quinta-feira, março 30, 2006

A hora do monstro

Desde há muitos anos que a Reforma Administrativa era apregoada como uma prioridade por todos os governos. Nomeavam-se comissões, faziam-se estudos, mas não resultava nada. A Reforma Administrativa era apenas o chavão para arranjar espaço para as clientelas se chegarem à mesa do orçamento. Os governos sucediam-se, e era um alarido porque ninguém parava o crescimento do “monstro”.

Dos partidos da oposição aos jornais, dos empresários aos fazedores de opinião, toda a gente apontava a necessidade de diminuir o peso da Administração Pública e agilizar o seu funcionamento.

Porém, bastou o governo avançar com medidas concretas para se ver a hipocrisia dos que nunca acreditaram que José Sócrates tivesse a coragem de enfrentar os interesses instalados em cada coito da Administração.

Estejamos atentos, pois chegou a hora de ver quem se esconde por trás do “monstro”.

quarta-feira, março 29, 2006

"Tragam as espanholas!"

Sugeriu o deputado Pires de Lima (CDS/PP) no debate com o Primeiro-Ministro, para evitar o encerramento da maternidade de Elvas por carência de parturientes.
De um partido sexy não era de esperar outra coisa…

A alforreca e a lagarta das couves

Um escritor (e a respectiva editora) que tenta impedir a publicação de um livro que crítica a sua obra, comete um crime contra natura e é um falso escritor.

terça-feira, março 28, 2006

A graçola

«Parece-me um bocado propagandex, à Socratex, mas se for verdadex, é bonzex».

Será hipocrisex, ou dor de cotovelex?

segunda-feira, março 27, 2006

A idade das trevas

O caso do cidadão afegão que corre o risco de ser condenado à morte porque abandonou o Islão, convertendo-se ao cristianismo, demonstra como em pleno século XXI há povos que ainda vivem na Idade Média.
As elites do terceiro mundo falam inglês e frequentam as melhores universidades do ocidente. Se, quando regressam aos seus países, levassem na bagagem um cheirinho dos ideais da revolução francesa – e não apenas os Mercedes e perfumes de Paris – os seus povos já não viviam na idade das trevas.

domingo, março 26, 2006

Ciúme sem amor

Contrariando a inércia com que os sucessivos governos adormeceram a nação, o executivo de José Sócrates tem surpreendido muita gente, resolvendo problemas que se arrastavam há décadas. Só a cedência aos interesses das diferentes corporações, a quem os políticos cederam uma fatia importante do governo do país, explica as situações caricatas com que o cidadão se depara a cada passo.

As medidas implementadas pelo governo são na sua generalidade tão simples e óbvias que os seus detractores já desistiram de as contrariar, para não serem apanhados na contradição de terem passado décadas no governo sem terem feito qualquer reforma relevante para a melhoria do país e do funcionamento da administração.
Neste sentido, nada melhor do que dar a palavra à insuspeita Maria José Nogueira Pinto:
“… Os partidos à direita do PS têm neste momento de fazer as contas sobre como fazer oposição; Não a podem fazer dizendo que as medidas são más, porque muitas delas eram as medidas que deviam ter tomado quando lá estavam. A começar por Cavaco Silva, que é agora Presidente da República” (Expresso, revista Única, 25/03/2006).

Como não o podem vencer, destacados políticos e jornalistas fingem juntar-se a ele, dizendo que José Sócrates está a governar à direita, tentando atribuir um acento direitista às reformas que estão em curso.

Nada mais falso. A história dos últimos dois séculos – os únicos em que faz sentido falar de esquerda e direita – demonstra que a direita portuguesa nunca foi reformista e desde Mouzinho da Silveira que as reformas que fazem andar o país se devem à esquerda.

sábado, março 25, 2006

Insólito (II)

Há um ano, achámos insólito que um homem, suspeito da morte de dois polícias na Amadora, tivesse sido preso poucas horas depois sem oferecer qualquer resistência, apesar de estar rodeado de um sofisticado arsenal.
O julgamento deste homem está em curso, mas até agora não foi esclarecida a proveniência do referido arsenal.

Vem isto a propósito da rede de tráfico de armas que a PSP terá desmantelado recentemente. Ainda não se sabe ao certo a quantidade de armas apreendidas – muitas centenas seguramente – mas dá para fazer uma ideia do arsenal que ao longo de vinte anos entrou ilegalmente em Portugal.

A maioria dessas armas foi com certeza encaminhada para os circuitos da criminalidade violenta, de que as próprias forças de segurança têm sido vítimas e contra a qual várias vezes se têm manifestado.

Ironicamente sabe-se agora que por detrás desse tráfico havia gente da PSP, mas as ramificações estão ainda por desvendar, embora se suspeite da conivência de armeiros e do envolvimento de « patrões da noite ».

Se as investigações avançarem, não me surpreenderá que se descubram ligações ao tráfico de droga, imigração ilegal, prostituição e outras formas de delinquência.
O polvo tem muitos braços…

sexta-feira, março 24, 2006

Causas justas

O CPE (contrat première embauche), lei do governo francês que prevê o despedimento sem justa causa nos primeiros dois anos para os jovens em primeiro emprego, é o reconhecimento da desconfiança que minou as relações de trabalho no último quarto de século.

As reacções que se seguiram demonstram porém que um despedimento sem justa causa nunca pode ser considerado um acto gratuito.

quinta-feira, março 23, 2006

A paz começa amanhã



Há mais de 40 anos que a ETA impõe aos espanhóis o pesadelo do terrorismo. Se, durante o franquismo, os resquícios ideológicos em que se apoiava mascaravam a ilegitimidade da sua luta, desde que a Espanha é uma democracia, nada desculpava os seus atentados.

O “cessar-fogo permanente”, além de ser uma boa notícia, foi um suspiro de alívio ouvido em toda a Espanha.

quarta-feira, março 22, 2006

Incêndios, subsídios e gasóleo verde

Nos últimos dias, os telejornais têm dado cobertura às reclamações das corporações de bombeiros e agricultores. De facto limitam-se a transmitir imagens e emprestar os microfones, porque as notícias não esclarecem o que está em causa, como competia.

Quanto aos bombeiros, não há dia sem uma história nos telejornais. Seja porque o INEM ameaça reduzir a sua intervenção no socorro pré hospitalar, seja porque o governo decide criar um corpo especial na GNR ou, simplesmente, porque o responsável da protecção civil de uma qualquer freguesia não é bombeiro.
Em tudo as corporações de bombeiros vêem uma ameaça ao seu monopólio de apagadores de fogos, mas o que verdadeiramente temem é a diminuição das verbas com que o orçamento as contempla.
Porém, se ninguém ousa afirmar que quanto mais a verba aumenta, maiores são as áreas ardidas, a verdade é que as estatísticas são como o algodão: não enganam.

Contrariamente às dos bombeiros, as reclamações da CAP – se dissesse agricultores, traía a memória de meu pai – têm a vantagem de assumir publicamente o objectivo da sua luta: O SUBSÍDIO.

A CAP sempre se identificou com a agricultura fidalga das grandes propriedades e da baixa produtividade. Nunca se distinguiu pela defesa do desenvolvimento do meio rural, nem pela melhoria da produtividade da nossa agricultura, e não deve ser por acaso que a grande fatia dos subsídios é açambarcada pelos distritos onde a estrutura fundiária é a da grande propriedade.
Distritos como o da Guarda ou de Viana do Castelo, onde a área média da propriedade rondará o hectare, recebem quantias irrisórias.

Mas se é certo que os agricultores desses distritos não se podem dar ao luxo de desfilar em grandes tractores subsidiados, não é menos verdade que a probabilidade de serem apanhados em jipes movidos a gasóleo verde também é menor...

terça-feira, março 21, 2006

Dia da poesia

À guerra não ligues meia,
porque alguns grandes da terra,
vendo a guerra em terra alheia,
não querem que acabe a guerra.

Que importa perder a vida
em luta contra a traição,
se a Razão mesmo vencida,
não deixa de ser Razão?

Gosto do preto no branco,
como costumam dizer:
antes perder por ser franco
Do que ganhar por não ser.

Julgando um dever cumprir,
Sem descer no meu critério,
- Digo verdades a rir
Aos que me mentem a sério!

Nos versos que se improvisem,
Os poetas sabem ler,
Para além do que eles dizem,
Tudo o que querem dizer.

António Aleixo

domingo, março 19, 2006

Dia do pai

Primeiro acontecem-nos os filhos.
Seguem-se as noites mal dormidas, o halibut, as gotas da digestão, as vacinas, as corridas para as urgências, o colégio e o difícil acordar de todos os dias.
O nosso amor ajuda-os a crescer e depressa chegam à faculdade.
Mas também é preciso alguma sorte, porque a ida às docas é cada vez mais cedo e ninguém se livra dos sobressaltos da madrugada.

sábado, março 18, 2006

As dúvidas dos outros

“ …O assessor para Assuntos Políticos e grande nome da revista Atlântica, António Araújo, o consultor para Assuntos Políticos, o notório dr. Espada, e a consultora para a Ética e Ciências da Vida, uma açoriana, podiam perfeitamente ter saído ontem de uma caverna qualquer do Bible Belt, a berrar por Bush. Será que o dr. Cavaco, que sempre julgámos relativamente equilibrado, quer de facto embarcar numa cruzada moral contra o aborto, a pílula, o divórcio, a homossexualidade, a pornografia e o resto dos crimes sem perdão em que o "niilismo" moderno nos "poluiu"?
Se quer, precisa de músculo: e tem muito músculo no dr. Carlos Blanco de Morais, da "nova direita" e da revista Futuro Presente, conhecido apologista da "maneira forte", que da imigração à nacionalidade já mostrou o seu apego à "ordem". Para acabar o quadro, há ainda o contingente "liberal". O inevitável dr. Espada, claro, papagaio por excelência do ultraconservadorismo americano; o prof. Justino, que acha o levantamento do sigilo bancário um acto de "fascismo fiscal" (fascismo? a sério?); e o dr. Borges de Assunção, consultor económico e organizador do Compromisso Portugal (esse benemérito grupo), que vem com a velha receita de "emagrecer" o Estado e reduzir impostos.
Se o dr. Cavaco resolver um dia ouvir este raminho de cabeças pensantes, põe em pé de guerra ou simplesmente em guerra a esquerda e a república. E, se puser, não se deve iludir, com certeza que perde. Isto começa mal."
Vasco Pulido Valente (via Bem Haja)

sexta-feira, março 17, 2006

El Botellón

Depois das “movidas” que animaram as noites espanholas, um fenómeno bem menos sofisticado alvoroça agora as ruas e praças de Espanha: El Botellón.

Os macrobotellones, que juntam milhares de jovens convocados pela Internet e por SMS, estão hoje marcados para mais de 20 cidades espanholas e, a esta hora, já começaram em Sevilha, Granada, Valladolid e Saragoça. Eventos semelhantes tiveram lugar Vigo e Santiago de Compostela, e anunciam-se para a Corunha, Pontevedra e Cáceres.

O Ministro do Interior já veio alertar para o alto risco que acarreta para os jovens o consumo desenfreado de álcool, que caracteriza estas concentrações, e as forças de segurança tomaram medidas especiais de ordem pública.
Porém os próprios consideram o alarme excessivo. Segundo eles, trata-se apenas de “una forma de tomar unas copas en un lugar "sin el ruido de un bar", de forma barata”.

quinta-feira, março 16, 2006

As palavras e os actos

quarta-feira, março 15, 2006

A rotina dos dias

Notícias sobre cadáveres no Iraque e de crianças maltratadas em Portugal fazem das mortes por acidente rodoviário acontecimentos menores.

Porém, são sintomas do desleixo indesculpável que nos caracteriza.

terça-feira, março 14, 2006

Paridades


As melhores selecções de futebol feminino estão no Algarve ( Algarve Women’s Football Cup 2006).

Isto não passa despercebido ao New York Times, mas por cá o assunto não interessa aos noticiários.

segunda-feira, março 13, 2006

Slobodan Milosevic

Na morte dos tiranos, há sempre quem se esqueça das vítimas, como documenta exemplarmente o "Comentário do PCP à notícia da morte de Slobodan Milosevic", que nem uma linha lhe dedica.

sábado, março 11, 2006

Ressaibos

Enquanto a contestação às caricaturas de Maomé vai perdendo gás na generalidade dos países islâmicos, por cá, os complexos edipianos de alguma direita não dão descanso a Freitas do Amaral.

Depois do duelo entre a bancada do PP e o fundador do partido (“É preciso topete!”), exige-se agora a demissão de Freitas do Amaral , porque, em resposta a um jornalista que o apanhou numa escala de aeroporto, terá dito que não reformulava a frase onde reconheceu as ofensas cometidas contra a comunidade islâmica. "Apenas talvez a explicasse a quem não sabe aquilo que só os ignorantes podem ignorar”, justificou.
Os ressabiados que o têm agredido de forma execrável e sem paralelo no Portugal democrático, além de confundirem política externa com o próprio umbigo, não reconhecem quando uma carapuça lhes assenta bem.

Entradas e Saídas

“Parece que à medida que o regime se degrada, precisa crescentemente de esconder a sua fraqueza com pompa e circunstância. Mas neste caso também a pompa e circunstância serviram para anunciar outra coisa: a ideia de Cavaco sobre o que deve ser a Presidência. E, pelos vistos, deve ser um Presidência majestática. Nem Eanes, nem Soares, nem Sampaio entraram com um estrondo comparável. Se houve um "período de transição", e se calhar houve, ninguém deu por isso. Não veio de fora um cortejo de notabilidades com incenso e mirra. E a cerimónia, ela própria, teve uma certa e democrática pobreza. É a diferença entre quem se considerava um funcionário da República e quem, no fundo, se considera um soberano.
O discurso inaugural do Presidente não se distinguiu pela originalidade. Os "cinco desafios" (detestável calão), que apresentou ao parlamento, não passam de lugares-comuns, que por toda a parte toda a gente papagueia. Portugal precisa de um "crescimento mais forte"; o futuro depende da educação e da formação; a justiça está a pedir uma reforma drástica; é urgente tratar da segurança social; e não seria mau que os políticos se tornassem (por milagre?) muito virtuosos. Fora esta lista seca e peca, nem uma palavra em que o país sentisse o sopro de um novo espírito. Verdade que o dr. Cavaco exigiu "acção", mas que espécie de acção para que espécie de Portugal? Se ele sabe, não disse.
Infelizmente, não disse, porque não sabe.
O dr. Cavaco não desembarcou ontem de Boliqueime e a cabeça dele não é um mistério. Nunca percebeu o país que governava e, hoje como ontem, sempre o quis transformar num "bom aluno" da Europa: sério, cumpridor e "moderno". Como? Aplicando, "com rigor", o "modelo" de Bruxelas: no fundo, o modelo clássico da "social-democracia", corrigido por algum "liberalismo" relutante e forçado. Não lhe ocorreu que esse "modelo" pudesse não servir à nossa velha cultura de isolamento e miséria, e à nossa classe "dirigente" irresponsável, oportunista e crassa. O resultado não se recomenda.
Mas Cavaco não aprendeu nada no exílio. Volta disposto a repetir a dose, "em comum" com o governo, se o governo deixar. Ou seja, ponto a ponto, "medida" a "medida" vai tentar refazer o Portugal imaginário do seu tempo de glória. Um exercício inútil, como já se provou.” (VPV)


A publicação deste texto de Vasco Pulido Valente (“UM EXERCÍCIO INÚTIL”) , com o qual concordo no essencial, é sobretudo uma homenagem a “O Espectro” que, lamentavelmente, nos vai deixar.

sexta-feira, março 10, 2006

O gesto



Já foi criticado na televisão, na rádio, nos jornais e em muitos sítios da blogosfera. Segundo os críticos, Mário Soares deveria ter ido cumprimentar o novo presidente antes de sair do parlamento.

Terá sido politicamente incorrecto, mas conhecendo as suas profundas divergências com o novo presidente, se o fizesse pôr-se-ia ao nível de alguns dos inimigos de estimação de Cavaco Silva, que se assumem contra o “politicamente correcto”, mas enfiaram a máscara e foram cumprimentá-lo (Paulo Portas e Santana Lopes).

Por outro lado, os que agora condenam Mário Soares esquecem-se de que há dez anos Cavaco nem sequer apareceu no Parlamento para assistir à posse do Presidente Sampaio, seu adversário na campanha presidencial...

Relativamente à unanimidade do discurso, “it’s only words” e melhor pregava Frei Tomás, porque, quanto a actos, ainda há quem se lembre do cavaquismo e para os mais esquecidos aí está o bando de abantesmas que migrou para Belém a recordá-lo.


O dia em que as caravelas partiram

Podia ser do nevoeiro que cobria os morros da outra banda, mas o sol ainda não batia na Calçada da Ajuda, quando o primeiro soldado da GNR entrou na cavalariça. O esquadrão, que os cortes do orçamento tornavam invisível, não podia fazer má figura quando escoltasse o novo senhor, na cavalgada entre os Jerónimos e o Palácio. Havia que limpar os cavalos, ver se faltavam cravos nas ferraduras, inspeccionar os arreios e puxar o lustro aos cabedais.

À mesma hora, do outro lado do Tejo, zarpava do Alfeite uma fragata municiada com granadas de pólvora seca para a salva da praxe.

Em terra, enquanto a guarda de honra, com tropas de terra, mar e ar, ocupava a escadaria do Palácio de S. Bento, lá dentro a banda da GNR afinava o hino Nacional.
Estava tudo a postos e por toda a cidade a polícia desmembrava-se em correrias, transportando os convidados para as cortes.

Ia a meio a manhã, quando Maria Cavaco Silva saiu do automóvel e viu caravelas no Tejo. Se não era o Gama, nem o desnorteado do Cabral, quem mais poderia ser senão os velhos do Restelo que nunca se afastavam de Belém?

quinta-feira, março 09, 2006

Adeus Presidente!


Os dois mandatos de Jorge Sampaio não estão certamente isentos de erros e aqui até apontámos alguns. O maior terá sido a passividade com que exerceu o cargo que, segundo alguns, abriu caminho à regressão institucional que assolou o país nos últimos dez anos.
Porém, se é verdade que há por aí muita gente que não merece tanta bondade e complacência, não se podem assacar ao Presidente da República responsabilidades pelos actos ou omissões dos partidos, dos governos, do parlamento, dos tribunais ou das autarquias, instituições que se deixaram inquinar de oportunistas cuja fortuna aumenta na razão inversa da instabilidade e da miséria do país.

Admiro Jorge Sampaio desde a juventude e recordo-o sobretudo da primavera marcelista, que sintomaticamente acabou no Outono de 1969.
Num tempo em que a política era assunto reservado, ele e outros vultos como Lindley Cintra, Salgado Zenha ou Francisco Pereira de Moura, para só citar alguns dos que já nos deixaram, despertaram a geração que havia de fazer o 25 de Abril.
Adeus Presidente!

quarta-feira, março 08, 2006

O Estado e a Arte

O programa de Paulo Porta, “O Estado da Arte”, insere-se na linha dos programas de Marcelo Rebelo de Sousa e de António Vitorino na RTP. Dos três, apenas MRS justifica pelo seu passado o rótulo de comentador.

Os outros dois são aproveitamentos televisivos de proeminentes figuras partidárias, o que não deixa de ser paradoxal quando o povo acaba de premiar nas presidenciais os candidatos que se afirmaram pelo distanciamento dos partidos.

Na prática são vozes partidárias que aproveitam o tempo de antena para abordar o que lhes convém, sem risco de contradição. A presença dos jornalistas é decorativa e, por acaso, são mulheres.

Ontem Paulo Portas disse o que sabíamos: Confirmou que já não é a criança que era no 25 de Abril, nem o rapaz que disparatava no “O Independente”. Para o provar disse que votou em Cavaco por duas vezes.
Mas demarca-se do Presidente da República a empossar amanhã: Ao contrário de Cavaco Silva que vai jurar defender a Constituição, Paulo Portas responsabiliza o texto constitucional pelo atraso do país, embora não se tenha dado à maçada de explicar porquê.

Já sabíamos que o ilusionismo é a especialidade de Paulo Portas, mas, como se viu há um ano, essa Arte não faz bem ao Estado.

terça-feira, março 07, 2006

"A Pulga"


A alcunha não podia ser mais apropriada. A forma como se escapa aos adversários leva-os a perder a cabeça, como aconteceu a Asier Del Horno, o defesa do Chelsea que teve o azar de o apanhar pela frente.

Com dezoito anos e 1,69m de altura, Lionel Messi, um miúdo argentino com deficiências hormonais que lhe atrasaram o crescimento, é a nova coqueluche do Barcelona, uma equipa que conta somente com Ronaldinho Gaúcho, Samuel Eto'o, Deco, etc..

“É pena que não seja brasileiro” terá dito Ronaldinho, vendo o seu reinado ameaçado pelo sucessor de Maradona.
Vamos ver como Mourinho o trava mais logo.

segunda-feira, março 06, 2006

Óscares


Crash (filme) , Philip Seymour Hoffman (actor), Ang Lee (realizador) e Reese Witherspoon (a actriz da fotografia ) ficaram com os bonecos mais apetecidos.

Lista completa de vencedores e nomeados.

domingo, março 05, 2006

Envelhecer

Num texto carregado de melancolia, Vasco Pulido Valente dá-nos conta da amargura de viver num mundo que “mudou para lá de qualquer possibilidade de reconhecimento”. “Não fui feito para isto”, desabafa, recusando um mundo em que não se revê.·
Talvez não devesse lamentar-se, pois o contributo da sua geração, para a vertigem social que mudou o mundo na segunda metade do século XX, não foi despiciendo.
Porém, como aconteceu às que a precederam, a sua geração não é imune à obsolescência. Mesmo que algumas sejam mais rascas do que outras, chega uma altura em que todas perdem a pedalada e deixam de acompanhar o mundo que ajudaram a mudar.
Ainda bem que é assim, porque "sem morte não há ressurreição, e sem ressurreição não há igreja", como diria o cardeal de "As Intermitências da Morte".

sábado, março 04, 2006

Maiúsculas


By Patrícia

sexta-feira, março 03, 2006

Uma doença incurável

Passados 572 anos sobre a aventura de Gil Eanes além do Bojador (1434), chegou a vez do meu amigo Patrick Blese, vizinho dos Anjos e Demónios, partir à descoberta de África.

Não sei se vai encontrar “a velha África, com seus usos e costumes em estado natural”, mas é possível que o safari atravesse uma “chana húmida polvilhada de moxitos, onde os veados e as cabras de leque se escondem dos mabecos”.
Aí sentirá “ as fragrâncias bravias libertadas pelas brumas das manhãs africanas” e à tarde poderá admirar “o sempre presente sol africano, avermelhando-se a poente”.

Talvez ouça até a “toada morna de um merengue trazida na brisa da tarde”, no andar das raparigas Masai, mas é menos provável que encontre “a alegria contida dos olhos negros das mulheres luenas”.

Mesmo que fuja das formigas quissonde e se livre de apanhar matacanhas, quando regressar virá afectado pela doença de muitos portugueses: África é uma doença incurável.

(Citações extraídas de “Bichos do Mato”)

quinta-feira, março 02, 2006

"A Oeste nada de novo"

Dizem-me que anda por aí um filme de cowboys (Brokeback Mountain) onde a paisagem do Wyoming é uma das vedetas.

Nada de surpreendente se nos lembrarmos que em 1953 um western com várias nomeações e um Óscar também foi filmado no Wyoming: Shane.

Caricaturas

Algumas declarações são infelizes, mas há outras de que discordamos em absoluto.

Umas esquecem-se, outras rejeitam-se.

quarta-feira, março 01, 2006

'Where Is the Crime?

Aniversários

Pelo incentivo que representa para os seus autores e pela cordialidade que gera entre eles, é salutar assinalar os aniversários dos blogues.
Hoje faz 2 anos o Blasfémias.
Parabéns e que continue a blasfemar por muito tempo.