presidente da República e Assembleia da República, fazerem greve? Um absurdo. 
Esperemos que o bom senso prevaleça também nos tribunais, como manda a tradição na justiça.

No futebol o bom senso é um bem mais escasso. O bom senso e o sentido de responsabilidade deveriam bastar para que a Federação Pirtuguesa de Futebol não marcasse jogos para os dias em que há eleições, mas parece que está à espera que o governo o proíba, pois refugia-se no vazio legal para justificar os jogos nesses dias. 
Talvez a imaturidade cívica na FPF obrigue o governo a decretar essa proibição, mas provavelmente não vai a tempo de evitar o "boicote" da FPF às próximas eleições autárquicas.
De boicote em boicote, a democracia lá se vai aguentando, mas não lhe fazem bem nenhum.
(Inspirado aqui)


terça-feira, setembro 12, 2017

Furto de Tancos

O hipotético desaparecimento de material de guerra armazenado em Tancos está a deixar muita gente nervosa.
Por enquanto, porém, este furto ainda não passou de um "alegado furto", a não ser que os nervosos do PSD/CDS e comentadores conexos tenham  acesso a informações que os investigadores desconhecem. 

Se um alegado furto, ou outro qualquer alegado acontecimento ainda não provado, faz rolar a cabeça de ministros, talvez vivamos num alegado estado de direito...

Alegar é fácil, provar é mais complicado. 

domingo, setembro 10, 2017

A negação da democracia


Que Passos Coelho está preso no labirinto que ele próprio criou, poucos duvidam. A sua substituição na liderança do PSD é tão previsível como a mudança de um treinador de futebol numa equipa que acumula derrotas. É dos livros.

Que haja comentadores que "não vislumbrem no PSD um único sucessor capaz", é revelador do enquistamento da direita do PSD, que Passos representa, pois, num partido com a sua dimensão, afirmar que não há alternativas à liderança equivale a uma negação da democracia. Há sempre alternativas, embora nem todas agradem a todos, mas a democracia é assim mesmo.

Os comentadores que querem "manter o PSD no espaço político que hoje ocupa" são os mesmos  que apoiaram a  política desastrosa quando governou e hoje suportam os muros do labirinto em que Passos Coelho se encerrou.
Tal como Passos e Cavaco, também eles questionaram a legitimidade da Assembleia da República para recusar  o governo minoritário da coligação PSD/CDS, em favor do governo do PS apoiado pelo PCP e BE. Questionam a democracia.

sexta-feira, setembro 08, 2017

Crime no Facebook

Aqui ao lado, em Espanha, uma mulher de 45 anos, uma senhora portanto, ficou assanhada com as declarações de uma deputada do partido  Ciudadanos e foi desabafar no Facebook:

Convenhamos qe ser violada por um grupo não é coisa que se deseje a ninguém.

Naturalmente arrependida, perdeu o emprego, é criticada por todos, arranjou um problema para si e para a sua família e não se livra de um processo por crime de ódio.

Os perigos do Facebook são vários, sobretudo para quem o usa para desabafar...


quarta-feira, setembro 06, 2017

Teorias de conspiração

Apagado o fogo, as atenções do PSD e do CDS voltaram-se para o dinheiro dos donativos, insinuando que o governo o terá desviado.
O governo esclareceu que só controla um fundo com cerca de 1,9 milhões de euros, muito longe dos 13 ou 14 milhões que a oposição de direita diz terem sido recolhidos.

Ao PSD e ao CDS só interessa a chicana política, esquecendo que os tais 13 ou 14 milhões que referem, a existirem, ainda não foram entregues ao fundo controlado elo governo. 
Uma coisa é pedir esclarecimentos, de preferência com bons modos. Outra, completamente disparatada, é começar logo aos tiros para o ar a ver se acertam em alguém.
(Às vezes, faz ricochete e acertam no pé...)


segunda-feira, setembro 04, 2017

Secundario

O desenvolvimento do país precisa de infraestruturas que dependem quase exclusivamente do investimento estatal.
Uma infraestrutura essencial, para o turismo e outros negócios, é o aeroporto de Lisboa que está a rebentar pelas costuras. 

Dado o elevado custo para os cofres do estado, conviria que as decisões relativas a estes investimentos fossem tanto quanto possível consensuais, evitando querelas que criam impasses e atrasam o desenvolvimento. Hoje ninguém discute a barragem do Alqueva, mas as discussões sobre a sua construção atrasaram vários anos a riqueza que trouxe ao Alentejo.

O consenso politico-partidario sobre as infraestruturas interessa ao país. Considerá-lo secundário é mais uma demonstração de irresponsabilidade política de Pedro Passos Coelho.

sábado, setembro 02, 2017

Incendiários

"A Moody’s subiu a perspetiva do rating da dívida pública nacional para positiva, da anterior estável, esta sexta-feira. O rating mantém-se no patamar de ‘lixo’, em Ba1. A agência de notação financeira é, assim, a segunda a dar este passo, depois de Portugal ter saído do Procedimento por Défice Excessivo (PDE)."

Cavaco Silva foi a Castelo de Vide ensinar aos jovens do PSD como se deturpa a realidade.

De seguida foi lá Paulo Rangel, que, à falta de bons argumentos, atiçou, mais uma vez, o fogo de Pedrogão Grande contra o governo.

Cavaco e Rangel não suportam a melhoria do país conseguida por um governo que desmontou a TINA (There is no alternative), a maior mentira política  imposta ao país pelo PSD com o apoio da direita europeia.

Incapazes de conviverem com esta realidade,inventam uma realidade paralela, o que agrava ainda mais o estado de negação patológico em que caíram. 

O país já os conhece e, tirando o séquito que padece do mesmo mal, têm cada vez menos audiência.