Se ainda não lhe puseram um microfone à frente para opinar sobre as escolhas do seleccionador nacional e o “crime” de não se ter deslumbrado com o génio instável de Quaresma, não desespere, que a procissão ainda vai no adro e a sua vez há-de chegar.
Antes de Scolari, os nossos seleccionadores inspiravam-se lendo “A Bola” e aconselhavam-se com os presidentes dos clubes. Pode mesmo dizer-se que as suas escolhas eram sopradas nas entrelinhas, tendo em conta o equilíbrio de forças dos clubes, como convém a um país de brandos costumes onde o "respeitinho" tem valor referencial.
Assim, se tinha de se convocar um “puto maravilha” de Alvalade, logo se descobria uma promessa no Benfica. Lembram-se das estreias de Simão e Hugo Leal?
Como neste caso, por vezes os equilíbrios eram desequilibrados, mas o método tinha a virtude de aplacar a ira dos que falavam grosso, embora não evitasse desonras como a de Saltillo, nem traumas como o da Coreia.
As escolhas do actual seleccionador também são discutíveis, como todas. A diferença é que Scolari não se amedronta com as ferroadas dos mandões da futebolândia, nem embarca nos mexericos da imprensa especializada.
Para mim, já ganhou.