quarta-feira, maio 31, 2006

A voz de Mona Lisa


Se o sorriso de Mona Lisa permanece indecifrável, agora já podemos ouvir a sua voz. Esta é pelo menos a convicção do japonês especializado em acústica que a pôs a falar, como nos conta o Le Monde.
Ora ouçam-na, assim como ao seu criador, Leonardo da Vinci.
(Não é preciso instalar nada...)

Já chegámos à Madeira!

Para quem levou a sério as últimas tiradas de Alberto João Jardim (“será a Madeira auto-viável e auto-sustentável?”) convém lembrar que a “Madeira só pode manter o actual nível de vida se continuar a receber verbas de Lisboa, porque "gasta muitíssimo mais do que produz".

Quem o diz é Miguel Beleza e é por isso que não deixa de ser estranho que os sacrifícios impostos aos contribuintes do continente para combater o deficit não se tenham repercutido de igual modo nas regiões autónomas.

As regiões, tal como as autarquias, devem ser solidárias, "num esforço de consolidação orçamental que tem de ser de todos", terá dito José Sócrates, lembrando aos governos regionais que não podem esperar que Lisboa continue a endividar-se para lhes proporcionar o nível de ajudas a que se habituaram.

Estas palavras terão levado Alberto Joao Jardim a desfraldar a bandeira do separatismo, mas rapidamente se arrependeu do seu acto reflexo: "Com a qualidade de vida que nós atingimos quer dentro do Estado português, quer dentro da União Europeia, obviamente que não íamos para aventuras como os cidadãos de Cabo Verde ou de Timor Leste".

Durante décadas, bastava a AJJ acusar Lisboa de colonialismo para os primeiros-ministros se apressarem a reforçar as transferências do orçamento a favor da Madeira.

Mas Sócrates pertence a uma geração que não tem complexos coloniais e desta vez o aperto do cinto também vai chegar à Madeira.

terça-feira, maio 30, 2006

Invasão ou Arrastão?

Ninguém conseguiu identificar o invasor, mas certamente não era “Uma Abelha na Chuva”, que o dia estava claro e o calor sufocava.
A fazer fé nos ventos, vieram de África, terra de todas as pragas, e invadiram as praias sem se fazer anunciar. Os banhistas arrumaram os tarecos à pressa e correram descalços, coçando-se, aos encontrões pela areia quente. Nunca se vira nada assim.

Apesar de se exigir celeridade na identificação dos responsáveis pelas comichões dos banhistas, depois de ouvir os queixosos, as autoridades competentes informaram que as investigações seguiriam os trâmites normais, tendo detido alguns elementos para identificação.

Embora não haja confirmação oficial, “A Forma e o Conteúdo” está em condições de afirmar que se trata de meliantes conhecidos pela alcunha de “mosquitos” que actuam junto ao mar, de preferência na maré baixa.
Nas tardes quentes, vêem-se a olho nu de qualquer esplanada da linha de Cascais, da Expo ou da Costa da Caparica, atraídos pelas gaivotas pousadas na areia.
Notícias não confirmadas também davam como certa a sua presença em Tróia, mas um apanhador de bivalves do estuário do Sado foi peremptório:
- “A gente na tem tempo pa se coçar!”

sábado, maio 27, 2006

O fascismo nunca existiu

A ditadura que perdurou de 1928 a 1974 em Portugal nunca foi fascista, nem na forma, muito menos no conteúdo.”

Esta frase foi retirada de um texto do blogue “Tugir”, subscrito por CMC, onde se questiona a natureza fascista do regime derrubado em 1974.
No mesmo blogue, alguém (LNT) já se encarregou de mostrar o delírio desta tese.

De facto, além de deturparem a verdade histórica, aquelas afirmações insultam a memória dos que sofreram a violência do regime e manifestam pouca consideração pela liberdade. Apenas os que integraram o lote dos beneficiários do regime as subscreverão.

Talvez o fascismo português não fosse “tão puro” como o italiano, mas ninguém duvida das suas inspirações comuns. O facto de ser “mais branco” apenas ajuda a compreender porque Salazar morreu de velho, ao contrário de Mussolini.

Posto isto, também apetece perguntar:
Fora os correlegionários e os ignorantes, a quem é que estas falsificações históricas e políticas podem convencer?”.

sexta-feira, maio 26, 2006

Fim do monopólio

"Governo anuncia liberalização da propriedade das farmácias" e
"Farmacêuticos perplexos com as medidas propostas."

Comme d'habitude...

quinta-feira, maio 25, 2006

Na boca do crocodilo

O que se passa em Timor não é de bom augúrio. Os ataques têm objectivos definidos, habitualmente quartéis da polícia. Não são meras violações da ordem pública. Por detrás destas confrontações violentas estão as fracturas que dividem há muito a classe política timorense.

A intervenção de tropas estrangeiro num país à beira da guerra civil corre o risco de não agradar a ninguém, mas justifica-se para salvaguarda de pessoas e bens.
Porém, a sua permanência por “longo prazo”, como prevê o Ministro da Administração Interna, pode resultar numa tentativa de apagar um incêndio com gasolina.

quarta-feira, maio 24, 2006

"Prós e Contras"

Carrilho – “O bombo da festa”.
Pacheco Pereira – “Uma voz no deserto”.
Emídio Rangel – “TV Memória”.
Ricardo Costa – “Haraquiri ao vivo (SIC Radical) ”.

Mais desenvolvimentos aqui...

Um problema cultural

As imagens mostram-nos insectos a passear pelas travessas, detritos inidentificáveis espalhados pelo chão imundo, louça amontoada em prateleiras ensebadas, alimentos armazenados em condições impróprias, enfim, um cenário de filme de horrores.

Numa operação de fiscalização das Actividades Económicas que decorreu nas cidades de Braga, Porto, Aveiro, Viseu, Leiria, Lisboa e Setúbal, foram fechados 14 restaurantes, instaurados 82 processos de contra-ordenação e dois processos crime, e foi apreendida uma tonelada de produtos alimentares que não estavam nas devidas condições para consumo. A taxa de incumprimento foi de 77%, e nem foi preciso ir ao Algarve para atingir este número. Isto é, apenas 23% dos restaurantes inspeccionados naquelas cidades funcionam dentro das normas.

A falta de higiene anda de mãos dadas com a ignorância e não é preciso fazer uma sondagem para aquilatar do baixo nível de escolaridade da generalidade dos intervenientes da industria de restauração. Alguns nem têm consciência dos crimes que cometem e são um autêntico perigo social, como aquele dono de um restaurante de Setúbal que “enquanto os inspectores selavam as arcas frigoríficas que continham alimentos mal acondicionados e conservados” teve a desfaçatez de se vitimizar com este desabafo: “É uma desilusão. Dedicamo-nos tanto a uma coisa e depois somos obrigados a abandonar os sonhos".

As estatísticas do nosso ensino deviam ser levadas mais a sério, pois a insuficiência de escolaridade é a causa principal do nosso atraso. Pode-se emagrecer o estado, cortar na despesa, privatizar, que enquanto os níveis da nossas escolaridade não se aproximarem das médias europeias os indicadores económicos também não se aproximam.

segunda-feira, maio 22, 2006

Uma televisão em cada janela

Segundo a Lusa, a Sport TV comprou todos os direitos de exibição pública dos jogos do Campeonato do Mundo e proibiu a sua exibição em cafés e restaurantes, mesmo daqueles que sejam transmitidos por outros canais de televisão.

Ou seja, apesar de pagarem à TVCabo as licenças correspondentes à SporTV, os donos dos restaurantes não poderão ter os ecrãs à vista dos clientes.

A SporTV lá sabe o preço que pagou por essa fantasia, mas foi enganada.
Não é por a FIFA ter leis próprias e castigar os clubes que recorrem aos tribunais que pode proibir os portugueses de verem televisão nas esplanadas das praias, nos hotéis, ou nas salas dos restaurantes espalhados pelas cidades

Cá por mim, vou pôr uma televisão na varanda, mesmo ao lado da bandeira nacional.

domingo, maio 21, 2006

Ficção e realidade


(http://www.20minutos.es/)

sábado, maio 20, 2006

Luandino Vieira vence Prémio Camões 2006

José Vieira Mateus da Graça nasceu em Vila Nova de Ourém no ano de 1935. Talvez por ter trocado o José por Luandino, há biografias que o fazem nascer em Luanda, para onde os seus progenitores o levaram ainda menino.

A Luuanda das suas estórias já não é o que foi e talvez seja por isso que há muito não escreve e se refugiou no Alto no Minho, incapaz de enfrentar uma realidade bem diferente daquela com que sonhou para a sua Angola.
Com ele nasceu a literatura angolana. Chamam-lhe africano, mas a sua pátria será sempre a língua portuguesa que ele mestiçou como ninguém.

sexta-feira, maio 19, 2006

Uma questão de direito

Tal como toda a região de Riba-Côa (municípios de Figueira de Castelo Rodrigo, Almeida e Sabugal), Olivença e outras povoações do Alentejo (Campo Maior, Ouguela) passaram a integrar Portugal pelo Tratado de Alcanizes (ou Alcanices) celebrado entre D. Dinis, rei de Portugal, e Fernando VI, Rei de Leão e Castela.

Mais tarde, quando o furacão napoleónico varreu a Europa, a Espanha, que já se vergara ao domínio do Corso, quis mostrar serviço e invadiu Portugal, dando início à chamada guerra das laranjas. No tratado que pôs fim ao conflito (Tratado de Badajoz), a Espanha recusou devolver Olivença, desviando a fronteira para o Rio Guadiana.

Com a derrota de Napoleão em Waterloo, e na sequência do Tratado de Paris e do Congresso de Viena, as conquistas napoleónicas ficaram sem efeito. Como consequência, a Espanha também se comprometeu formalmente nestes tratados a devolver Olivença a Portugal, mas nunca honrou esse compromisso.

Numa altura em que a Espanha reclama Gibraltar, os portugueses têm o direito e a obrigação de lhe lembrar que faz hoje 205 anos que ocupa ilegalmente Olivença.

quinta-feira, maio 18, 2006

Será desta?

Ouço os senhorios, ouço os inquilinos e vejo que tanto uns como outros estão contra a projecto do governo sobre o Regime Jurídico das Obras em Prédios Arrendados. São conhecidos os argumentos de ambos os lados e é bom que a discussão ganhe alento.
Porém, a degradação do património urbano das grandes cidades é uma realidade que não pode ser escamoteada e já é tempo de se tomarem medidas para recuperar o que ainda não está definitivamente perdido.

Espera-se que neste domínio o governo também surpreenda pela positiva, encarando de frente o problema.

Mal menor

Cintando fontes médicas, o Diário de Noticias sugere que a recente vaga de alergias em crianças e adolescentes em idade escolar poderá não passar de uma “psicose colectiva” com origem na séria televisiva Morangos com açúcar, “cujos últimos episódios têm mostrado um cenário semelhante”.

As alergias que estas xaropadas causam às criancinhas são um mal menor, o pior é o resto.

quarta-feira, maio 17, 2006

Têm muito que roer...

Parabéns também ao Bicho Carpinteiro pelo seu aniversário.

“São petas, Senhor!”

Parabéns ao Almocreve pelos três anos de pregões.

terça-feira, maio 16, 2006

Primeira escolha

Se ainda não lhe puseram um microfone à frente para opinar sobre as escolhas do seleccionador nacional e o “crime” de não se ter deslumbrado com o génio instável de Quaresma, não desespere, que a procissão ainda vai no adro e a sua vez há-de chegar.
Antes de Scolari, os nossos seleccionadores inspiravam-se lendo “A Bola” e aconselhavam-se com os presidentes dos clubes. Pode mesmo dizer-se que as suas escolhas eram sopradas nas entrelinhas, tendo em conta o equilíbrio de forças dos clubes, como convém a um país de brandos costumes onde o "respeitinho" tem valor referencial.
Assim, se tinha de se convocar um “puto maravilha” de Alvalade, logo se descobria uma promessa no Benfica. Lembram-se das estreias de Simão e Hugo Leal?
Como neste caso, por vezes os equilíbrios eram desequilibrados, mas o método tinha a virtude de aplacar a ira dos que falavam grosso, embora não evitasse desonras como a de Saltillo, nem traumas como o da Coreia.
As escolhas do actual seleccionador também são discutíveis, como todas. A diferença é que Scolari não se amedronta com as ferroadas dos mandões da futebolândia, nem embarca nos mexericos da imprensa especializada.
Para mim, já ganhou.

São Paulo

Ao terceiro dia, o “crime organizado” desorganizou a cidade. Não há transportes, as lojas e as escolas fecharam e o recolher obrigatório começa a ser respeitado mesmo sem ser declarado. Apesar dos apelos à calma, as baixas indiciam a guerrilha urbana: 81 mortos, dos quais 22 são polícias.

segunda-feira, maio 15, 2006

A paróquia e os ratos da sacristia

Seria de esperar que as (raras) notícias que assinalam melhorias na evolução económica do país fossem bem acolhidas por todos.

Mas, pelo que se lê na blogosfera, alguns prefeririam que o país continuasse a afundar-se, só para não dar argumentos ao governo.

A mesquinhez é uma doença endémica nesta paróquia.

Começou a época de incêndios...

... nas televisões.

domingo, maio 14, 2006

Independências e interferências

Juntamo-nos aos que pensam que a aceitação das providências cautelares para suspender o encerramento das maternidades, sem haver qualquer violação da lei por parte do Ministério da Saúde, é uma clara e abusiva interferência do poder judicial na esfera do poder executivo.
Para quem se manifestava, acusando o governo de coarctar a independência dos tribunais, os senhores juízes demonstram com estas decisões que não distinguem independência de abuso de poder e provam o ridículo das próprias reivindicações.

sábado, maio 13, 2006

Doença crónica

José Pacheco Pereira acha que o CDS/PP foi atingido por uma doença terminal e augura-lhe um fim próximo. Sobre o PP/PSD, reserva o prudente silêncio, apesar de estar aos olhos de toda a gente que também não vende saúde. Mas eu não diria tanto.

Infelizmente para o povo português, o que afecta a direita portuguesa não é uma doença terminal, é uma doença crónica e já vem de séculos. Ao contrário da direita europeia e do correspondente republicanismo americano, a direita portuguesa não se limita a ser conservadora: mobiliza-se por causas retrógradas e luta activamente contra o progresso social.
O seu apoio à contestação do encerramento das maternidades que não têm condições técnicas para funcionar é um caso exemplar. Os argumentos que a suportam e as reacções trauliteiras a que vimos assistindo só encontram paralelo no levantamento da Maria da Fonte, quando o clero mais reaccionário e o obscurantismo dos miguelistas vencidos se aliaram à ignorância e à superstição populares contra as leis que proibiam o enterramento dos cadáveres nas igrejas.

Também então estava em causa a saúde pública, mas, tal como agora, a direita não hesitou em apadrinhar uma causa retrógrada, empurrando o povo para um beco sem saída. Felizmente os liberais não recuaram, avançando com reformas que se impunham há séculos, arrancando finalmente o país às trevas da Idade Média.
Esperemos que este governo tenha a mesma coragem e não ceda à chantagem do CDS/PP e do PPD/PSD cuja política se identifica cada vez mais com o retrocesso do país. São eles a voz da direita que desde o fim da segunda guerra mundial impede Portugal de acertar o passo com a Europa, não só pelo lado económico.

Algumas pessoas honestas que militaram nesses partidos reconhecem isso mesmo: “Durante anos acreditei que era possível pôr em prática uma política social de combate à pobreza e às desigualdades, a partir de partidos de centro-direita…ao fim de 20 anos, cheguei à conclusão de que não é possível fazer uma política audaciosa a partir de partidos centro-direita” (Freitas do Amaral, entrevista ao suplemento "Unica" do Expresso – via Causa Nossa).
Cavaco Silva também já terá chegado à mesma conclusão, mas...

sexta-feira, maio 12, 2006

Quem falou em fim de carreira?


"Luis Figo alza la coppa al cielo"

«Sob o signo da verdade»

Ou, quando os lobos se vestem de cordeiro, a “matilha" que se cuide.

quinta-feira, maio 11, 2006

"Sá Pinto prolonga carreira por mais uma época"

Merece certamente a confiança da direcção, do treinador e das claques, para continuar marcar penalties, embora, assim de repente, não me lembre quando foi que concretizou o último. Porém, se não provocar nenhum contra o Sporting, e ainda por cima tiver o desplante de nem sequer insultar o árbitro, nem ser expulso, devem livrar-se dele de imediato.

quarta-feira, maio 10, 2006

O selo da Dona Branca

Enquanto o Ministério Público (português) garante que «até ao momento, não existem elementos nos dois inquéritos que permitam relacionar a factualidade em investigação com as ocorrências que tiveram lugar em Espanha e que originaram as intervenções das autoridades espanholas recentemente noticiadas”, aparentemente, pelos mesmos factos, a justiça espanhola prendeu 8 pessoas, duas das quais portuguesas.

Segundo “El Pais”, a presumível fraude filatélica afectará 350.000 pessoas que terão investido um montante da ordem do 3.500 milhões de euros, uma verba que daria para construir uma refinaria em Sines.

Por vezes, a ganância do dinheiro fácil é o caminho mais curto para a ruína.

terça-feira, maio 09, 2006

Precariedade e incompetência

Nos últimos anos tem sido irresponsavelmente defendida a ideia de que a melhoria da economia e o crescimento das empresas são incompatíveis com a estabilidade do emprego e os contratos de trabalho de prazo indefinido.

Em Espanha, cuja economia cresce o dobro da média europeia, acaba de ser anunciada uma reforma laboral cuja consequência imediata é a passagem de mais de um milhão de trabalhadores com contratos a prazo para contratos a termo indefinido.
A matriz essencial desta reforma vai contra a precariedade dos contratos de trabalho e foi obtida por consenso.
Em Espanha, os empresários vão mudando pouco a pouco a sua cultura, e são cada vez mais os que pensam que “a precariedade é negativa, tem custos importantes e não convém às empresas”.

Enquanto o nosso meio empresarial, incluindo as grandes empresas estatais e os bancos, continua a apostar nos contratos a prazo e em liberalizar os despedimentos, não deixa de ser sintomático que aqui mesmo ao lado se caminhe em sentido contrário. Talvez por isso as perspectivas de crescimento são incomparavelmente superiores às nossas.
Porém, em Portugal, a incompetência dos gestores sempre foi um ónus dos trabalhadores.

Polémico mas não indiferente

“A Forma e o Conteúdo” assinala positivamente o terceiro aniversário do Abrupto.
Parabéns!

segunda-feira, maio 08, 2006

É apenas futebol

Os futebolistas e equipa técnica do Vitória Guimarães "fintaram" ontem os adeptos que os esperavam à saída do Estádio D. Afonso Henriques, deixando as instalações nas carrinhas do Corpo de Intervenção da PSP.”
Para muita gente, os clubes de futebol são a sua família. Domingo a domingo, sublimam as suas frustrações com os feitos dos craques, mas não lhes perdoam a derrota inesperada ou o penalty falhado que garantiria os três pontos.
Os maus resultados das suas cores são invariavelmente atribuídos à influência de forças obscuras que manobram na sombra com objectivos inconfessáveis. Nem vale a pena chamá-los à razão porque a racionalidade não se enquadra no perfil dos prosélitos.
Nas derrotas, a sua frustração encontra sempre um culpado: O árbitro, o treinador, o presidente da Liga, ou mesmo o presidente do clube.
Mas quando não podem descarregar a ira sobre mais ninguém, num abrir e fechar de olhos, os jogadores que idolatravam transformam-se em criaturas execráveis que não merecem vestir a camisola do clube.
Esta irracionalidade é responsável por desmandos que acontecem com regularidade indesejável, como os que se verificaram recentemente na partida entre o River Plate e o Corinthians.
Como se a derrota não fosse um desfecho natural dum jogo de futebol…

domingo, maio 07, 2006

Campeão

("O miúdo que lê, enquanto os outros se distraem...")

Como aqui demos nota, realizou-se ontem na aula-magna da Reitoria da Universidade de Lisboa a “Grande Final do Campeonato Nacional da Língua Portuguesa”, uma iniciativa da SIC e do Jornal de letras em que participaram mais de 12000 concorrentes de diferentes escalões etários.
“A Forma e o Conteúdo” tem a honra de anunciar que o vencedor do grupo etário “maiores de 18 anos” foi um leitor ("J") que desde a primeira hora tem enriquecido este blogue com os seus doutos comentários.
As centenas de pessoas – entre elas a ministra da educação – que enchiam a aula-magna, bem como as que acompanharam a transmissão da SIC, renderam-se perante a certeza e a segurança das respostas de José Cosme Marques, que deu provas de profundos conhecimentos da nossa língua, ainda que não “devore enciclopédias ao pequeno-almoço”, como insinuou Rita Ferro Rodrigues. E mais daria se quisessem saber de latim, grego, árabe, russo ou turco, para não referir os triviais inglês, francês e alemão.
É um enorme prazer dar os parabéns a este meu amigo que o destino pôs a meu lado desde tenra idade, fazendo nascer uma amizade que perdura.

sábado, maio 06, 2006

Grande Final

É hoje!

sexta-feira, maio 05, 2006

O mal do país

“Isto vai de mal a pior”, ouve-se a cada passo, como uma lamúria nacional.
Porém, quando se tenta endireitar alguma coisa, surgem por todo as reacções dos que se habituaram a viver sem prestar contas.

quinta-feira, maio 04, 2006

Os Índios de Vila de Rei

Para combater a desertificação, a presidente da Câmara de Vila de Rei foi até à cidade brasileira de Maringá prometer um salário de 400 euros, escola para as crianças e alojamento gratuito às famílias brasileiras que quisessem fixar-se no concelho. Irene Barata quer que até 2008 vivam no concelho cerca de 250 brasileiros.”
Presume-se que o município suporte as despesas de viagem dos imigrantes.

É estranho que se tente repovoar áreas que foram abandonadas pelos autóctones precisamente porque não encontravam nelas meios de subsistência.
Se lhes oferecessem alojamento gratuito e um ordenado (400 euros) superior ao salário mínimo nacional, e a tantos salários ainda mais baixos que se praticam por esse país fora, talvez eles não as tivessem abandonado.
A não ser que o erário público suporte o seu repovoamento, como parece ser o caso, as tentativas de fixar populações em regiões sem desenvolvimento sustentado estão condenadas ao fracasso.
A prazo, os 250 brasileiros que apanharem o autocarro para Vila de Rei, virão a engrossar a colónia brasileira da capital.

quarta-feira, maio 03, 2006

Um jornal português (!)

O jornal que escreve isto pode intitular-se “Portuguese Daily Newspaper”, mas ninguém diria.
Sem falar no online e no login, ainda restam três erros. É muito erro para uma frase tão pequena escrita em mau brasileiro.

O trauma do Campeonato do Mundo

Um cidadão britânico fez um seguro de um milhão de libras para acautelar o trauma que o afectará se a Inglaterra não passar da primeira ronda no Campeonato do Mundo.
Paul Hucker, um homem de 34 anos natural de Ipswich, tomou esta decisão na sequência dos diversos desaires da equipa inglesa ao longo dos anos e da agonia que lhe causa ver a sua selecção perder nos penalties. Se tal voltar a acontecer no próximo campeonato do mundo, o seguro pagará o tratamento médico para recuperar do trauma.
Os ingleses ainda não esqueceram o penalty do Ricardo. Porém, depois do frango de Vila do Conde, duvido que a companhia de seguros (http://www.britishinsurance.com/) aceite o risco sobre a selecção portuguesa.

terça-feira, maio 02, 2006

Samora Correia no Guiness

Da festa brava aprecio a arte e a coragem dos profissionais, mas não dou valor a espontâneos que contam com a sorte para compensar a falta de preparação.
As largadas que agora se fazem afastaram-se da tradição que lhes deu origem. Antes de haver camiões, os touros vinham para as corridas pelo próprio pé, enquadrados por cavaleiros que os traziam dos campos. Os peões ficavam de longe a observar, mas quando o primeiro peão escorregou da paliçada e fugiu à frente dos touros a populaça delirou.
Ao contrário da forca e dos autos de fé, nestes espectáculos nem sempre a vítima tem a morte por garantia, mas a agonia que a perseguição do touro proporciona leva ao êxtase a multidão.
Ontem, em Samora Correia, o espectáculo foi completo: aos feridos perdeu-se a conta e até houve um morto.

segunda-feira, maio 01, 2006

Tenham maneiras!

A sentença que condenou Rui Rio e Nuno Cardoso a pagarem 15.000 euros um ao outro é um acto inútil.
A luta entre Rui Rio e Nuno Cardoso é uma luta política em que os tribunais não devem interferir.
Como não rejeitou liminarmente o requerimento de Nuno Cardoso, o juiz acabou por “condenar” os dois, mas os efeitos das duas decisões condenatórias anulam-se entre si. Uma inutilidade!
Como se os tribunais não tivessem mais que fazer…